20982361_zYZNTAinda me lembro de não ter voz. De andar pela rua cabisbaixo e encontrar tão poucos com orgulho de envergar o Leão Rampante. Ainda me lembro de me sentir impotente, incapaz de mudar o curso dos acontecimentos perante os Senhores Feudais que, entre Project Finance, alienação de património e reestrurações mágicas, depauperavam e enfraqueciam progressivamente o nosso clube.

Ainda me lembro de como éramos menos sócios, com os media controlados a dizer que não havia alternativa aos Senhores Feudais e que só a credibilidade destes podia salvar o Sporting. Também me lembro de como demorou anos até existir alguém em que os Sportinguistas pudessem depositar esperanças de reverter o caminho para o abismo e recuperar, centímetro a centímetro, o controlo do Clube.

Ainda me lembro de ver um Sporting a lutar pela sobrevivência sem timoneiro, sem ideias, perdido na 2.ª metade inferior da tabela, a vender capitães de equipa por 750 mil euros para pagar contas da electricidade. Ainda me lembro de nos alertarem para os Aventureiros que vinham destruir ainda mais o Sporting já que o Sporting não tinha salvação e tinha de ser alienado. Ainda me lembro de nos baterem nas costas e dizerem que era preciso um Sporting forte.

Ainda me lembro dos Senhores Feudais desaparecerem no momento de maior dificuldade da história do Clube para se reagruparem e voltarem quando o Sporting estivesse novamente forte. Ainda me lembro de como, pelo meio de tanta desconfiança, emergiu uma equipa forte que bateu o pé ao estado de coisas que se vivia, sempre indo contra a corrente dos media.

Ainda me lembro como não havia melhor treinador que Jesualdo Ferreira e os media unanimemente apontavam a loucura de não renovar com ele. Lembro-me também de como esta história se repetiu vezes sem conta, sempre com os mesmos argumentos mas, invariavelmente, com o mesmo desfecho positivo para o Sporting.

Ainda me lembro de não termos Pavilhão e de não acreditarmos ser possível ter um Pavilhão, já que todos os credíveis entendiam ser impossível concretizar esse sonho, dizendo ser a promessa de um populista.

Ainda me lembro de não contarmos para nada, politica e desportivamente. Ainda me lembro dos Sócios não contarem para nada, nem sequer para eleger os Presidentes.

Ainda me lembro de todos os que hoje pedem eleições se unirem a um Presidente que tinha apresentado perto de 100 milhões de prejuízo acumulado em 2 anos de mandato e tinha o plantel principal com quase 3 meses de salário em atraso.

Ainda me lembro de pedirmos perdão por defender os interesses do Sporting e muitas vezes abdicarmos de os defender em prol de mantermos boas relações com os nossos rivais (para não dizer inimigos). Ainda me lembro de todos ganharem com o Sporting menos os Sócios do Sporting.

Mas há 5 anos atrás abriu-se um foco de esperança. Uma pequena luz entre a escuridão. Nas palavras de Jorge de Sena, “Uma pequenina luz bruxuleante e muda, como a exactidão como a firmeza, como a justiça. Apenas como elas. Mas brilha. Não na distância. Aqui No meio de nós. Brilha.” E esta luz, este movimento, às vezes incerto, tão poucas vezes linear, mas sempre brilhante, inundou-nos de esperança, força e de motivação.

Esta luz permitiu-nos tirar de novo o pó ao orgulho de ser Sporting, despertou em nós novamente aquela paixão que estava perdida por nos terem afastado do nosso Amor, uma luz que começou a brilhar intensamente no meio de nós e nos levou em massa para a rua a gritar “SPORTINGGGGGGGGG!” outra vez, de camisola vestida e envergada com orgulho!

Fez-nos acreditar que podíamos ser realmente um Clube diferente no panorama mundial! Um Clube em que cada sócio conta, um Clube que admira e idolatra o João Matos, o Miguel Maia, o Carlos Ruesga na mesma medida que idolatra uma estrela da equipa de futebol 11! Um Clube que não cede a interesses de empresários e que quer mudar a face do futebol mundial! Um Clube que luta até ao fim com uma alma e uma paixão de quem sabe que está a trilhar o caminho da verdade e a recusar vender-se aos interesses para ganhar a qualquer custo!

Quer queiram, quer não, é esse Clube que nos querem retirar novamente. Quer acreditem, quer não, estas pessoas que desfilam pelas televisões novamente já tiveram a sua oportunidade e já demonstraram que não acreditam nem comungam deste projeto ambicioso, tão idealista mas concretizável que vivemos estes últimos anos. Os Senhores Feudais são exatamente os mesmos a representar exatamente os mesmos interesses.

Acreditem ou não, nos últimos 10 anos o Sporting que mais me fascinou foi o Sporting no ano de Leonardo Jardim. O ano em que, sem meios mas com muita imaginação e coração, vivemos de mãos dados, acreditando que a vontade, a raça e a verdade fariam a diferença. E quando vejo o menino Carlos Mané a voltar e a dizer as saudades que teve nossas, eu sei que ele sabe e sente o mesmo que eu: O Sporting é nosso outra vez e juntos vamos conseguir vencer!

Não os deixem tirar-nos o Sporting novamente porque, desta vez, dificilmente haverá maneira de voltarmos a sonhar!

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Hanuch Kmet
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]