Não fosse o facto de terem eliminado o surpreendente Caldas, em plena Mata, e hoje a imprensa desportiva seria unânime a dar os parabéns ao incrível feito do Desportivo de Aves. O clube da Vila das Aves, recentemente promovido à alta roda do futebol, contrariou as probabilidades (que davam claro favoritismo ao Rio Ave nos quartos) e avançou ronda trás de ronda, com garra e classe, até a um dos maiores palcos do futebol português e para a tarde mais apaixonante dos amantes do desporto rei.

Contando com a experiência de homens como Quim, Facchini, Artur (a equipa da Liga com melhores opções na baliza?) Lenho, Paulo Machado, Vitor Gomes, Defendi, Braga ou Sami, para além da juventude de Gauld, Alexandre Guedes, Baldé, Arango e Ponck, o pequeno clube da pequena vila conhecerá no dia 20 de Maio o momento mais alto da sua história, com todo o mérito.

E embora seja cedo para prever algo tão longínquo (e seja melhor a concentração completa no objectivo que falta) muitas são as vozes que se levantam e realçam o óbvio: no futebol nem sempre o mais poderoso ganha, muitas vezes é o mais pequeno que se agiganta. E este Aves é um pequeno cheio de qualidade (mais perto farei um texto sobre a sua temporada e opções).

Mas, não terão também os nossos rapazes muito que provar e muito que se agigantar? Retirando desta equação jogadores como Mathieu e Coentrão, que já venceram tudo, quantas competições realmente importantes conquistaram os outros jogadores leoninos, tirando a Taça da Liga que todos juntos vencemos em Braga? Bruno Fernandes, nenhuma. Piccini, nenhuma. Coates, uma Taça da Liga inglesa. Gelson Martins, uma Supertaça. Acuña, uma Liga Argentina. Podence, uma Taça de Portugal. Bas Dost, uma Taça alemã. Rúben Ribeiro, nenhuma. E poderia dar mais e mais exemplos e dizer-vos até que o Aves tem mais vencedores da Liga Portuguesa do que o Sporting.

Todos, ou quase todos, os nossos jogadores têm muito a provar e têm muito que lutar se quiserem continuar a marcar a história de um centenário clube, que continuará todos os anos a receber grandes atletas e a honrar todos os anos os que nos elevaram. Ser favorito numa final será sempre positivo, mas esse estatuto foi conquistado pelas gerações passadas e à custa de títulos e mais títulos, que chamaram os adeptos em massa e tornaram o Sporting num gigante.

Que todos saibam, dia 20 de Maio, que a responsabilidade da grandeza do Sporting tem muito pouco a ver com cada um deles enquanto indivíduos. Que se lembrem do pouco que ainda conquistaram e que não permitam que um clube, com legitimas aspirações de sonhar, seja o obstáculo nos seus caminhos para a Glória.

O Sporting precisa de continuar a ganhar mas, mais que isso, aqueles jogadores precisam de confirmar o estatuto de estarem preparados para os maiores desafios do futebol actual. Todos eles ganharam pouco, muito pouco, e a vontade de inverter isso mesmo tem de entrar em campo naquela tarde. Só assim anularemos um corajoso e destemido Aves. Assim e com os milhares de adeptos verdes e brancos, que transformarão (mais uma vez) o Jamor em Alvalade.

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*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa