Belíssima exibição do Sporting, uma das mais consistentes da época, vencendo sem espinhas um Rio Ave que pode dar-se por feliz de sair de Alvalade sem sofrer uma goleada

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O dia era daqueles dias que a memória guarda na gaveta das boas memórias: uma tarde com hóquei e com andebol, antes de dar um saltinho ali ao lado para terminar o domingo a ver futebol. Coisas que fazem parte da história de quem cresceu com a Nave e que, agora, tem uma satisfação redobrada ao ver gerações cruzarem-se neste Sporting cheio de vida.

Juntou-se a tudo isto mais uma justa homenagem a Peyroteo, com os craques a subirem ao relvado com o nome do maior goleador de todos os tempos gravado nas costas e a verdade é que se tivesse existido a pontaria do eterno número 9, o Rio Ave teria saído de Alvalade com um verdadeiro cabaz. A pontaria faltou, mas a dinâmica esteve lá, se calhar de forma surpreendente tendo em conta a sequência de jogos e o tempo extra jogado quinta-feira, na República Checa.

E se o Rio Ave apostava em três centrais para tentar confundir os Leões, estes respondiam com lançamentos em profundidade para Dost e com os movimentos para fora do ponta-de-lança holandês, arrastando os seus marcadores e abrindo espaço às entradas de Bruno Fernandes, de Gelson e, as espaços, de Rúben Ribeiro (com 45 minutos muito interessantes). Depois, William foi subindo, subindo, subindo, não só de produção como de pressão, ao ponto de ser ele o primeiro a sufocar os vilacondenses e ainda ter tempo para aquele maravilha de jogada em que sai a jogar como só ele consegue sair a jogar e mete longo para a arrancada de Bruno Fernandes. Antes, já tinha feito o mesmo, mas com a entrega a ser mais curta e mais perigosa: Bruno Fernandes ficou na cara de Cássio e atirou ao poste. Foi aos 67 minutos.

Mas, antes, já as oportunidade se acumulavam: Dost falhou isolado depois de roubar uma bola em pressão; livre de Bruno Fernandes à barra com recarga de Dost para nova defesa; Coentrão num cruzamento que virou remate ao poste; Bruno Fernandes de fora da área para nova defesa; Battaglia servido a preceito por Gelson e mais uma defesa e novamente Gelson a abrir caminho para Coentrão disparar ao poste. Pelo meio, uma única e bela defesa de Rui Patrício, numa bola manhosa que desviou na perna de Mathieu e o golo. Um grande, grande golo, numa jogada de envolvimento em que Bruno Fernandes vai à direita, mete na área e Dost ajeita de calcanhar para a entrada de Gelson; o 77 olha para a baliza, resiste ao chuta das bancadas, tira o defesa da frente e, então sim, atira cruzado para o fundo das redes.

Depois foi esperar que Coates, a cumprir o jogo 100 com a verde e branca, fosse por ali fora, desmarcasse Gelson na direita e o puto que acelera o nosso jogo como se fosse o Comanchero riding in the sun, a metesse redondinha na cabeça de Bas Dost para um daqueles abraços que assinalaram o final de uma festa que até tinha começado com outra: o aniversário da Juve Leo, pioneira nessa coisa de organizar adeptos para apoiar a uma só voz, numa época em que se comprava o Jackpot e em que do vinil duplo, que enchia de alegria os dias a seguir ao Natal, saía um hit que animava o início dos jogos visto em bancadas de pedra. Comanchero, comanchero, comanchero, comanchero-o