O jogo foi feio? Foi. O Sporting teve que jogar contra 17? Teve. Queríamos nota artística? Sim. Ainda pensamos nisso? Não. E o que é que te acontece quando te lembras da selecção suicida de gajos para bater os penaltis? Sorris.
Diz que a beleza é algo muito subjectivo. Diz, também, que depende dos olhos de quem analisa. Ou, em muitos casos, do resultado final. E o jogo de ontem foi um desses casos. Um jogo feio, muitas vezes mal jogado, com duas equipas que mostraram em grande parte do tempo mais medo de errar do que de provocar o erro do adversário. E como se isso não bastasse, o sexteto escolhido para apitar este jogo tentou, ao máximo, inclinar o campo a favor dos reis da fruta, mas já lá vamos.
E já lá vamos porque o escriba que vos traz esta crónica faz questão de dedicar as primeiras palavras aos milhares de Sportinguistas que deram um verdadeiro banho de apoio nas bancadas. Jogando em terra de lampiões, num estádio de lampiões e localizado a meia hora de distância do Porto, fizeram com que os jogadores se sentissem em casa desde o apito inicial. No fundo, mostraram que por mais que gritemos e que critiquemos, estamos lá sempre e isso não tem, nunca terá preço!
O que não tem preço de tão incrível é a forma como, logo aos cinco minutos, não foi marcado um penalti sobre Bas Dost. Ainda o cruzamento não tinha partido e já Danilo puxava a camisola do holandês, dentro da área, indo atrás dele até um abraço maior do que aqueles que Dost daria aos companheiros de cada vez que Rui Patrício defendia um penalti. O ferrari de serviço não viu, o pateta que fica em posição de cagar em pé na linha de fundo fingiu que não viu e o Soares Dias, com uma dezena de ecrãs à sua disposição, disse que era para seguir.
E seguiu seguindo, com o Sporting, bem, a entrar com linhas altas manietando o fcPorto. Foram 20 minutos de total domínio do Sporting, com Felipe a escapar por duas vezes ao amarelo (incrível como um gajo que entra meia dúzia de vezes com o cotovelo à cabeça, fora o resto, chega ao final do jogo sem ver um amarelo) e com Bruno Fernandes a ter a melhor oportunidade, cortada pelo Telles num carrinho à futsal.
Entretanto, Danilo saiu lesionado e depois seria Gelson Martins, ele que tem aguentado a dor semana após semana e que, ontem, foi incapaz de resistir. Entrou Battaglia, Bruno Fernandes descaiu para a direita e o Sporting ficou sem repentistas.
Os Leões abrandaram para respirar e o Porto soltou-se para dez minutos de domínio. Pelo meio, golo bem anulado a Soares, na melhor decisão em toda a partida dos homens do apito, mas que seria golo na certa se não existisse em anti drampiões chamado VAR. Depois, o jogo arrastou-se até ao intervalo em perdas e bola e com todos os lances de contra ataque do Sporting a serem interrompidos ao som do apito. Repito: todos. Uma clara homenagem ao homem que já deu nome a esta competição, o Sr. Lucílio.
O intervalo foi mau conselheiro para os Leões, que entraram apáticos. E, depois, ficaram de boca aberta quando Nuno Almeida voltou a fazer das suas e perdoou a expulsão a Oliver Torres por falta sobre Battaglia. Emoção? Pouco depois dos 60 minutos, quando Coates foi ao segundo andar mandar uma bomba ao poste da baliza de um Casillas completamente batido. Era a melhor oportunidade de golo de todo o encontro, com a resposta do Porto a nascer de um alívio de Matthieu que permite a Aboubakar isolar-se, mas ser abafado pela belíssima intervenção de Patrício. Um prenúncio para o que viria a passar-se nos penaltis, até porque até ao final nem mais uma bola foi à baliza, pese as tentativas de Waris e Marega.
Sérgio Conceição virava as costas e refugiava-se no túnel, Dost avançava para o primeiro penalti e respondia à conversão de Alex Telles. Patrício adivinhava o lado escolhido por Marcano, mas não chegava à bola e Bruno Fernandes mandava-a para um lado e Casillas para o outro. 2-2.
Herrera ficava com um Ruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuui a ecoar-lhe nos ouvidos, Bas Dost parecia louco e Mathieu fingia que não era nada com ele e batia a bola na perfeição. 3-2 para nós. Vinha de lá o Waris, todo borrado, mas o Rui mexia-se demasiado cedo e a bola entrava. Depois, todos nós ficámos incrédulos quando vimos o Coates ajeitar a bola. E deu merda, claro. 3-3.
Patrício dizia ao mundo que ia defender. Pulo, pulo, pulo, em cima da linha, tanto pulo que Aboubakar já só queria chutar e quando o fez viu o melhor do mundo ir sacá-la lá bem junto ao poste! Dost esmagava as costas a Coates, mas só porque não sabia que William Carvalho é um dos piores batedores de penalidades de sempre. Os nossos corações pararam, os olhos olhavam para Montero e para Bryan e perguntavam porquê, e se alguém não disse foda-se, caralho e um chorrilho de palavrões a seguir é porque são as pessoas mais calmas do mundo.
E lá vamos nós para a roleta russa. Brahimi quase chorava a olhar para aquele gigante na baliza e tanto quis desviar a bola dele que a fez bater no poste! E quando tu vês o Bryan avançar, sabes que vai ficar tudo bem. Sabes que o cabrão do guião de um filme para Sportinguistas tem que ter sempre esta componente de sofrimento. E que era aquele o momento do “tico” exorcizar demónios passados.
Toma lá para dentro, toma lá mil e um abraços e o Jesus a saltar para as cavalitas do Dost num momento de pura felicidade que nos fica na memória. Conceição ficava com o duplo “vai tomá no cu” com que Soares o brindou a ecoar na cabeça, nós ficámos a sorrir numa noite feia, celebrando uma vitória que nos permite avançar para a final onde tudo faremos para matar saudades de um sentimento que há demasiado tempo nos foge!
25 Janeiro, 2018 at 15:16
Gelson, 2 semanas fora… Até em dúvida está para a deslocação ao Dragão para a Taça!
25 Janeiro, 2018 at 20:31
venha o Elves Baldé. Está na hora e precisamos de um extremo.
25 Janeiro, 2018 at 16:07
Para sábado há que fazer descansar alguns jogadores. O caso mais evidente é o do Coentrão, que não podia fazer mais que dois ou três jogos seguidos e agora é sempre a aviar e me faz rezer a todos os santinhos em cada arranque. O Mathieu também tem limitações, o Acuña está todo roto e até o próprio Bruno Fernandes, mas não podem sair todos. Que tal alterar para 4x4x2? Quando o Ristovski veio, falou-se que podia fazer o flanco esquerdo. Porque nunca se experimentou? Para o lugar do Gelson, porque não experimentar o Doumbia? Poder-se-ia colocar o Ruben no meio, Podence numa ala e Doumbia na outra, mas já sem o Gelson, retirar o poder de passe entre linhas do Bruno deixa-me apreensivo. Na frente acasala-se o Bas com o Montero (a jogar é que ganha ritmo). A minha aposta no Doumbia tem a ver com velocidade. Aliás quando falo em Doumbia e Podence é porque acho que o facto de termos uma ala muito mais veloz que a outra nos deixa um pouco coxos. Mas pronto, este é o meu onze para sábado:
Rui
Piccinni-Coates-André Pinto-Ristovski
Doumbia-William-Bruno Fernandes-Ruben
Montero-Bas Dost
Banco com Salin-Mathieu-Coentrão-Battaglia-Bruno César-Bryan Ruiz-Podence
Não teremos um ponta de lança no banco mas, caso seja necessário, teremos um banco com um grande central, um grande lateral e um “pequeno” fantasista (esta soa-me a tretas bobo) . Depois, o mestre, conjuga as substituições com possíveis mudanças de posição.
25 Janeiro, 2018 at 16:43
Um 11 interessante mas eu jogava com…
Patrício
Piccini, Coates, André Pinto, Bruno César
Ristovski, William, Bruno Fernandes, Rúben Ribeiro
Podence e Dost
No banco: Salin, Mathieu, Battaglia, Bryan Ruiz, Montero, Doumbia
Acuña descansa – por mim só voltava a estar na convocatória para o Dragão, tal como o Gelson!
É entrar com tudo contra o Setúbal e tentar resolver esta final na 1ª parte para dar um pouco de descanso ao Bruno Fernandes (Bryan Ruiz), ao William (Battaglia) e ao Dost (Doumbia).
25 Janeiro, 2018 at 17:13
Um onze que eu também acho perfeitamente válido
25 Janeiro, 2018 at 17:55
Além de podermos ganhar esta porcaria ao VFC, isto permite-nos pensar em irmos jogar ao Ladrão com outra táctica: Gelson e Acuña terão de estar recuperados, para lá jogarmos as meias-finais da Taça em contra-ataque puro. Com a nulidade do meio-campo da triparia, pode ser que saquemos um jogo como aquele do Pireu e resolvamos a coisa logo na primeira mão, como nos convém.
O puto do facadas vinha mesmo a calhar. E talvez não fosse má ideia resgatar Matheus Pereira. Gostaria de ver Ribeiro, Doumbia e Montero a jogarem de início no Sábado, espero da Equipa um jogo de tanta entrega como este.
25 Janeiro, 2018 at 18:40
Muito feliz pela vitória ontem e por mais uma final. Adeptos fantásticos na pedreira!! Parabéns a quem deu número à onda verde!
A equipa tem que ganhar espírito vencedor. Posto isto, este tinha que ser o jogo de viragem – e em termos anímicos espero que sim – agora é olhar para o futuro. Não se passou do apocalipse anunciado por alguns para um estado de graça, os pontos negativos continuam mas temos agora um boost de confiança e moral.
A exibição não foi boa, a do Porto também não. Entramos bem, depois fomos encostados às cordas. Já sabemos que estes jogos são sobretudo táticos e físicos, conseguimos travar bem o Brahimi e a solidez defensiva deu para aliviar alguns sustos. Grande Coentrão!! Grande Rui! Grande Piccini! Coates e Mathieu bela dupla.
Preocupam-me sobretudo duas coisas: (1) o meio-campo, William num bom dia limpa tudo e consegue sair a jogar (só não marca penaltis, a menos que seja com a mão direita), o problema é que não pode fazer tudo sozinho. Bruno Fernandes é dos que distribui melhor o jogo, tal croupier numa mesa de poker, e baixa muitas vezes para buscar a bola, o problema surge quando vai para as costas de Dost. Battaglia anda uns bons furos abaixo, ontem perdeu tudo. Por isso espero muito que Montero seja a cara metade de Dost, para a questão do 2º avançado ficar resolvida!
O problema (2) a gestão física da equipa. Agora é a doer, muitos jogos, pouco tempo para recuperar jogadores e muitos deles estão completamente rotos. Espero que JJ seja criativo a encontrar soluções, principalmente já no Sábado. Sem Gelson, com Acunã a ser menos um em campo (ainda que sempre muito combativo) e Coentrão, em grande nível mas bora não abusar do nosso lutador. Quero muito ver Ristovski a jogar, deixou-me com muita água na boca, principalmente pelo atrevimento a sair com a bola. E Doumbia? É um bom PL, se não encaixa com Dost é arranjar outra solução.
Venha sábado, venha o tira teimas!