A minha confiança em BdC foi quebrada em Fevereiro, por ocasião da ‘imposição’ de alterações estatutárias que entendi serem atentatórias de princípios básicos da Democracia. Não vale a pena escalpelizar tais alterações: em minha opinião, configuram uma limitação significativa ao funcionamento democrático do Clube e permitem uma excessiva presidencialização do Sporting.

Como se isto não bastasse, foram aprovadas num cenário de chantagem inaceitável, colocando os sócios perante um dilema (quase) irresolúvel; a maioria temeu um vazio e ofereceu a BdC ainda mais do que ele exigiu. Para lá da balbúrdia destes dias, aquela atitude de BdC significou a ultrapassagem de uma linha essencial para mim: não convivo bem com iluminados e não quero sujeitar-me a ditadores ou, sequer, candidatos a ditadores.

Tudo o que aconteceu daí até hoje vem reforçando a minha distância relativamente a BdC: não só insistia em práticas que já me mereciam reservas durante o primeiro mandato (designadamente ao nível da comunicação e das guerras abertas contra tudo o que mexia), como ainda abriu mais frentes de ‘batalha’ – a insistência em classificar os Sportinguistas, a ‘importância’ que dedicava a uma ‘oposição’ praticamente inexistente, os conflitos mais ou menos ‘surdos’ com JJ e, por fim, a guerra que abriu com os jogadores profissionais de futebol. A reacção atabalhoada (para dizer o mínimo) ao assalto a Alcochete é outro sintoma grave.

Aquilo que transparecia com a proposta de alteração estatutária revelava-se cada vez com maior nitidez: um populista ao jeito de Hugo Chavez (para quem as regras democráticas eram ‘contornáveis’), apostado em dividir o ‘mundo’ entre os bons (ele e quem o seguia sem questionar fosse o que fosse) e os maus (todos os outros, existentes ou inventados, com dúvidas sobre o caminho seguido…). Como se isto não fosse suficiente, BdC pareceu escolher os piores momentos para lançar gasolina na fogueira: na semana da AG perdemos a liderança da Liga, tomadas de posição ‘fracturantes’ em cima de momentos difíceis para o benfas… houve de tudo um pouco.

Chegámos a Abril e os mais atentos tiveram um sobressalto (mais um): a SAD queria adiar o pagamento de um empréstimo obrigacionista. E queria outro. Ops… haverá dinheiro? Não! Não havia (e não há) dinheiro: a explicação para um novo empréstimo obrigacionista foi de ‘necessidades de tesouraria’. A maior gravidade deste episódio é a mensagem que se transmite: a Sporting SAD não consegue honrar compromissos.

É aqui que estou: mais SMS menos SMS, mais post no Face menos post no Face, mais ‘delírio’ menos ‘delírio’, BdC perdeu o rumo ou, pior, só agora está a revelar o seu verdadeiro ‘eu’. Não só quer cada vez mais poder, não só fomenta guerras com tudo e com todos, também a sua gestão financeira está a abrir fendas. Pergunto-me se boa parte destas guerras não terão sido abertas precisamente para desviar as atenções de situações muito graves e apelar ao lado irracional da sua massa de apoiantes. Ou se, confiante nos 90 por cento de apoio recebido em Fevereiro, se sente de tal forma ‘confortável’ no poder que já nem tem que se preocupar com a ‘prestação de contas’.

É por isso que não tenho dúvidas sobre a minha posição relativamente à AG de dia 23: BdC não deve continuar, o que resta do CD deve cair.

Houve um momento em que defendi, pensando no que seria melhor para o nosso Sporting, que o que restava dos órgãos sociais se devia demitir, abrindo caminho a novas eleições (no que seria, afinal de contas, a repetição do processo que levou à primeira vitória de BdC). Já não defendo isso, porque não acredito na ‘regeneração’ de BdC. Ele mesmo, com a ‘criação’ de comissões fantasma e com mais uma proposta de alteração de estatutos que lhe daria poderes praticamente absolutos, encarregou-se de me mostrar que a sua permanência à frente do CD seria desastrosa. O que resta do CD deve cair e devem ser imediatamente convocadas eleições gerais para a data mais próxima possível (provavelmente Setembro). Acima de tudo está o SPORTING!

ESTE POST É DA AUTORIA DE… ffigueiredo
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]