Considerando a actual situação do Universo Sporting, acho que uma análise às questões ideológicas que existem dentro do clube tem interesse para todos os sportinguistas que terão de tomar decisões relativamente ao clube.
Também julgo que após a minha análise mais aprofundada a Bruno de Carvalho presidente no mês passado, análises mais superficiais dos putativos candidatos à presidência, baseadas no meu modelo ideológico, poderão também ser interessantes e incluo-as neste texto.
Matriz Sporting
Há uma matriz de correntes ideológicas subjacente a todas as discussões do Sporting. A ideologia Sporting consegue ser definida por um eixo Clube da Elite versus Clube Popular e outro eixo que coloca Sporting Clube versus Sporting SAD.
Esclarecendo os meus termos:
– Clube Elitista significa o movimento que deseja que o clube seja liderado por pessoas ligadas à Intelligentsia nacional nomeadamente a elite Lisboeta
– Clube Popular significa a tentativa de envolvimento e apelo às bases do clube normalmente através do discurso mais populista e ao envolvimento das bases na vida do clube
– Sporting SAD refere-se a sportinguistas que são principalmente adeptos de futebol e – no limite – apoiariam a entrada de investidores na SAD de forma a alavancar financeiramente a equipa de futebol
– Sporting Clube promove o clube e o ecletismo como ponto fulcral do Sporting. O extremo será quem defende que a SAD devia ser dissolvida e que tudo deveria estar focado no clube.
Rogério Alves
Antigo PMAG de Soares Franco, candidato a PMAG nas listas de Godinho Lopes, comentador desportivo e advogado de Sobrinho, apoiado por Ricciardi, é claramente um candidato associado a interesses económicos variados.
Está a planear candidatar-se (ou apoiar uma candidatura de João Benedito ou outra cara popular) há alguns anos. Ideologicamente está claramente no quadrante 1 e é um candidato que irá atrair antigos fantasmas do Projecto Roquette mas ao mesmo tempo apoios relevantes dentro do Sporting e da sociedade portuguesa.
Tem o poder da oratória e tem a simpatia de muitos sportinguistas que valorizam essa qualidade.
Frederico Varandas
Planeia esta recente proto-candidatura há tempo suficiente para haver tweets do Diogo Bernardo a sugerir que há “outros sportinguistas que podiam ser candidatos” quando ainda só se falava de Rogério Alves. Está igualmente a fazer uma aposta séria e concreta quando se vê o Luís Paixão Martins a fazer vários tweets de apoio à candidatura logo momentos após a nota de demissão ter sido publicada de manhã. Com direito a hashtag e tudo!
Claro que, assessorado oficiosamente pela LPMcom, se desdobrou imediatamente em diversas entrevistas e teve artigos elogiosos escritos e publicados no próprio dia. Um bom trabalho, como é habitual.
Foi um excelente director clínico, será com certeza um excelente candidato, mas causa-me estranheza que haja tanta gente tão pronta a apoiá-lo sem saber quem o acompanha, o seu programa, ou os seus objectivos para o Sporting Clube de Portugal. Deu um tiro no pé gigante quando diz que só com ele os jogadores ficam, que é não só uma chantagem infeliz como uma afirmação desligada da realidade do clube e dos seus formalismos.
Julgando puramente pelo seu comunicado e pelas suas palavras nas entrevistas, enquadro Varandas num quadrante 2. A ser reavaliado quando se souber mais sobre as suas ideias.
Bruno de Carvalho
Bruno de Carvalho ideologicamente está no quadrante 4. Em todas as suas acções de gestão tem-se visto que privilegia o clube (quotização totalmente no clube, modalidades, etc.) e privilegia a matriz popular do Sporting (escalões de sócio, discurso populista, etc.). É o Presidente do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal e está neste momento a liderar uma série de negociações que, a concluírem-se, seriam muito positivas para o Clube aumentando o seu controlo sobre a SAD.
Ultimamente Bruno de Carvalho tem dado muitos tiros nos pés, a sua dificuldade em comunicar com eficácia é por demais evidente, a campanha na CS tem desgastado a sua imagem até à exaustão, há sportinguistas cansados do Bruno de Carvalho, tem demorado a aprender certas coisas e tem sido sem dúvida parte do problema. Com o retorno de Inácio e a entrada de Fernando Correia, está finalmente a mostrar que aprendeu alguma coisa.
Sendo alguém que privilegia o clube acima da SAD, é natural que os atletas das 54 modalidades que não o Futebol Sénior Masculino o apoiem publicamente.
Conclusão
Espero que de certa forma eu ajude a que a discussão entre sportinguistas seja racional e sobre o Sporting e não sejam ameaças, chantagens, extremismos, hipocrisia, medos ou ódios, como se tem visto no Twitter ultimamente. Fica aqui o meu desejo – talvez vão – de que o sectarismo extremista desapareça do Sporting e que TODOS os sportinguistas percebam as suas responsabilidades na situação actual de todo o Universo Sporting.
ESTE POST É DA AUTORIA DE… Miguel Graça
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
30 Maio, 2018 at 18:46
estou no 4 com toda a consciência de um sócio que já vê o SCP à 64 anos, nunca gostei da ideia de um clube elitista e de castas e muito menos de aventais, sou apoiante profundo de BC, porque tenho memória e não sou ingrato. SL
30 Maio, 2018 at 18:55
Como considero que o Sporting deve ser um clube de pessoas para pessoas, sou absolutamente contra tudo o que seja elitista, pelo que tenho repulsa por “notáveis”, que muitas vezes nem percebo porque são “notáveis?”
Adoro futebol, mas também adoro modalidades. A minha mãe cada vez mais gosta de seguir futsal, andebol…
Eu tudo onde o SCP aparece, passa a ser do meu interesse. Pode ser mais (voleibol, andebol, futsal, goalball) ou menos (ciclismo não me cativa muito), mas quero sempre saber resultados e esperar por vitórias do meu clube.
Considero-me um 4 com um pouco do 3, pois também vou percebendo as necessidades a nível financeiro, das SAD’s e isso.
Abraço de leão
30 Maio, 2018 at 21:43
LOLOL
Gostei, especialmente, dos ” etc ” apenas no BdC.
E também gostei do populista no BdC, mas o gajo a dar entervistas e a falar da guerra, com as fotos por trás ( e como fundo ), enquanto ria e sorria, não é populista.
Popular não é ( bem ) o mesmo que populista.
O BdC tornou-se popular, por diversas razões, 90% delas boas, bem como democrático.
Têm-no tornado num ” bicho papão ” através da Intoxicação Social, o populismo, que chega às massas.
O ” aparentemente ” bom, do Dr Varandim, é populista ( Ou tentou ser, mas é muito insonso ).
Outros pontos/soltas:
Isso da intelligentsia, tem muito que se lhe diga. Tanto progressiva, como regressiva.
O que semrpe aconteceu no Sporting, foi regressivo ( Até ao fundo, como queriam ), bem como a maioria não querer nada dos bem falantes, engravatados e com discurso de palmadinhas nas costas e tudo e todos.
Lá está, há as minorias e centenas/milhares de adeptos/sócios.
Mas essas poucas pessoas, em universos de 150 000 ou 3.5M são irrisórias ( para a estatística/matriz )
Dos acima mencionados, não me insiro em nenhum ( isso também são divisões. Mesmo sendo para um ponto de vista, enão um estduo, tudo bem, foi um exercício pessoal. Mas não revejo EM NADA, o Sporting nisso. Até porque pegaram em supostos candidatos a nada, para tentar ” criar ” a tal matriz/divisão. O que não faz sentido. Uma coisa é haver, já, isso tudo de que falas. Outra coisa é dar a ” cara ” e escrever nomes, que apareceram de forma repentina, e que em nada traduzem ese estudo pessoal )
Mas… recuperando a parte de como comecei.. Não sou de nenhum desses 4 quadrantes.
Sou do Sporting Clube de Portugal.
Da qual fazem parte os sócios, adeptos, modalidades, SAD, os constnates maldizetnes e interesseiros ( que volta e meia desaparecem/aparecem, daí esse estudo/matriz fazer-me rir, ao invés de me dar algo para pensar, como um outro ponto de vista com interesse ).
Mas hey.
Continuem a dizer que há mesmo divisão devido a umas quantas personalidades, em vez de dizerem que sempre haverá ódio a uma pessoa, só porque sim, de apenas umas centenas / uns milhares, de pessoas ( Onde estão incluídos muitos desses que se pensam de elite, que se auto inserem na intelligentsia, dos também nojáveis, e dos interesseiros externos )
Sporting Clube de Portugal
É onde me insiro.
30 Maio, 2018 at 21:56
Bem visto, eu também
31 Maio, 2018 at 1:22
Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. Se ser elitista é achar que só quem treinou e praticou sob estas cores é que percebe o que isto quer dizer, eu sou um desses. Mas o SPORTING é amado em todas as classes sociais desde os tempos do Pireza…
Sou pelo Clube nacional, eclético, pioneiro, inspirado pelos valores Olímpicos, que exclui política e religião, de braços abertos para todos os que querem ser alunos da meljor escola de atletas do país (basta repassar os contributos para jogos olímpicos, em títulos internacionais e todas as selecções nacionais). E quero 2/3 da SAD nas mãos do clube para Sempre.
31 Maio, 2018 at 18:34
Sou Bruno de Carvalho, apesar de tudo, porque com Bruno nunca mais ouvi o presidente do Nacional da Madeira dizer que não vendia ao Sporting o jogador B por não querer reforçar um CONCORRENTE.
Acredito que alguém com 47 anos possa mudar, e as medidas que tomou recentemente, Inácio, Fernando Correia vem ao encontro do que digo. Bruno de Carvalho foi o único presidente do Sporting a enfrentar a máfia instalada. Bruno de Carvalho com mais calma e calculismo é o presidente de que o clube precisa.
Não falo das alternativas enquanto não forem convocadas eleições.
SL
2 Junho, 2018 at 10:24
Uma personalidade como a de Bruno de Carvalho no sector 1, faria rapidamente do Sporting um candidato anual a vencer a liga dos campeões. Também faria do Sporting, contrariando a sua traição centenária, exclusivamente um Clube de futebol.
O risco é enorme porque se amontoam todos os ovos num único cesto. Quando algo corre mal, tudo corre mal. O Pinto da Costa percebeu isso e fez do Porto um clube eclético, o que não era antes.
No Sector 4 a mesma personalidade faz maravilhas e torna-se também indispensável ao sucesso. O lado empresarial em Portugal carece, ainda de gestores com a personalidade de Bruno de Carvalho. O Português médio vive em permanente deficit cultural.
Quando trabalhei em Essen, na Krupp, os operários da fábrica tinham actividades diárias de lazer e de formação cultural que constituíam um factor indispensável de desenvolvimento dos níveis de qualidade da produção.
Nos 5 dias úteis de trabalho, repartiam-se actividades físicas com a Família, com actividades físicas individuais, Música, assistência a conferências, actividades musicais com a Família e Xadrês. Jogar Xadrês num clube depois do trabalho é muito comum, ensaiar numa orquestra ou numa banda, também. Pintar, esculpir, produzir música ou filmes são actividades, todas estas em que muitos operários se envolvem. Grupos de leitura e desenvolvimento pessoal, também é vulgar ver as pessoas a enveredarem por esse caminho.
Cá em Portugal o pessoal lê a bola o Record e o Jogo, vê e mama tudo que é programa desportivo e telenovelas e por isso somos a realidade que somos.
O ecletismo dos Alemães é um traço de personalidade base do Povo Alemão. São clubistas e deliram no futebol de uma forma que não suspeitamos sequer mas, também têm uma gama muito vasta de outros interesses.
Na Alemanha a personalidade dos Gestores não pode ser a de Bruno de Carvalho mas, também não seria exigível que só ele fosse exigente pois, os Alemães são extraordinariamente exigentes com eles-mesmos.
O Sporting se quiser ser grande precisa ser eclético, vitorioso e de ter Bruno de Carvalho à frente dos seus destinos.
2 Junho, 2018 at 12:03
Sou de opinião que Bruno de Carvalho é essencial ao Sporting. Também penso que Bruno de Carvalho não é um génio mas, é muito inteligente e que este abalo o fez aprender aquilo que lhe faltava para se tornar um Presidente de excelência.
A inteligência emocional desertou Bruno de Carvalho à nascença. A inteligência comum supera essa falta de inteligência emocional. Bruno de Carvalho se quiser pode perfeitamente agir como se fosse Senhor duma inteligência emocional invejável. Já o vi fazer isso e já o vi fazer o contrário.
O relacionamento com sócios e adeptos é demonstração cabal do que é um comportamento emocionalmente inteligente da parte dele.
A forma como se relaciona com a equipe de futebol é demonstração do contrário. Começou de forma excelente e depois, descambou, numa fase da vida em que os problemas familiares, a saúde e os ataques de que é alvo o fizeram perder o controle emocional de forma abrupta, perante um desaire e o frustrar dos mais importantes objectivos do futebol. Foi um período negro que sei estar superado. Estou convencido que foi o mais duro período de aprendizagem da sua ainda jovem vida. Teve de ser. Tem custos mas, para bem do Sporting, foi importantíssimo que lhe tenha servido de lição, desde que a sua vontade tenaz se oriente para suprimir o comportamento desviante que revelou em duas semanas críticas para nós.
Deitou tudo a perder? É evidente que não. Tudo aquilo que Bruno de Carvalho construiu acrescentou de tal forma valor ao Sporting que, só alguém de extraordinária má-fé poderá destruir. Terá de ser alguém que venha embuído dessa intenção ou que não a tendo directamente, subordine o Interesse do Sporting aos seus interesses individuais. Marta Soares fez isso mesmo. Causou ao Sporting um prejuízo infinitamente maior que aquele que Bruno de Carvalho terá gerado nas duas “terribilis” semanas.
Os primas-donas que queiram rescindir, força. Entrem nesse braço de ferro com um Presidente que descortina à légua como minimizar os danos ao Sporting. Bruno jamais cederá. O fundamento para a Justa Causa é ténue do ponto de vista jurídico. Um superior hierárquico pode ser mais ou menos áspero, mais ou menos educado mas tem a legitimidade de dar instruções aos gritos ou de criticar a qualidade do trabalho aos gritos. Os gritos não constituem justa causa de despedimento.
O ataque à academia é melhor para os jogadores nem ser mencionado nas cartas de rescisão unilateral. Se o invocarem, designadamente em Tribunal, poderão ver-se acusados de litigância de má-fé.
Há tempo para pôr as correspondentes acções judiciais aos jogadores, solicitando a nulidade das rescisões do contrato e há tempo para lhes ser pedido o pagamento das cláusulas de rescisão, caso queiram ficar livres. Duvido que algum Clube no Mundo dê ao Rui um prémio de assinatura de 60 Milhões de Euros para que os entregue ao Sporting. Mesmo metade é completamente improvável.
Qualquer entidade patronal olhará para os que rescindam com elevadíssima desconfiança e com receio de, no futuro, virem a ter com eles o comportamento que tenham agora no Sporting.
A rescisão unilateral e injustificada dos contratos de Trabalho por alguns jogadores fará descer drasticamente os correspondentes valores de mercado.
Os Tribunais só fecham em Julho para férias judiciais. Há tempo, também, para informar a FIFA e a UEFA do ocorrido e desencadear os mecanismos internacionais de inibição de inscrição dos prevaricadores enquanto o assunto não esteja resolvido.
Há braços de ferro que é melhor não se procurar. O Rui, por exemplo, arrisca um regredir na carreira abrupto quando, por outro lado, caso se venha a entender com o Sporting, poderá sair em termos de normalidade. Tem de ter em atenção o velho ditado Português que já vi corresponder à realidade, inúmeras vezes na vida: – Ou estás crivado de razão e de certezas ou, então, com o teu amo não jogues as peras.