O comentador Pedro Guerra recebeu durante vários meses documentos internos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) relacionados com auditorias trimestrais, os quais não eram de divulgação pública. O acesso de Guerra a tais documentos apenas foi possível com a colaboração de Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da FPF, que lhe foi passando várias dessas auditorias. Face à notícia da SÁBADO, a FPF vai fazer queixa-crimecontra Horácio Piriquito, e pedir a destituição

Confrontada com os documentos em si, a Federação Portuguesa de Futebol garantiu à SÁBADO que os mesmos “são internos, sem acesso público”. Questionada ainda se algum membro dos órgãos sociais poderia fazer a sua divulgação, a Federação insistiu: “São documentos internos da FPF”.

Num dos emails trocados, em Setembro de 2015, depois de ter recebido mais um relatório da auditoria interna, Pedro Guerra, começando por agradecer o envio do documento – “que guardarei religiosamente e de forma confidencial, claro!”, escreveu – quis saber a opinião do membro do Conselho Fiscal quanto a “uns devedores manhosos” os quais iriam deixar a Federação Portuguesa de Futebol “pendurada”. “Não achas”, questionou Guerra.

Na resposta, Horário Piriquito, explicou que “muitas vezes são as associações que estrangulam ou beneficiam os clubes, conforme os alinhamentos ‘clubísticos’”. Daí, continuou Horácio Piriquito, “as corridas do SLB e do FCP ao domínio das associações”. “Se uma associação é portista pode atrasar os pagamentos a um clube alinhado com o Benfica, e vice-versa”, acrescentou. É claro, disse ainda Horácio Piriquito, que “estas coisas nunca se podem escrever, só dizer e com pouca gente a ouvir”.

O caso dos emails tem sido investigado pela revista SÁBADO, dando conta de algumas suspeitas que constam das comunicações e que levou uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa a ordenar buscas ao Benfica e a alguns suspeitos a 19 de Outubro.

Posteriormente, a SÁBADO revelou um pedido de bilhetes que chegou à SAD do Benfica feito, aparentemente, por Miguel Lucas Pires, então árbitro no Tribunal Arbitral do Desporto, que acabou por pedir a demissão do cargo.

 

ACTUALIZAÇÃO

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vai apresentar queixa à Procuradoria-Geral da República contra Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal do organismo. Em causa está a divulgação de documentos internos a Pedro Guerra, tal como a SÁBADO avançou esta quarta-feira.

“O conteúdo da revista «Sábado», publicado esta quarta-feira online, aponta no sentido de os documentos internos da FPF terem sido partilhados por um elemento eleito para o Conselho Fiscal, pelo que a Direcção da FPF decidiu remeter nesta data, o conteúdo do artigo publicado para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, apresentar queixa à Procuradoria Geral da República, por se tratar de eventual crime desta dependente”, escreveu a FPF, em comunicado. 

Na mesma nota, a FPF disse irá levar à Assembleia Geral Extraordinária a eventual destituição de Horácio Piriquito. “A realização de uma Assembleia Geral Extraordinária para discussão e votação da proposta de destituição de titular de órgão social da FPF, por violação grave de deveres estatutár”, lê-se.

Tal como a SÁBADO avançou, o comentador Pedro Guerra recebeu durante vários meses documentos internos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) relacionados com auditorias trimestrais, os quais não eram de divulgação pública. O acesso de Guerra a tais documentos apenas foi possível com a colaboração de Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da FPF, que lhe foi passando várias dessas auditorias.

Leia o comunicado na integra:

“Comunicado da Federação Portuguesa de Futebol

1. A FPF tomou conhecimento no início da semana da possibilidade de documentos internos de controlo de gestão da Federação Portuguesa de Futebol terem sido partilhados com pessoas exteriores à FPF;

2. Por em causa poder estar a violação de segredo, a FPF denunciou o referido facto à Polícia Judiciária, disponibilizando-se para os procedimentos entendidos por convenientes;

3. O conteúdo da revista «Sábado», publicado esta quarta-feira online, aponta no sentido de os documentos internos da FPF terem sido partilhados por um elemento eleito para o Conselho Fiscal, pelo que a Direcção da FPF decidiu remeter nesta data, o conteúdo do artigo publicado para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, apresentar queixa à Procuradoria Geral da República, por se tratar de eventual crime desta dependente, e requerer a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária para discussão e votação da proposta de destituição de titular de órgão social da FPF, por violação grave de deveres estatutários.”