Escrever uma crónica no momento em que ocorre mais uma pausa no nacional feminino, fez-me recordar ter dito aqui que enfrentava o desafio alicerçado no entusiasmo que sentia pela modalidade e por uma estratégia no recurso à internet para manter viva a rubrica. Também me referi à ingenuidade…

Na passada semana, alguns participativos companheiros de Tasca, colocaram questões interessantes. Falou-se (braveheart e Odraude) da possibilidade de um canal de youtube para fazer algumas vezes de Sporting TV2, da Federação poder ajudar mais empenhadamente os clubes (Miguel) da sustentabilidade do actual formato (Nuno, o Crente). Escrevi eu, no final do post, que a minha visão sobre essas questões, assentava em dados pouco precisos. E impreparação…

Vou então tentar debruçar-me sobre essas questões, não sem antes recordar-me do ditado “não vá o sapateiro além da chinela”. Recordei-o e como não tinha a certeza da sua proveniência, a Net fala em Apeles, pintor
grego… Sobre as transmissões de alguns dos jogos das nossas Leoas, o simples facto de a questão ter sido aqui colocada, poderá sugerir aos nossos responsáveis, a forma de satisfazer a naturalíssima expectativa de uma
significativa franja de adeptos Sportinguistas… Vá lá saber-se porquê, na blogosfera Leonina e depois de o amigo Max aqui ter colocado o link da entrevista feita pela jornalista”investida no cargo”, Rita Fontemanha, ao Prof. Nuno Cristovão, que o jornal “o Jogo” teve a ideia de divulgar, logo apareceu esse curioso vídeo…

Parecem-me bem mais complexas as respostas às questões colocadas pelo Miguel e pelo Nuno. Sobretudo para nós, Sportinguistas. Fui ver na Net… A neve não caía… mas há um frio danado a tocar-me quando penso que uma das formas da modalidade se expandir, é termos a presença na competição do slb. Pelos motivos já sobejamente conhecidos mas também e porque não acreditamos nesta Federação enquanto se mantiver o actual estado de coisas, que tudo conspurca. Já nem aludo ao clube do norte do país mas será tudo “farinha do mesmo saco”. Sabido que o fosso entre Sporting e Braga e demais equipas da Liga Allianz, é enorme, recordo parte de uma análise encontrada nas minhas
pesquisas:

“Não me canso de repetir que o regresso do Sporting CP e do SC Braga ao futebol feminino, foi fundamental para assistirmos ao aumento significativo da visibilidade mas, em oposição, veio criar uma enorme clivagem entre as restantes equipas e no interesse que a própria competição possa despertar na comunicação social (veículo indispensável para a divulgação da modalidade). Ainda vai demorar tempo até que possamos aspirar a ter a competição
mais representativa do futebol feminino nacional com níveis de competitividade elevada e incerteza do vencedor até ao fim. Imagino os argumentos/estratégias que os responsáveis técnicos das duas equipas no topo da classificação têm que definir individualmente para manter as suas atletas motivadas e focadas na competição. Qualquer deslize poderá ter consequências inesperadas. Ainda que não acredite, de todo, que isso possa acontecer!”

“…e no interesse que a própria competição possa despertar na comunicação social (veículo indispensável para a divulgação da modalidade)”… Chegado aqui recordo uma pergunta do Nuno, usando da sua habitual
ironia: “A TVI não comprou os direitos?”

Claro! À TVI e ao Correio da Manhã que esporadicamente já fizeram a transmissão de alguns (poucos) jogos, à querida RTP (presente na final da Taça de Portugal e da Supertaça (com resultados, numa dessas transmissões a suscitar a revolta dos nossos adeptos) pouco interesse haverá em divulgar a modalidade enquanto esta não for “agraciada” com
a participação do slb. A SIC transmite outros “jogos”… Bem pode a Mónica Jorge, directora da FPF, invocar o aumento de praticantes.

futfem2

“Mónica Jorge, diretora da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), assumiu que é um bom sinal para o futebol feminino existirem, pela primeira vez, mais de 4.000 praticantes em Portugal. De acordo com números da FPF, há neste momento 4.062 praticantes de futebol feminino em Portugal, das quais 3.010 estão em idade júnior, sendo que, em 2016, eram um total de 3.035 as jogadoras federadas.
“É bom sinal, é sinal que os projetos em que a Federação está a investir, mais na área da formação do futebol feminino, estão a dar os seus frutos e esperamos não ficar por aqui. É um número pelo qual todos ansiávamos,
passar os 4.000, especialmente nas juniores acima das 3.000”, assumiu a responsável pelo futebol feminino na FPF.
Mónica Jorge disse ainda esperar que “mais jovens pratiquem futebol feminino”, salientando os bons resultados da seleção e dos clubes do campeonato podem trazer mais atletas e mais público aos estádios.”

e ainda: “Vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, com a pasta do futebol feminino comentou entrada das águias no futebol feminino e disse ao DN que gostava que cada clube tivesse uma equipa feminina.
O Benfica anunciou esta terça-feira, que decidiu criar uma equipa de futebol feminino para 2018/19. Uma decisão que Mónica Jorge aplaude: “É com grande satisfação que olhamos para a aposta do Benfica no futebol feminino. Irá contribuir certamente para o desenvolvimento da modalidade em Portugal. Com impacto a diversos níveis: espera-se uma maior projeção mediática, uma maior capacidade de comunicação, mais notoriedade nacional e internacional, melhores condições de treino para as jovens praticantes, e um potencial de atração maior para o futebol feminino, tanto de patrocinadores como de jogadoras”, reagiu a Vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, com a pasta do futebol feminino, em declarações ao DN.

E deu um exemplo: “Recordo o exemplo do futsal, modalidade em franco crescimento e que tem conquistado prestígio internacional. Essa valorização além-fronteiras deve-se, e muito, ao trabalho feito com os jogadores a nível dos clubes profissionais.” Mónica Jorge, que foi jogadora, treinadora e selecionadora nacional lembrou ainda, “que a tendência na Europa é investir no futebol feminino”. “Esse é um objetivo estratégico na maioria das federações-membro da UEFA. E há cada vez mais clubes grandes com equipas femininas. França, Inglaterra e Espanha são bons exemplos. Clubes franceses como o Paris Saint-Germain, o Lyon e o Montpellier lutam por títulos na liga masculina principal e investem fortemente no futebol feminino. O Chelsea já foi campeão e finalista da Taça Feminina em Inglaterra. Em Espanha, o Barcelona e o Atlético de Madrid também têm equipas profissionais de futebol feminino e o Real Madrid anunciou recentemente o desejo de criar uma equipa feminina de topo”, defendeu.”

Relembrando… bem pode a Mónica Jorge invocar o aumento de praticantes, a aposta na formação, falar no Futsal (lembro-me das actuais regras e tenho um vómito) e tudo o que mais que exalta. Para “esta” Federação o slb é o sal, o tempero que falta ao nosso futebol feminino esquecendo-se que este clube não respondeu ao repto da Federação
em Junho de 2016… Parece inevitável, mau grado o dilema que nos assalta, que as raparigas de encarnado estarão na época de 2018/19 e, quase “obrigatoriamente” na Liga Allianz, na época imediata. Não tenho o direito de dizer que a
sua aparição tudo irá subverter. Mas arrogo-me o de pensar isso dos seus dirigentes! Restar-me-á uma consolação: a partir desse momento, o nosso Futebol Feminino deverá ter direito a um “Bloco de Notas” aqui na Tasca!

Muito bom 2018 para todos!

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino