Existem mais dois protagonistas destes “dias de verde e negro”: Marta Soares e Álvaro Sobrinho. O presidente da Mesa da Assembleia Geral e o dono da Holdino, o maior accionista externo da Sporting SAD.

Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, tem sido um verdadeiro soldado da paz atarantado, comportando-se como um boneco e chamando a si o título de pior líder da MAG de que há memória (pelo menos na minha memória). Dotado de uma inquestionável sede de notoriedade, Marta Soares começou o seu show após o maldito post pós Madrid. Que fazia e que acontecia, até porque os assobios ao presidente, na recepção ao Paços, davam conta da vontade dos sócios e ele estava lá era para cumpri-la. “Este presidente não tem condições para continuar”.

Mas continuou, tal como o bom do Marta, que, pasmemo-nos todos, acaba aos abraços ao Bruno em pleno João Rocha, na celebração do bicampeonato de Andebol, um mês após aquela troca de galhardetes e promessa de colocar o presidente dali para fora. “Todos aqueles que foram eleitos para o Sporting Clube de Portugal têm de ser capazes de entender, sempre, que as instituições estão acima de todas e quaisquer questiúnculas que possam existir”, dizia ele, feliz com tanto microfone à sua volta.

Passaram nove ou dez dias, veio o tristemente inesquecível ataque à Academia e… a Mesa da AG demite-se em bloco, o Conselho Fiscal segue-lhe os passos e Marta Soares afirma que “tendo em conta os superiores interesses do Sporting Clube de Portugal, que são e sempre foram a nossa maior preocupação, apelamos a que o presidente e os restantes membros do Conselho Directivo apresentem a sua renúncia ao cargo de forma a permitir a marcação imediata de eleições”.

Estava dado o mote para uma sequência de comunicados e desmentidos, de providências, de acusações, de comissões e de tantas confusões que só não envergonha o Sportinguista que não tiver vergonha na cara. E que dá origem ao dia de hoje, um dia que se só já por si não fosse suficientemente triste, com toda a certeza ficaria assim rotulado se pensarmos na desconfiança com que, entre churrasquinhos e atropelos, se avança para o mesmo e, tão grave ou pior, se pensarmos que até o mais optimista de todos nós não acredita que, seja qual for o resultado, uma das partes dê a derrota como consumada.

sobrinho

Ora, mas tinha-vos eu dito que existiam dois outros protagonistas e ainda só falámos do primeiro. Álvaro Sobrinho, assim se chama o segundo, surge como a sombra por trás de tudo isto. Homem forte da Holdimo, empresa detentora de cerca de 30% da SAD do Sporting, este accionista, suspeito de desviar centenas de milhões de euros do BESA, alvo de várias buscas por parte da PJ, tantas e tantas vezes visto como um corrupto, tantas e tantas vezes utilizado como arma de arremesso à cara dos Sportinguistas por estar a meter no Sporting dinheiro sujo passou, de um momento para o outro, a ser visto como uma espécie de herói.

Chovem aplausos para o gajo que está a apertar com o Bruno de Carvalho, chovem telefonemas para colocar nos telejornais a voz de alguém que passou de corrupto a anjo protector de um Sporting que precisa de ser salvo (e ainda bem que existe uma Cofina, curiosamente também ela ligada a Sobrinho, para distribuir a palavra deste senhor, diariamente, as vezes que forem necessárias, até ao exorcismo).

E, atrás do anjo, vai surgindo um coro de outros bandidos engravatados. A música está na sua nota mais alta e os nossos ouvidos contorcem-se ao escutar este refrão com o qual convivemos tantos e tantos anos. Está tudo ali, às claras. O dinheiro, os interesses, esse Sporting que mesmo quando era carne magra e desprezada alimentava tantos e tantos sorrisos entre uma tacada ou uma raquetada e que agora, mais gordito e temperado, está pronto a servir a um qualquer “american sheik” com vontade de brincar aos clubes e com dinheiro suficiente para encher os bolsos a quem lho entregar de mão beijada.

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Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 1: Os Jogadores»

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 2: Os Adeptos

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 3: Claques e Criminosos

a seguir:
«Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 5: Amar como Jesus amou»
«Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 6: A Comunicação Social e a nossa comunicação»
«Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 7: Tanto que podia ter sido diferente, Bruno»