Na minha opinião, para avaliar um treinador a principal métrica será sempre os títulos. Estamos a falar de alguém que gere um departamento em tantos que existem no Sporting (mesmo sendo o mais importante) e que esse departamento tem objectivos definidos previamente e que no caso dele passa por ganhar o maior nr de jogos possíveis para que isso se traduza em troféus no museu. Muito diferente da direcção que tem um sem nr de áreas para gerir e gerar resultados de diversa ordem (desportivos, financeiros, visibilidade da marca, aumento de associados, etc).

Cada macaco no seu galho. No dia em que avaliarmos JJ pelo dinheiro que faz entrar será o dia em que passamos a poder avaliar o Carlos Vieira pelo facto do Doumbia falhar golos. O exemplo é exagerado de propósito apenas para demonstrar que, não retirando o mérito de JJ em fazer os jogadores evoluirem e consequentemente retirarmos mais dividendos financeiros por isso, esse mérito não é dele sozinho e poderá até nem ser dele na maior fatia. Mérito em negócios é quem transforma valor potencial (que é o que o treinador trabalha) em valor real, ou seja, proposta negociada, aceite e dinheiro na conta. As épocas do JM, Sli e do Adrien com JJ permitiram a existência de interesse e de boas propostas, a concretização dos negócios é mérito de quem se sentou à mesa para negociar do lado do Sporting. É que senão daqui a nada, JJ passa a ter o mérito de tudo dentro do Sporting porque se tivermos boa vontade poderemos associar qualquer facto à sua intervenção. É só uma questão de prioridades, se a principal métrica de um treinador é o dinheiro que recebemos por um jogador por si trabalhado num clube que nasceu para ganhar, alguma coisa estará mal. E aqui a palavra-chave é “principal”. Não ignoro a intervenção de JJ nas vendas feitas mas também não a valorizo de uma forma exagerada e prefiro avaliar aquilo que é o seu principal trabalho: meter a equipa a jogar bom futebol porque esse bom futebol nos aproxima de títulos (a primeira época dele no Sporting é prova disso).

Acho que estás a confundir valorização pessoal com valorização do clube e atingir objectivos. Estou-me a cagar para as carreiras que os treinadores têm depois de uma época de sucesso ou de insucesso num determinado clube, interessa-me é a valorização do nosso clube e dos objectivos que esse treinador atinge no clube que amamos durante a sua estadia. Essa é a métrica de um treinador e se perguntares a algum portista a quem é que vai agradecer títulos, se ao PF ou AVB ele diz-te: AVB porque ganhou títulos e atingiu os objectivos apesar do segundo estar numa trajectória bem diferente.

Nem a propósito, ainda ontem neste post escrevi o seguinte e não retiro uma virgula, nem vejo que choque com o que é dito aqui. A minha opinião é que qualquer que seja o treinador, o Sporting conquistar o título, no estado actual é tarefa praticamente impossível. Concretamente, em relação a JJ, mesmo com a condicionante anterior, estamos mais competitivos e isso torna mais visível o desequilibro provocado nos bastidores.

“É certo que qualquer treinador está dependente dos resultados, com excepção talvez do Alex, mas parece-me excessivamente fácil e inoportuna como se pensa no despedimento de um treinador, ainda por cima quando sabemos que em 15/16 só não ganhou porque fomos barbaramente roubados e nesta altura estamos na luta em todas as competições.
Há muita gente ainda a pensar que o problema dos títulos está unicamente nos treinadores, lamento informar, mas enquanto não for possível, uma limpeza total da trampa que existe nos bastidores, com este ou outro qualquer treinadores, os títulos, não direi que são uma miragem mas serão muito, mas muito difíceis.
Golos mal anulados por VAR, expulsões, facilidade em carregar com cartões, nos adversários a impunidade quase total, enfim, não há treinador que aguente, pode vir LJ e ou Mourinho, podem trabalhar no limite, provavelmente não vai chegar.”