Como nota introdutória, devo dizer que não estava à espera de me debruçar muito sobre a nossa selecção feminina, na sua participação na Algarve Cup 2018. Mas o bom começo da nossa equipa frente à China e especialmente a notável exibição perante a forte turma da Austrália, levaram-me a um entusiasmo completamente impensável. E não esquecer que na selecção estão 9 jogadoras do Sporting… Outro factor para escrevinhar um texto inimaginavelmente longo: a derrota com os fruteiros. Foi uma forma de desanuviar, com uma crónica a começar a ser redigida pouco depois do jogo de sexta…

Estão a participar na Algarve Cup: Austrália (10ª equipa no ranking da FIFA) Noruega (11ª), China (16ª) e Portugal (38ª), no grupo A. Japão (4ª), Holanda (12ª), Dinamarca (15ª) e Islândia (20ª) constituem o grupo B. Suécia (5ª), Canadá (8ª), Coreia do Sul (18ª) e Rússia (22ª) alinham no grupo C. Este ranking vem no zerozero.pt e, por exemplo, contrasta com a informação que tem decorrido sobre o 4º. lugar no ranking ocupado pela Austrália…

A nossa equipa venceu a China por 2-1, na quarta-feira, 28 de Fevereiro, pelas 15 horas, em jogo a contar para a jornada inaugural da referida competição. Ao intervalo registava-se um empate a zero, com as portuguesas mais perto do golo, destacando-se um lance com a Diana Silva (grande exibição!) a rematar à trave por volta dos dez minutos de jogo. A equipa asiática procurou sistematicamente as bolas em profundidade, tentando surpreender a nossa defesa, onde nem sempre a Carole Costa e a Sílvia Rebelo deram mostras de segurança plena. Cada vez mais é minha convicção de que a futura parceira da Carole, também na selecção, será a Bruna Costa.

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No recomeço, as chinesas estiveram muito perto de inaugurar o marcador, num lance em que a Andreia Norton alivia a bola em cima da linha de golo. Este viria a acontecer por Xu Yanlu aos 57′, mas as nossas jogadoras deram a volta ao marcador, com golos da Carolina Mendes (60′) e da Carole Costa (86′). O golo chinês, deveu-se a uma indecisão da defesa portuguesa, pouco lesta a afastar a bola, com a Inês Pereira sem qualquer hipótese de deter o remate da Xu Yanlu. Pareceu-me, contudo, que a jogadora portuguesa que tenta aliviar, creio que a Carole, é puxada por um braço… À hora de jogo, bom golo de cabeça da Carolina Mendes a concluir precioso centro da direita da Diana Silva e, nos minutos finais, logo após a expulsão de Li Ying, com cartões amarelos aos 78′ e 83′, a nossa Carole, num livre pouco depois do meio campo e com o vento a favor, surpreendeu a guarda-redes Lu Feifei, uns bons metros adiantada no terreno.

Vitória justíssima da nossa equipa, que ainda viu, na segunda parte, a barra devolver novo remate, desta feita da Vanessa Marques, num belo disparo de fora da área. Portugal alinhou com: Inês Pereira (SCP), Matilde Fidalgo (SCP), Sílvia Rebelo (Braga), Carole Costa (SCP) e Mónica Mendes (ACF Brescia); Tatiana Pinto (SCP), Andreia Norton (Braga) e Fátima Pinto (SCP); Ana Leite (SCP), Cláudia Neto (Wolfsburg e cap.) e Diana Silva (SCP).

Na segunda parte, aos 46′, a Jéssica Silva (Levante) substituiu (com vantagem) a Ana Leite, a Carolina Mendes (Atalanta Mozzanica) entrou para o lugar da Andreia Norton (54′) e a Mélissa Antunes (Braga) entrou para o lugar duma Cláudia Neto algo apagada (72′). No banco estiveram ainda a Ana Rita (Braga), Rute Costa (Braga), Raquel Infante (Rodez), Laura Luís (Braga), Ana Borges (SCP), Dolores Silva (Braga), Ana Capeta (SCP) e Nádia Gomes (Orlando Pride).

Tenho para mim que a Diana Silva foi a figura maior da nossa selecção. Das jogadoras do Sporting, já foi dado o devido destaque à Ana Borges, sendo que a Inês Pereira confirma a cada jogo, que é já uma certeza do nosso futebol feminino. Matilde Fidalgo esteve muito empenhada sem ser brilhante, o mesmo acontecendo com a Tatiana e a Fátima Pinto. Carole Costa revelou algumas dificuldades perante a rapidez das aguerridas dianteiras da China. Ana Leite esteve sobre o fraco, sendo justamente substituída, como já frisei, pela Jéssica Silva (bons 45 minutos).

A arbitragem esteve a cargo da costa-riquenha Marianela Araya Cruz, coadjuvada por Kimberley Moreira Rojas, também da Costa Rica e Elizabeth Aguilar, de El Salvador. A quarta árbitra foi Maria Carvajal, do Chile. De registar o primeiro triunfo da nossa selecção frente à China, nos sete jogos já efectuados. O saldo cifrava-se em 2 empates e 4 derrotas. Eis o resumo do jogo. Na outra partida do grupo de Portugal, a Áustrália venceu a Noruega por 4-3, num jogo em que a guarda-redes dinamarquesa teve manifestas responsabilidades no segundo golo, como se pode ver aqui.

Outros resultados da 1ª. Jornada:
Grupo B
Canadá, 1 – Suécia, 3
Coreia do Sul, 3 – Rússia, 1

Grupo C
Japão, 2 – Holanda, 6
Dinamarca, 0 – Islândia, 0

Na sexta-feira, 2 de Março, teve lugar, também às 15 horas, o segundo jogo da nossa selecção, frente à Áustrália, selecção com rico historial na modalidade. No final, empate a zero e, se no início da partida, um resultado destes seria considerado um enorme feito, a verdade é que o nulo soube a pouco à nossa selecção, tal a enorme exibição conseguida e em que as melhores oportunidades nos pertenceram.

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Portugal alinhou com o seguinte onze: Inês Pereira (SCP); Ana Borges (SCP), Raquel Infante (Rodez), Carole Costa (SCP) e Dolores Silva (Braga); Tatiana Pinto (SCP), Vanessa Marques (Braga) e Cláudia Neto (Wolfsburg e cap.); Diana Silva (SCP), Carolina Mendes (Atalanta Mozzanica) e Jessica Silva (Levante). Na segunda parte, aos 56′, a Andreia Norton entrou para o lugar da Carolina Mendes, a Nádia Gomes substituiu a Diana Silva, aos 65′ e a Cláudia Neto foi rendida aos 84′ pela Mélissa Antunes. Ana Leite entrou, muito perto do final, para o lugar da Jéssica Silva. Suplentes não utilizadas: Ana Rita, Rute Costa, Matilde Fidalgo, Sílvia Rebelo, Mónica Mendes, Fátima Pinto, Laura Luís e Ana Capeta.
Arbitrou a partida a tanzaniana Rukyaa Kabakama, auxiliada pela Fanta Kone, do Mali e Botsalo Mosimanewatlala, do Botswana, sendo a quarta árbitra a costa-riquenha Marianela Araya Cruz. Carole Costa aos 75 minutos e Andreia Norton aos 77, viram cartões amarelos.

Fiquei francamente impressionado com o excelente jogo feito pela nossa selecção, perante uma Austrália servida por jogadoras de bom porte físico e técnico. Como deixara perceber numa intervenção feita há dias, fiquei perplexo com a inclusão da
Ana Borges. Na primeira jornada frente à China esteve no banco e não entrou, neste jogo foi titular… Vinda de uma lesão nunca, creio eu, esclarecida, optou-se por poupá-la nos jogos do Sporting (Taça com o FC Parada, Liga Allianz com o Quintajense e Boavista) e vai jogar pela selecção num terreno difícil, com uma equipa poderosa, arriscando nova lesão?… Ultrapassa o meu entendimento, mas… siga como aqui é usual dizer-se!

Curiosamente (ou não) a Ana Borges, que uma vez mais foi sacrificada a lateral direita (como a Dolores Silva na esquerda…) começou mal a partida e não fora a complacência da juíza da partida, teríamos sofrido uma grande penalidade por nítido derrube da nossa jogadora, que acabou por resultar num livre sobre o risco da área… Lamentável que no vídeo do resumo do jogo, a “querida” federação tenha omitido o lance do evidente penalti. Que tristeza ser esta a entidade que tutela o futebol em Portugal… Aqui fica esse vídeo

A Ana Borges foi-se recompondo gradualmente e fez uma excelente segunda parte, demonstrando sobejamente a sua incrível garra. Destaque também, entre as jogadoras do Sporting, para uma estupenda exibição da Tatiana Pinto e da Carole Costa. Inês Pereira teve uma defesa espectacular, em resposta a um livre directo, aos 12′ da primeira parte e revelou, uma vez mais, o seu óptimo jogo de pés, particularmente do esquerdo. A Diana esteve ao seu nível no tempo em que jogou. Foi pena não ter concretizado a melhor oportunidade de golo de todo o jogo. Saíu porque já não tinha a mesma disponibilidade física. Mas a jovem Nádia Gomes
não fez esquecer a nossa jogadora, muito pelo contrário.

Bom jogo da sempre voluntariosa Dolores Silva, também da Raquel Infante, constituindo, com as nossas Leoas, uma defesa muito segura. Belo jogo da Cláudia Neto, realmente uma jogadora de técnica muito acima da média. Atrevo-me a dizer que, a par da Carole Costa. são jogadoras de excelência, tecnicamente falando. A “alemã” subiu muito em relação ao jogo com a China, o que não surpreende pois veio de uma paragem por lesão.

Vanessa Marques foi a menos brilhante das jogadoras do meio campo. No ataque, a Diana Silva, após excelente combinação com a Jéssica Silva, teve a grande oportunidade de golo da equipa portuguesa e do jogo, como já referi, isolando-se mas permitindo a defesa, com o pé esquerdo da guarda-redes australiana, Lydia Williams. Decorria a primeira parte, já para lá dos trinta minutos. A Jéssica Silva foi uma constante dor de cabeça para a defesa contrária, face à sua rapidez e laivos de boa técnia, pecando algumas vezes por individualismo. Carolina Mendes esteve bem no tempo em que jogou, uns furos acima da Andreia Norton que a substituiu.

No outro jogo do grupo, a Noruega venceu naturalmente a China por 2-0, ocupando a terceira posição com 3 pontos, menos um que Austrália e Portugal. Outros resultados da 2ª. Jornada:
Grupo B
Rússia, 0 – Canadá, 1
Suécia, 1 – Coreia do Sul, 1

Neste grupo Suécia e Coreia do Sul, comandam com 4 pontos, o Canadá ocupa a terceira posição com 3 e a Rússia o último, com zero pontos.

Grupo C
Japão, 2 – Islândia, 1
Dinamarca, 2 – Holanda, 3

Aqui a Holanda soma o máximo de pontos (6), o Japão está em segundo lugar, com 3 e Dinamarca e Islândia fecham a tabela com 1 ponto.

Hoje joga-se a última jornada da fase de grupos com os seguintes confrontos:
Grupo A
Portugal – Noruega e
Austrália – China (os dois às 19 horas)

Grupo B
Coreia do Sul – Canadá
Suécia – Rússia (ambos às 15 horas)

Grupo C
Japão – Dinamarca e
Islândia – Holanda (ambos às 15:40)

Na próxima quarta-feira realizam-se os 6 jogos para definição da classificação final.

Face ao regulamento da competição, que apura para a final as duas equipas com melhor pontuação, a Holanda, com 6 pontos, tem muito a seu favor para se tornar uma delas, restando saber se a adversária será uma daquelas que tem, à segunda jornada, 4 pontos: Austrália, Portugal, Suécia e Coreia do Sul. Portugal, parece-me ser a que reúne menor favoritismo, já que defronta a fisicamente poderosa Noruega. Prevejo a disputa para os quinto e sexto lugares… o que seria um notável upgrade face a anteriores edições.

Na abordagem habitual às nossas restantes formações, as juniores deslocaram-se ao campo do Amora FC, onde venceram por expressivos 7-0, continuando a sua impressionante carreira. As juvenis venceram o SCU Torreense por 4-2, na deslocação a Matacães. As nossas infantis defrontaram no Campo nº. 3 da Cidade Universitária, os rapazes do Colégio São João de Brito, segundo classificado, tendo averbado uma natural derrota por 0-4

O FC Parada, equipa que tomei como “afilhada”, não teve jogo neste final de semana, tal como qualquer outra formação da série B, onde milita.

As meninas do futsal deslocaram-se ao campo das suas rivais, em jogo a que pude assistir “via Inácio”, na sua quase totalidade. E o termo meninas é mesmo o que me ocorre para definir a principal diferença existente entre as duas equipas: poderio físico. Perdemos por 1-2, uma vez mais de maneira inglória. Na marcação de um canto a nosso favor, perdemos infantilmente a bola e golo de contra-ataque das adversárias, com a marcadora a trocar os pés na finalização! O 0-2, com que terminou a primeira parte é mais um erro de uma nossa jogadora, “tímida” a disputar uma bola no meio campo contrário. Muita ineficácia na finalização e a Ana Catarina, a excelente guardiã adversária a impedir o equilíbrio no marcador.

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No segundo tempo, um golão da Taninha, ainda nos deu a esperança no evitar do desaire, mas continuou o desperdício aliado à “leveza” na abordagem de muitos lances por parte das nossas jogadoras. Não foi falta de empenho, esse existiu sem dúvida, Mas perante adversárias que “dão no osso”, a morfologia das nossas meninas não ajudou. A provar alguma rudeza das nossas adversárias, a Débora Queiroz, ao fim de largos minutos a receber assistência, terá sido levada para o hospital, esperando-se que a lesão sofrida não tenha consequências de maior. Força, Leoa, rápida recuperação!

Não temos uma só jogadora que possa ombrear fisicamente com as nossas rivais. O slb tem duas “pivot” de grande envergadura, nós não temos nenhuma. Cátia Morgado continua a jogar os 40 minutos… ou quase. Na última visita ao reduto das rivais, jogou todo o tempo. No sábado, não o posso assegurar porque fui obrigado a duas ou três breves interrupções, mas para lá caminhou. No final do jogo, quando o Sporting procurava o empate, pareceu-me fatigada, embora ainda tenha obrigado, com um belo remate de fora da área, a Ana Catarina a mais uma bela intervenção. Parece-me existir já a “síndrome da fatalidade” quando se defronta o rival…

Outros resultados desta 4ª. jornada:
Quinta Lombos, 3 – Santa Luzia, 0
Golpilheira, 1 – Novasemente, 2
Clube Vermoim – Nun’Álvares (a disputar ontem, já depois de enviar o meu texto)

O Novasemente é agora o primeiro com 10 pontos, seguido pelo Benfica e Golpilheira com 9 e Sporting com 7. Caso o Vermoim tenha vencido o seu jogo, desfecho mais que provável, atingirá os 9 pontos também, relegando-nos para o quinto posto. A nosso favor o facto de termos já defrontado fora os maiores candidatos ao título: Novasemente e Benfica.

O fim-de-semana terminou com motivos para sorrir: as juniores femininos venceram na Luz depois de terem estado a perder por 3-0 e colocaram-se em vantagem na Final do Campeonato.

juniores femininas

Uma boa semana e um grande resultado na quinta-feira! Bem precisamos!

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino