Privado de sete jogadores, uns por lesão, outros por castigo, outros por súbita virose, e com Bruno Fernandes e Coates à beira do quinto amarelo, o Sporting ofereceu aos seus adeptos mais uma noite na montanha russa e voltou a ganhar um jogo quando tudo parecia perdido

gelsonrafa

Battaglia e Acuña como defesas laterais, André Pinto ao lado de Coates, Petrovic a trinco, Bryan Ruíz como ala esquerdo e Montero no apoio a Doumbia. Uma verdadeira revolução no onze, por culpa do castigo de Mathieu, da lesão de Dost e de uma súbita virose que deixou KO William, Ristovski, Piccini, Coentrão e Palhinha, tudo isto numa equipa impedida de escorregar e com dois dos seus jogadores nucleares, Bruno Fernandes e Coates, em risco de verem um amarelo e não jogarem no dragão.

E diga-se que, rebobinando o filme da partida, dá que pensar como é que o árbitro Tiago Martins não encontrou forma de fazê-lo, dada a forma enervante como conduziu a partida e o critério esquisito para mostrar cartões e deixar vários no bolso pelas consecutivas faltas grosseiras que o Moreirense ia fazendo. No meio de tudo isto, Petrovic acabaria por ser expulso à passagem dos 60 minutos, por acumulação num lance onde nem toca no seu adversário (coisa que se via mesmo sem ter acesso a repetições) e o Sporting voltaria a ter que ir atrás do resultado com um homem a menos.

Mas antes disso, bem antes disso, os Leões tiveram uma primeira parte pouco conseguida. Sem a profundidade dos laterais, sem William para construir na primeira fase e com Montero e Doumbia a passarem ao lado da partida, restavam Bruno Fernandes, Gelson e Bryan Ruiz (muito bons 45 minutos) para tentar fazer mossa no adversário. Seria, aliás, de uma combinação entre Bryan e Bruno que surgiria uma grande oportunidade de golo, com o camisola 8 a disparar por cima da baliza e a deixar tudo e todos de mãos na cabeça. Antes, tinha sido o costa riquenho a “desmaiar” na hora de rematar e, mesmo em cima do intervalo, Ruiz saca um cruzamento perfeito para a cabeça de André Pinto, mas o mergulho do central falhou a baliza es-can-ca-ra-da!

E chegava-se ao intervalo a zero, numa primeira parte onde as oportunidades foram leoninas, mas onde, curiosamente, a bola passou mais tempo no terço defensivo do Sporting. Desta vez Jesus não mexeu no recomeço e Gelson regressou partindo o seu opositor e rematando de ângulo apertado para defesa do redes. Depois, golo bem anulado ao Moreirense, com o VAR a confirmar aquilo que Bruno Fernandes gesticulava (mão!) e mais duas situações de golo claríssimas: primeiro, Rui Patrício numa defesa incrível a um cabeceamento (e metam incrível nisso); depois Gelson a partir os rins ao defesa, mas a ver o redes defender com os pés.

A partida estava viva, mas vem a tal expulsão de Petrovic e tudo se complica. Petit abdica de um médio porque acredita que até pode ganhar em Alvalade, mas o Moreirense não mostra argumentos para fazê-lo, mesmo com um homem a mais. Jesus lança Rafael Leão, depois Misic, mas o jogo estava embrulhado e parecia destinado a terminar 0-0. Até que o puto Rafa, meio desengonçado, resolve espreguiçar-se, meter um calcanhar, arrancar por ali fora e largar em Gelson; num último suspiro, o 77 corta para dentro e remata a com a força que ainda lhe restava, a suficiente para fazer a bola tabelar nas pernas de um defesa e anichar-se no fundo das redes.

A noite fria aquecia, finalmente, mas logo a seguir viria um balde de gelo com a expulsão de Gelson, por ter tirado a camisola e visto o segundo amarelo que o deixa fora do clássico de sexta-feira. Mas isso, isso é outro capítulo desta história que é a história de um strange kind of love