Hoje jogamos outra vez. A primeira desde a tragédia da Madeira que culminaria com a tragédia do Jamor. A primeira desde que a conta gotas uns e outros foram saindo, a primeira desde que este clube se transformou de forma abrupta, no meio de acusações, gritos e guerras. E perante tanto desespero, dúvidas e meses de incerteza, o Sporting está longe de ser o clube que idealizámos há algum tempo, longe de ser certeza de sucesso e longe de garantir os valores pelos quais tanto lutámos, mas respiramos todos de alívio ao saber que não está tão mal como em tempos tememos.

A equipa, afinal, apresenta argumentos para ser pelo menos competitiva. O treinador, que considero de uma banalidade quase ofensiva, aceitou um desafio quase impossível e serenamente aguarda pela composição de um plantel com soluções, faltando apenas um ou outro acerto para fechar o grupo de 26 homens que tentarão devolver este clube à glória. Nani, o presente que sinceramente me fez voltar a sorrir genuinamente com o Sporting, provou que ainda é possível que um jogador, por muito que goste de ganhar o seu, ainda possa ter um gesto pequeno de carinho para com quem tanto lhe deu.

Vamo-nos livrando da sombra dos que decidiram sair, vamos substituindo esperanças e expectativas, vamos aprendendo que outros também têm o direito de usar a camisola mais bonita do mundo e devolver-nos a ilusão e o sonho. E estou certa que em breve vamos receber mais notícias positivas, que nos farão voltar a ganhar vontade de ir até Alvalade para fazer aquilo que deve ser a nossa única função, celebrar golos do Sporting, apoiar equipa e dividir-nos apenas naquilo que é realmente fundamental: que avançado deve ser a referência, qual o melhor lateral direito e que opções no mercado teremos para colmatar alguma posição.

A crítica e o espírito crítico, a informação e a presença na vida activa do clube fora do relvado é sempre de saudar e mantêm a vitalidade de um clube que tanto tem passado. E os sportinguistas são exímios nesse aspecto. Mas, na realidade em que vivemos, contas, estatutos, agentes, advogados, crime, artigos, leis e emails fazem demasiado parte do nosso quotidiano para que nos possamos considerar simples adeptos de desporto, simples seguidores de um clube. Poucos são os sportinguistas que encontram um espaço livre, em que possam comentar o Sporting sem precisar de um mestrado em Ciência Política, saber de cor os principais acionistas da Holdimo, sem ler insinuações cobardes sobre todo e aquele sportinguista que pense de forma diferente da nossa ou mesmo sem umas luzes em Contabilidade.

Hoje a bola volta a rolar. Secalhar sem muitos dos heróis que fariam parte do nosso imaginário, mas com aqueles que por força das circunstâncias têm a obrigação de honrar o símbolo que trazem no peito. Façamos o mesmo e, por força das circunstâncias, tentemos voltar a ser adeptos do Sporting. Simples e modestos adeptos do Sporting.

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*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa