Falava-se em milagre, Jesus brincou com o seu nome e o Sporting surgiu transfigurado em Camp Nou. Não resultou e quando tinha o jogo equilibrado, a turma de Alvalade voltou a perder com o Barcelona através de golos esquisitos. Patrício, Coates e Piccini foram os destaques, numa noite que confirmou o Sporting na Liga Europa e deixou os adeptos a desejar que as boas exibições da Champions sejam repetidas internamente

patriciobarça

O “baixinho” estava no banco, mas as objectivas apontavam quase todas para o banco do Sporting. Dost, Gelson, Coentrão, habituais titulares, davam o seu lugar a Alan Ruiz, Ristovsky e Bruno César. Mas as novidades não se ficavam por aqui: Acuña era o defesa esquerdo e Piccini seria, inúmeras vezes, o terceiro central, com Ristovsky a ter que baixar para a ala direita da defesa. No fundo, Jorge Jesus voltava a aproveitar um grande palco para inventar e tentar uma daquelas cartadas que, a resultar, o sublinhariam como mestre da táctica, mas…

Obviamente que isto não resultou, ou, se preferirmos, obviamente que isto não resultou em termos ofensivos e o Sporting foi uma equipa que troca bem a bola, mas que acaba por não saber o que fazer com ela no último terço ou quando tem que sair em transições. Alan Ruiz, uma completa nulidade com laivos de reguila ranhoso, pouco ou nada oferecia lá na frente, obrigando, inclusivamente, Bruno Fernandes a correr por dois na pressão à saída de bola adversária. E quando Bruno Fernandes, o melhor do meio campo numa noite desinspirada de William e de Battaglia, conseguia inventar espaços, não havia quem o acompanhasse nas transições, ou porque Ristovsky tinha que fazer cavalgadas de meio-campo, ou porque Bruno César não é propriamente rápido, ou porque…

E pronto, foi isto a primeira parte, com o momento alto dos 45 minutos a ser aquele em que Suarez, homem mais dos catalães na ausência de Messi, conseguiu escapar a Coates (única vez em que o uruguaio foi batido em todo o encontro, fosse porque adversário fosse) e na cara de Patrício ficou com um “Ruuuuuuuuuuuuuuuuuuui!” a ecoar-lhe nos ouvidos.

Ao intervalo, Jesus desatou o nó e meteu Gelson e Bas Dost. O holandês veio ocupar o buraco existente no ataque (é uma lata do cacete ir a Camp Nou jogar com dez durante meia partida) e o extremo veio colocar de lado a ideia dos dois laterais direitos. E foi Gelson a agitar a partida, quando usou o golpe da serpente entre três adversários e desperdiçou o momento com uma bufa de pé esquerdo.

Depois? Depois levamos um golo de cabeça de um gajo da altura de Messi, na sequência de um canto. Tal como em Lisboa, com o jogo controlado, somos traídos por um golo estúpido (a propósito de traídos, aquele bracinho maroto do jogador do Barça, dentro da área, era coisa para penalti, não era?) e, pior, logo a seguir Bas Dost permitiu a defesa ao compatriota Cillessen quando já todos gritávamos o golo do empate (não sei se foi uma grande defesa se foi um grande falhanço. É capaz de ser ambas).

Messi entraria finalmente e a partida inclinou-se para a área verde e branca. Rui, enorme Rui, ia dizendo presente a todas as ameaças, até que Mathieu meteu uma bola na própria baliza, repetindo o raio do filme do jogo de Lisboa. Gelson acabaria a fazer de Ristovsky, Piccini acabaria metido mais para dentro, o Sporting acabaria mais um jogo com a sensação de que, apesar de ter feito uma muito respeitosa primeira fase da Champions frente a dois potenciais vencedores da prova, poderia estar a celebrar a passagem aos oitavos.

Sobre a Liga Europa e sobram belíssimas exibições que, a serem replicadas, colocarão os verde e brancos mais perto do desejo de conquistar o campeonato. E é só isso que importa agora.