Confesso que todo este texto foi escrito e rescrito algumas vezes ao longo das últimas 48 horas, mais umas cheias de dores de cabeça para os sportinguistas e para a composição do nosso plantel. O regresso de Battaglia, que parecia certo, é afinal mais um problema para resolver. A afirmação de Francisco Geraldes ficou definitivamente afastada da equação, a venda de Palhinha parece mais do que certa por estas horas, o alvo prioritário Badelj assinará afinal pela Lazio, Domingos Duarte e Demiral não estarão no plantel da próxima temporada e jogadores como Coates ou Acuña serão incertezas até dia 31 de Agosto.

E se do lado das saídas o cenário ficou definitivamente desolador (apimentado com a saída de Gelson Martins para o Atlético) os rumores de entradas não são motivo de celebração. Enzo Perez, um ex-benfiquista exilado na Argentina, Vukcevic ou a arte de ser associado a um clube por três verões consecutivos, a falta de avanços no rumor Slimani (ou qualquer outro avançado já agora) e até Paulinho, ponta-de-lança do SC Braga que, pese embora a excelente temporada que fez o ano passado, não me parece ter argumentos para representar o Sporting Clube de Portugal.

Perante tantas notícias e contra-informação, fico mais uma fez estupefacta com a capacidade que este clube tem em mexer pelo prazer de mexer e constantemente apostar num mercado cada vez mais inflacionado, numa altura que se exigia mais que nunca a reaproveitação de recursos que temos disponíveis e a poupança para os tempos que se avizinham. Quanto mais não seja para estabilizar um plantel que tem de ser gerido com pinças, alegrar alguns adeptos que só encontram em alguns jogadores a força para regressar a Alvalade ou até para desportivamente usufruir de excelentes alternativas.

Toda a calma e ponderação que senti na entrevista de José Peseiro, que me pareceu realista e estranhamente positivo nesta altura, foi rapidamente substituída pela tão bem conhecida incerteza e desilusão. E este texto, que até era sobre um treinador que nos disse claramente que teríamos vários sistemas de jogos e que já testou o 4x3x3 e o 4x4x2 (com a presença de Nani atrás da referência ofensiva) deixou de fazer sentido porque deixámos de ter certezas que possam suportar qualquer teoria táctica.

Nas próximas eleições, votarei claramente no candidato que denuncie o constante recurso ao mercado de transferências, que fale abertamente do projecto de integração de jovens jogadores ou jogadores da formação, que assuma que erros de casting vão existir sempre, mas que não vai recorrer ao mercado com esperança e sim com certeza.

Os sportinguistas estão cada vez mais privados de referências, não se identificam com a grande maioria dos últimos plantéis e continuam sem compreender como se podem ter mais de 60 jogadores com contrato profissional e mesmo assim chegarem, pelo menos, 10 novos atletas todas as temporadas. E aqui não se trata de mais ou menos qualidade (que deve ser a linha orientadora de qualquer plantel) mas sim dos tais recursos. Todos os dias somos lembrados de que não temos fundos para investir, que estamos a montar um plantel com pouco para tentar fazer muito, mas todos os dias temos visto alternativas válidas serem dispensadas com uma facilidade quase assustadora. Tudo isto a uns escassos dias de começar Agosto…

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa