E à vigésima primeira jornada, a primeira derrota. Curiosamente, uma derrota onde o Sporting fez mais, tanto em futebol jogado como em oportunidades criadas, do que em vários jogos onde chegou ao fim a celebrar os três pontos. Perdeu o jogo, perdeu a liderança e tem que ser capaz de lamber as feridas o mais rapidamente possível, pois quarta feira há nova prova de fogo

coentrãoestoril

Sabendo dos resultados de fcPorto e benfica, o Sporting chegava à Amoreira obrigado a ganhar para manter a liderança do campeonato. Sem Bas Dost e sem Gelson, ausências às quais se juntava a de Podence, o Leão voltava a deparar-se com a inexistência de jogadores rápidos, agitadores, e era obrigado a inventar um novo homem golo. Doumbia foi o escolhido para ocupar a frente de ataque, Bruno César foi chamado a ocupar a extrema direita e Battaglia reforçava o meio-campo permitindo a subida de Bruno Fernandes.

Mas se as intenções eram boas, o arranque de jogo foi precisamente o contrário. Em sei minutos o Estoril teve uma mão cheia de pontapés de canto e aproveitando o vento que se fazia sentir provocou calafrios ao Sporting e a Rui Patrício. Os Leões subiram as linhas, Acuña ensaiou um remate de livre directo, o Estoril respondeu numa arrancada de Lucas e os de Alvalade voltaram a criar perigo num cruzamento de Acuña que desviou num defesa antes de chegar a Doumbia. Havia intensidade e haveria aquilo que faria a diferença: eficácia.

Em quatro minutos o Estoril haveria de fazer dois golos: primeiro na sequência de um canto, com Patrício e Coentrão a tirarem as primeiras bolas, mas a não serem capazes de impedir a recarga; depois num lance em que a defensiva verde e branca fica a pedir fora de jogo de Ewandro e este acaba por marcar como se estivesse num treino, com o golo a ser validado pelo VAR (fica a dúvida se o árbitro havia ou não interrompido o jogo antes).

Dois socos na equipa de Jorge Jesus que, ainda assim, conseguiu vir para a frente e ter oportunidades suficientes para, pelo menos, encurtar a distância no marcador. No espaço de quatro minutos, três oportunidades: primeiro, Bruno César remata para a defesa do guarda-redes e quando vai fazer a recarga vê um defesa tirar-lhe o pão da boca (o lance deu ideia de poder ser penalti, mas parece haver corte antes do contacto); depois, Coates aproveita um lançamento para as costas da defesa e desperdiça com um chutão para a bancada; por fim, o desperdício dos desperdícios, com Coentrão a servir Bruno César e este a falhar a meio metro da baliza, traído por um ressalto da bola na relva.

Tudo de mãos na cabeça e o árbitro a apitar para um intervalo do qual o Sporting regressou com Montero no lugar de Battaglia e com mais golos desperdiçados. Coentrão deixou o primeiro aviso, num remate de ressaca, mas seria nos pés de Montero e de Acuña que estariam os possíveis golos: já sem o redes na baliza, o colombiano viu o seu remate ser cortado de carrinho por um defesa; também o argentino viu um seu remate embater numa muralha de pernas e, logo a seguir, depois de uma boa jogada colectiva de contra ataque (já com Ruben Ribeiro em campo), Acuña disparou um remate cruzado completamente desenquadrado.

E sem esse momento de alento que seria o golo, o Sporting foi-se perdendo na ansiedade de marcar e foi-se expondo, cada vez mais aos contra ataques do Estoril. Haveria um golo bem anulado aos canarinhos, haveria um golo bem anulado a Montero e pelo meio Patrício faria uma daquelas saídas que abafam os avançados e Mathieu tentaria sem êxito, primeiro de cabeça, depois de fora da área.

Ao 30.º jogo a nível nacional, o Sporting perdia pela primeira vez, perdia a liderança e ficava obrigado a saber responder a esse duro momento. Não só porque a maratona está longe de chegar ao fim, mas porque depois de amanhã há mais um jogo, agora a contar para a Taça de Portugal.