Lembro-me de aqui há uns anos ter sugerido aqui na tasca que o Sporting teria de acautelar devidamente os contratos com os jogadores formados internamente, designadamente na altura da passagem para a Academia e, depois, no momento da celebração do primeiro contrato profissional.

Já introduzimos cláusulas penais pesadas nos contratos para prevenir rescisões… pois é. É manifestamente insuficiente, como está à vista de todos.

Pontos desfavoráveis ao exercício de controle sobre as decisões do jogador que celebra connosco “o contrato profissional” contra os quais o Sporting está completamente desprotegido:

1. As Famílias dos jogadores são fáceis de aliciar com o aceno mais ou menos subtil de verbas de que nunca pensaram vir a dispor mas que agentes colocam à sua disposição, “a fundo perdido”.

2. O próprio jovem jogador é facilmente (via família) convencido a agenciar determinado empresário (aquele que lhes paga uma renda mensal de dois mil Euros, por exemplo) que o Sporting não consegue controlar.

3. Até à maioridade são os pais ou tutores, quem decide pelo nosso formando, com a “consultoria” do agente que domina a Família do Jogador.

Pontos favoráveis ao exercício de controle sobre as decisões do jogador que celebra connosco “o contrato profissional” :

1. A formação de um jogador no Sporting e a partir do seu ingresso na Academia pode ter uma duração que vai dos 13 anos do miúdo até aos vinte, pelo menos.

2. O custo da formação envolve o “know how” do Sporting e os custos associados ao desenvolvimento da actividade. Todos eles.
Os custos que qualquer academia suporta (sejam desportivos propriamente ditos, sejam custos associados de qualquer outra natureza) deverão cifrar-se nos 25.000,00/ano por jogador. Estes custos representam o valor de um terço do custo total que a diferenciação da Academia de Alcochete assegura à cabeça.

3. Portanto há uma “propina de 75 mil euros anuais” que o Sporting assegura, a fundo perdido. Estamos a falar de 180 a 250 formandos do sexo masculino e mais 100 do sexo feminino. Na academia treinam as equipes profissionais mas para simplificar (até conceptualmente) vamos excluí-las desta equação. De qualquer modo estamos a falar de 350 formandos em permanência, ano a ano.

4. Ora 350 formandos correspondem a uma “propina” anual de mais de 20 Milhões de Euros, um custo de exploração na ordem dos 17 Milhões e a remuneração da actividade, na ordem de 3 Milhões de euros anuais (lucro bruto).

5. Como não vendemos a propina e antes a suportamos, estamos a falar de um custo efectivo de exploração de cerca de 22 Milhões que apenas são ressarcidos na medida em que “lucramos” na venda de um jogador senior formado por nós.

Depois vem um agente e pimba lixa isto tudo por um custo cento e poucos mil Euros. O Jogador é vendido por 30 Milhões (João Mário, por exemplo), o empresário vai buscar 3 Milhões sem fazer a ponta dum corno ou pior, faz-nos aquilo que os SG (Só Golpadas) nos fizeram, sacando-nos todos os melhores jogadores do plantel a “custo Zero” (as consequências que vão favorecer ou, antes minimizar, o prejuízo, demorarão anos a fazer-se sentir).

Arriscamo-nos, por causa desta merda a perder ainda o melhor Presidente que o Sporting teve na sua existência de mais de 112 anos pois, grande parte dos Sportinguistas são tão básicos quanto o são os do gatunos ou do porco mas, têm direito a voto. São fanáticos e sócios há muitos anos e têm direito a muitos votos.

6. Que proponho?

Que quando da entrada de um jogador para a Academia seja feito um contrato de formação incluindo as seguintes estipulações.

A) que o contrato seja para a duração da formação, até o jogador fazer 20 anos.

B) Que a propina seja da responsabilidade do Sporting a não ser que…. elencar um número de situações e circunstâncias que, caso se verifiquem, passará a constituir uma dívida dos encarregados de educação do jogador para com o Sporting (depois as medidas necessárias para garantir a seriedade do contrato como, por exemplo a assinatura por ambos os cônjuges ou, de quem exerce esses direitos e deveres face ao jogador, de uma letra preenchida com o valor total da propina do jogador, até final da formação.

Nota em paralelo:
O Sporting tem de constituir um “Conselho de Provedoria e tutela de Jogadores menores, constituídos por pessoas íntegras da estrutura e de fora do Sporting que inclua:
a) Um Juiz de Direito ligado à tutela de menores,
b) Um Advogado
c) Um médico Psiquiatra ou um Psicólogo
d) Um licenciado em Assistência Social
e) Um Administrador da Sad do Sporting (Presidente)
f) Um ex-jogador que trabalhe no Clube
g) O Responsável da Formação em Alcochete
h) O treinador da Equipe Júnior B (Juvenis)

O Presidente tem voto de desempate.

O Sporting terá ainda de constituir uma sociedade de agenciamento e representação de jogadores na qual a SAD mantenha 76% do capital e dois sócios externos (de preferência antigos jogadores, absolutamente fiéis ao Sporting) com competência para se tornarem “agentes FIFA”.

Voltando à “Vaca Fria”:

7. No contrato de Formação os Pais delegarão no Sporting o direito de representação do Jogador até final da formação ou, até o Jogador atingir a maioridade. Essa delegação no Sporting será através do Conselho de Provedoria do jogador.

8. O contrato profissional seja o primeiro, seja o segundo, terá sempre uma duração não inferior a seis anos e envolverá:
A SAD, o Jogador, o Conselho de Provedoria, a agência de representação dos jogadores.

9. A cláusula Penal por rescisão será 95% pagável à SAD e 5% à agência de representação do jogador que, para todos os efeitos, é nossa.

São estes os contornos da mandíbula de protecção dos nossos direitos que aconselharia a Bruno de Carvalho.

Esta proposta só faz sentido se o Conselho Directivo do Sporting e a Administração da SAD forem constituídos por gente séria que faça entrar cada cêntimo nos cofres do Sporting. Este conselho já provou que o é no entanto, se forem vígaros, é dar-lhes o manto da invisibilidade, para fazerem toda a casta de vigarices que entendam.

O actual Conselho Directivo é sério. Já o provou. Os que agora assaltam o Castelo, são vigaristas. Também o provaram já.

Que vamos decidir?

Aos dezoito anos o Jogador faz o primeiro contrato profissional. Caso seja chamado à Equipe A antes dos 23, faz o segundo contrato profissional. Em qualquer