Domingos Duarte aponta à equipa principal do Sporting em 2018/2019. Depois dos empréstimos ao Belenenses e ao Desp. Chaves, o central português acredita que pode ser aposta do novo treinador dos leões.
Ainda sem se saber quem substituirá Jorge Jesus, Domingos Duarte diz que tem trabalhado para corresponder e dar o melhor no seu «clube de sempre» e no qual está desde 2011/2012, depois de deixar o Estoril para rumar aos juvenis do Sporting.

Em entrevista ao Maisfutebol, o jovem jogador falou da formação em Alcochete e da boa época que fez em Chaves sob o comando de Luís Castro, um treinador que só lhe merece elogios, olhando também para o futuro em termos de clube e de seleção.

Na época passada fez a pré-época na equipa principal do Sporting. Já sabe como vai ser a próxima temporada?
Não. Sei apenas que tenho de me apresentar no dia 21 de junho, que é quando começa a pré-época.

Jorge Jesus já assinou pelo Al Hilal e não vai ser o treinador na próxima temporada, não se sabendo ainda quem lhe seguirá. Como foi a pré-época passada com ele?
Foi ótima, é um treinador que sabe muito disto. Foi uma boa experiência. Acabei por não ficar, mas foi o melhor para mim. Sabia que com Mathieu, Coates e André Pinto não iria jogar muito, pois o Jesus gosta de apostar em jogadores mais velhos nessa posição. Ainda apostou no Rúben Semedo, o que foi bom para ele, mas infelizmente agora está como está.

…a decisão de sair foi do Domingos?
Sim, tomei eu essa iniciativa pelo que já disse e porque, aos 21/22 anos, na fase inicial de sénior, ficar parado nunca é bom. Não teria sido bom para o meu desenvolvimento.

Quem também foi emprestado, e ao Desp. Chaves, foi o Matheus Pereira que se destacou de sobremaneira. Está na altura de também lhe ser dada a oportunidade em Alvalade?
Não começou bem, porque não foi fácil, mas, com a ajuda de todos, melhorou e viu-se como terminou a temporada. Fala-se de ir para aqui ou ali, mas esqueçam: o Matheus vai ficar no Sporting, quase de certeza. Acho que está mais do que na altura de ser aposta. Se tiver cabecinha, sei que vai correr bem.

Acredito que o seu maior sonho seja também ficar e afirmar-se no Sporting, não é?
Claro que é o meu sonho, sou sócio do Sporting desde que nasci – desde o primeiro dia, pelo menos é o que diz o meu avô que foi ele que tratou disso (risos). A minha parte está feita, agora é trabalhar bem na pré-época. Não digo que sou melhor ou pior do que este ou aquele, mas acho que tenho capacidades para ficar. Ainda assim, sei que não depende só de mim, tenho de convencer o treinador.

Domingos, Matheus e também Francisco Geraldes e Carlos Mané como o Sporting já disse querer. Acredita numa equipa com vários jogadores da formação, como foi, por exemplo, com Leonardo Jardim?
Acredito. Os jogadores que estiveram emprestados esta temporada provaram a qualidade que têm e que o Sporting tem ao nível da formação. E mesmo os que ficaram fizeram o mesmo. O Sporting tem jogadores suficientes, de muita qualidade, para voltar a apostar de forma mais concreta na formação.

Há quem diga que os jogadores da formação sentem mais o clube, têm uma cultura diferente dos que chegam…
Sim, sem dúvida. São muitos anos. Acrescentam o verdadeiro sportinguismo, que também é importante dentro de campo. Quem chega não sabe o que é viver e jogar num clube assim. Somos diferentes, acho difícil haver clubes como o Sporting, e os da formação sabem muito bem disso. Tal como os adeptos, o nosso sentir, mesmo sem títulos, é totalmente diferente dos outros. Os sportinguistas estão sempre lá, mesmo que a bola não entre.

Chegou ao Sporting com 17 anos. Como foi a formação em Alcochete?
Foi ótima, o trabalho na formação do Sporting é muito bom. Em termos de organização é completamente diferente e confesso que ao início para mim foi um choque, tinha chegado do Estoril e apareceram-me à frente jogadores já com nome. Foi uma espécie de integração ao futebol profissional dentro do juvenil.

A sua equipa tinha Gelson Martins, Francisco Geraldes, Podence…
Sim, muitos nomes que ainda estão no Sporting.

Não viveu na Academia, ao contrário de outros. Ia desde a Linha de Cascais todos os dias para Alcochete…
Sim, íamos de autocarro todos os dias. Eu, o Podence, Bruno Wilson… Era um trajeto longo, com muitos quilómetros, mas fazia-se bem. Íamos todos na galhofa e por isso passava num instante. Íamos a falar, a ouvir musica e a gozar… com o Podence (risos).

Ainda hoje é assim, não é? Brincar com o Podence…
É, e o Francisco Geraldes não perdoa (risos).

Depois foram todos para a equipa B. O Sporting acabou agora com ela, dando lugar à equipa de sub-23 num novo campeonato.
Sim e acho que vai ser bom para potenciar a formação. O Sporting B nunca esteve confortável na tabela, quando precisavam descia alguém e nesse momento ‘cortavam’ as pernas aos mais novos que estavam em processo de crescimento só por causa dos resultados. Não era bom para nós…

Mas a competitividade na II Liga era uma mais-valia para vocês ou não?
Sim, claro. Tinha muitos aspetos positivos obviamente. Jogar contra jogadores muito experientes, alguns já com 30 anos e muitos anos de futebol, era muito bom. Acabava-se por crescer.

Quem desceu agora à II Liga foi o Estoril, o seu primeiro clube…
Sim, fiquei triste pelo que o clube me diz. É pena o Estoril ter descido, mas de certeza que vão fazer um projeto para subir e pode ser que subam já para o ano.

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Segunda época de empréstimos. Depois do Belenenses, o Desp. Chaves e a mesma quantidade de jogos: 32. Que balanço faz desta temporada?
Um balanço muito bom. Para mim foi uma temporada muito boa e aquela em que me senti melhor em termos de jogo e fisicamente. Fiz 32 jogos, é verdade, foi desgastante, mas não tanto como poderia ter sido pois não fomos muito longe na Taça da Liga e na de Portugal.

E o que retira deste empréstimo ao Desp. Chaves?
Sobretudo, desenvolvimento pessoal. Sinto que cresci muito, também por ter Luís Castro como treinador. Antes de ir, no verão passado, falei com o Rafa Soares – que o conhecia do FC Porto e do Rio Ave – e por isso sabia o que ia encontrar e como é que ele me poderia ajudar. Depois do que ouvi tomei essa decisão e foi a mais acertada.

As qualidades de Luís Castro são inegáveis…
Sim, é um treinador muito bom sem dúvida nenhuma. Espero que lhe corra tudo bem no Vitória. Em termos futebolísticos toda a gente já o conhece. Eu conheci também o lado mais humano dele e não tenho rigorosamente nada a apontar. Por exemplo, para o Matheus [Pereira] foi quase como um pai porque foi a primeira experiência dele fora do Sporting e ao início não foi fácil para ele.

O Desp. Chaves foi das equipas a jogar melhor futebol ao longo de toda a época. É mais fácil jogar com a ideia de jogo que Luís Castro tem, não é?
Muito mais. O melhor para nós, jogadores, é jogar e divertirmo-nos e com ele isso acontecia. Até o guarda-redes tinha liberdade para sair a jogar com os pés. Muita gente achou estranho jogarmos assim, por sermos o Desp. Chaves, mas a verdade é que jogar assim é melhor para todos, para quem joga e para quem vê.

Ainda assim, em termos de resultados, a época não começou bem e houve também alguns altos e baixos ao longo dos meses. Nunca desesperaram?
Não. Não começámos bem, é verdade, mas percebia-se que havia ali um crescimento. Mantivemos sempre a mesma ideia de jogo, de sair por trás, sem alterar nada até porque sabíamos que as coisas iam resultar mais tarde ou mais cedo e isso aconteceu.

Apesar de tudo ficaram em sexto e foi a melhor posição de sempre do Desp. Chaves. Foi uma classificação justa?
Justa ou não acho que se não nos tivessem impedido podíamos ter acabado noutra posição, mas estivemos bem. Claro que agora também, olhando para trás, percebemos que houve jogos em que podíamos ter feito melhor contra uma ou outra equipa. Confesso que depois do jogo com o Rio Ave [jogo polémico em que o Desp. Chaves acabou por perder], foi complicado para nós digerir a derrota. Sentimos alguma injustiça e isso prejudicou-nos também depois.


Tínhamos algumas hipóteses de chegar ao quinto lugar que daria acesso à Europa. Queríamos ir e sentimos que não nos deixaram. Depois da derrota com o Rio Ave estávamos completamente arredados… e claro que isso se sente depois em campo. Para o Desp. Chaves o sexto lugar foi bom, mas o quinto teria sido melhor e justo também.

E como foi viver em Chaves?
Difícil, também porque foi a minha primeira experiência fora de casa. No empréstimo ao Belenenses continuei aqui em Lisboa e a viver com a minha família. Para lá fui e fiquei sozinho, mas as pessoas do Norte são muito afáveis e gostam de ajudar, tornando tudo mais fácil. Mas lá não havia muito para fazer, não havia um shopping e cinema era só à sexta e ao sábado e nesses dias eu tinha estágio ou jogo. Acabava por ir ao Porto ou a Guimarães uma vez por semana, pelo menos.

Safou-se a viver sozinho pela primeira vez?
(risos) Sim. Vivia num apartamento, era eu que tinha de fazer tudo. Almoçava fora e tinha de cozinhar ao jantar.

Tem 26 internacionalizações e, aos 22 anos, já não tem idade para os escalões de formação. Acredita na chegada à seleção principal no futuro?
Se eu não acreditar, quem vai acreditar? (risos) Acredito, pois a qualquer momento vai haver uma renovação, que aliás já começou. Os nossos centrais são muito bons, mas infelizmente já não deverão jogar muitos mais anos e por isso haverá espaço para os mais novos em breve.

O centro da defesa é «um problema», não há atualmente muitos portugueses a jogar nessa posição nas grandes equipas. Concorda quando se fala em problema ou na formação, e falando de si e dos da sua idade, há centrais para dar garantias à seleção?
Não haver muitos centrais é bom para mim (risos). Mas sim, há alguns para dar garantias: além do Rúben Dias, o Ilori, o Pedro Mendes, o Egar Ié – que agora tem jogado mais a lateral direito… Ainda assim, sejam muitos ou poucos, também depende de mim. Se fizer bem as coisas e gostarem, é mais fácil lá chegar.