Começamos com os destaques deste sábado. Sporting vence no Bessa e está na liderança isolado, de forma
provisória. Sporting B defronta amanhã o Benfica B. Hóquei em Patins e Andebol seguem líderes nos campeonatos
“.

Assim foi iniciado o “Sporting Grande Jornal” de sábado. Não o vi em directo. Após os nossos jogos da equipa principal, o meu filho, telefona-nos, do Brasil, através do “WhatsApp”. Com a mãe, fala sobre os assuntos comuns, comigo, invariavelmente, sobre o jogo acabado de realizar (sempre depois da “flash interview”). E também sobre a actualidade Sportinguista. Normalmente estamos em desacordo, na análise aos jogos, mas
nada que eu não mereça… “Pago” pelo que contestava ao meu saudoso pai… será hereditário…

Por isto, referi acima que não vi em directo o programa. Fi-lo quase de madrugada, na expectativa de saber mais alguma coisa sobre o nosso jogo frente ao Valadares, que uma transmissão de má qualidade, mas melhor do que a não ter (o meu obrigado ao simpático clube de Gaia) e que me permitisse aqui uma participação mais suculenta sobre o tema. O que foi adiantado foi parco, não valeu o “serão” feito… Porque não incluir a vitória da nossa equipa feminina no resumo inicial? Como tem sido recorrente nos últimos tempos, o nosso futebol feminino é tratado de forma desigual. E mais razão de queixa têm as suas congéneres do futsal…

Há dias, nas minhas buscas pela internet, fui surpreendido com uma entrevista feita ao jornal “O Jogo” por uma das nossas capitãs, a Patrícia Gouveia, a propósito do seu regresso aos treinos, depois de ter vivido a alegria da maternidade. Lamento que não tenha sido a nossa televisão a proporcionar à nossa atleta a oportunidade de falar sobre um momento tão marcante e feliz da sua vida. Falta de sensibilidade que não compreendo…

Sobre o jogo e como já esperava, algumas dificuldades frente a uma formação muito aguerrida, composta por muita juventude e com algum talento. O Valadares vinha de duas vitórias seguidas, sem sofrer golos, uma delas fora, frente ao Futebol Benfica (2-0). Esteve a vencer, frente ao Braga, no jogo de há um mês, por 1-0. Consentiu o empate ainda no primeiro tempo, mas três golos em oito minutos, da equipa bracarense, no reinício, fixaram o resultado final em 1-4.

Ana Capeta fez cedo o primeiro golo (14 minutos) num remate de pé esquerdo, após passe da nossa linha intermédia (não vi de quem) que ainda levou a bola ao poste, batendo a desamparada e excelente (é de Viseu, da minha região, não me fica mal exaltar a sua qualidade…) Neide Simões que, como já tinha acontecido nos dois jogos da época
passada, ambos vencidos pela nossa formação por 1-0, retardou quanto pôde (e foi muito) o nosso segundo golo, aos 81 minutos, obtido pela Nadine Cordeiro, acabada de entrar, num excelente remate de pé direito, após mais um belo cruzamento da direita feito pela Ana Borges.

Foram 67 minutos a separar os dois golos e em que a tranquilidade (a minha e não só) não foi a maior, como muito bem sintetizou o leão verde na sua missão de “locutor de serviço”: “Nas senhoras o jogo está perigoso. Embora estejamos a dominar, o Valadares de vez em quando vai lá abaixo e pode fazer o golo do empate.” Como muito bem tem referido o nosso treinador Nuno Cristovão, há um empenho redobrado das opositoras quando jogam com o Sporting. Esse ardor levou a que 3 jogadoras adversárias vissem o cartão amarelo, enquanto que do nosso lado, a Ana Capeta foi contemplada com o dito cujo logo aos 20 minutos, aliás o primeiro do jogo…

Mas para além do mérito da Neide e das suas companheiras da defesa, houve alguma inépcia das nossas jogadoras, com destaque para a Diana Silva que terá falhado dois golos, um deles que pude ver melhor, após um bom passe da Ana Leite, vindo da esquerda. Ana Leite que rendera uma das nossas “Anas”, a Capeta, aos 70 minutos. A outras substituições visaram a Fátima Pinto pela já citada Nadine, aos 80 minutos e a Diana Silva pela Bárbara Marques, aos 84 minutos. Quando digo “terá”, é por uma questão de prudência, pois a transmissão não me permitiu a
visibilidade necessária para julgamentos precisos.

Contei 5/6 oportunidades de golo da nossa parte, enquanto o Valadares Gaia dispôs de uma única através da Evy Pereira, pouco depois do golo da Ana Capeta, rematando à rede lateral, isolada frente à Patrícia Morais.
Para mim, um dos grandes momentos do jogo (excepto os nossos golos, claro) foi a bela defesa da Neide Simões, a remate de pé esquerdo da Tatiana Pinto, ainda na primeira parte e já depois de se ter oposto, com uma saída arrojada, aos pés da Ana Capeta. Bom jogo da Rita Fontemanha, substituindo a Joana Marchão no lado esquerdo
da nossa defesa. Menos exuberante a atacar, segura na missão defensiva.

Numa de treinador, continuo a achar que nestes jogos, em que as equipas adversárias se remetem sistematicamente ao jogo defensivo, nos falta uma avançada possante, quanto mais não fosse para permitir maior liberdade à Diana e às nossas duas “Pinto”, que entram com frequência na área da equipa opositora. A falta de capacidade de choque, de “presença”, é mais que evidente. E confesso que emocionei-me ao ver as nossas atletas no agradecimento aos fiéis adeptos no final da partida.

O próximo jogo disputar-se-á no domingo, dia 17, em Alcochete, pelas 15 horas, frente ao A-dos-Francos, no encerramento da primeira volta do campeonato.

miudasvaladares

Quanto ao campeonato nacional de júniores, as nossas meninas venceram, fora, o Quintajense, penúltimo classificado, por uns rotundos 9-0, a contar para a oitava jornada da competição, Série E, liderando com 24 pontos, fruto de oito vitórias, mais três que o Estoril Praia, segundo classificado, também isolado.

A propósito, coloquei há dias no Sporting Apoio uma questão sobre as regras em vigor para as camadas da formação. Recebi a seguinte resposta: “Em relação à pergunta que nos fez, temos que analisar a situação a nível nacional. Há muitas equipas de juniores para conseguir 13, 14, 15 jogadoras é difícil, o futebol feminino está a crescer mas ainda não há capacidade para jogarem futebol de 11. Haveria equipas quase sem suplentes com isso. Jogar futebol de 9 em campo de onze não seria o mais correcto, as dimensões são maiores que os campo de 7. Em relação ao tempo talvez já pudessem jogar os 90 minutos.”

Entretanto, o senhor Humberto Fernandes, que já aqui referi na semana passada e que é uma pessoa muito atenta à modalidade, fez-me chegar esta entrevista feita, pelo zerozero.pt:

O campeonato sub-19 com futebol de 9 que “é um desafio para todos”
Por Luís Rocha Rodrigues

Esta época, foi estreado um novo escalão no futebol feminino nacional, com a criação do Campeonato Nacional de juniores. A ideia poderia passar pelo futebol de 11 ou pelo de 7, mas a solução foi diferente. Na sequência do alargamento dos quadros competitivos, onde se inclui por exemplo a disputa da Supertaça, a FPF implementou o Campeonato Nacional de Juniores que será jogado numa filosofia de futebol de 9. Ao zerozero.pt, o selecionador nacional Francisco Neto explicou que, muito mais do que alguma hipotética dificuldade que surja, o estímulo para os intervenientes é enorme.

«Isto era uma necessidade que a FPF reconheceu. As jogadoras podiam jogar em equipas mistas até aos iniciados, mas depois havia um intervalo grande até poderem ser integradas em equipas séniores, por isso havia o risco de desmotivação e desistências. Internamente, achamos que isto era uma necessidade, ficando a dúvida entre o futebol de 7 e o futebol de 9. Parecia-nos que o de 7 era demasiado curto em termos de espaço, ao passo que o futebol de 9 já se aproxima mais do de 11. Ao mesmo tempo, conseguimos que se alargasse até aos juvenis a possibilidade de equipas mistas e, assim, garantimos que não existem espaços vazios para alguma geração. O futebol de 9 parece-nos uma aposta bastante equilibrada, para que o salto seja menor”, definiu-nos.

À vista desarmada, o adepto poderá pensar que tal é um entrave ao desenvolvimento tático dos praticantes, visto que os conceitos e os princípios adquiridos não serem exactamente os mesmos do futebol de 11. A nossa pergunta seguinte foi nesse sentido, mas o selecionador não tem essa visão e explicou porquê fazendo uma referência à progressão de complexidade que o jogo trará às praticantes no processo de formação. “O futebol de 9 não é o de 11, mas também não é o de 7. Se se fizesse campeonato de futebol de 11, implicaria mais duas jogadoras em cada equipa. Estamos mais próximos do futebol de 11 desta forma, para os treinadores é mais desafiante e, para elas, é mais estimulante”, considerou.

Um tema que julgo passível de interesse e que deixo à vossa consideração.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino