O Peseiro fica mal duas vezes, ao assumir que cedeu à vontade do jogador, foi mesmo que dizer que Geraldes o mandou tomar cu, agora o Geraldes ao dizer isto é o mesmo que dizer, gostaste, vai tomar outra vez.

E o que ganha com isto?
Ou o Sporting?
Ele está pela Alemanha, num bom clube, boa liga, se correr bem nem deve voltar.
Ir para as redes sociais, responder ao ex-técnico, não é lá muito inteligente da parte dele.

Faça o seu trabalho dentro de campo…ai a resposta é dada.

Ahh, e um tem amor ao clube… eu sem quem… nao necessito que seja o tremoço a dizer…

É exactamente deste contraste que se trata. Uma dicotomia forjada e impossível de tragar. Fez bem Chico Geraldes em clarificar as coisas, mas não havia já dúvidas para quem assistiu a tão rudimentar exercício maniqueísta como o que Cintra e Peseiro protagonizaram. Quem ainda teve o topete de pretender protelar o esclarecimento desta questão, contando com o silêncio de Geraldes a coberto de enviesada noção de “profissionalismo” — quando afinal punha em causa a sua palavra e o seu compromisso com o Clube — talvez fizesse melhor em fazer um voto de silêncio.

Assiste-se no Sporting a uma subversão sem precedentes. Da longa noite jesuíta e dos capitães que afinal o não eram, cedo morreu a esperança de um renascimento orgânico, expresso pelos próprios atletas da casa. No meio de todo o tumulto directivo, foi precisamente a possibilidade de afirmação desta liderança endógena que foi aniquilada com o regresso dos rescindentes. O meme da academia ser tanga e afinal não valer a pena, para quê, se só saem de lá ingratos, ganha tracção no esvaziamento do horizonte potencial do Sporting, em lugar de servir para repensar a componente identitária em sede de formação.

Ora, admitir que nos podemos cumprir nestas condições, que esta troca até nos é benéfica no imediato desportivo, é, quanto a mim, uma ideia visceralmente contrária ao espírito do Clube. O lastro jesuíta cavou fundo, o seu branqueamentus operandi (limpinho, limpinho) fez mossa, a sua conduta prepotente e anti-pedagógica fez escola (oxymoron alert) e contaminou o eixo directivo. Inebriados pela promessa de títulos do condutor de Ferraris, muito se calou e demorará ainda a fazer-se a história desse período de crescente desvario. Haver um projecto, uma ideia, uma filosofia, um ADN, pressupõe direcção e artífices identificados: vs. fait divers. Trocámos a certeza de um caminho árduo (esforço-dedicação-devoção) pela promessa de um atalho unipessoal para a glória. O utilitarismo epitomizado por JJ foi o princípio do fim de uma remontada épica, inevitavelmente confrontada com a ancestral máxima: diz-me com quem andas… (…)

Frisar e agradecer a antecipação certeira de Sir Bobby Robson, uma de entre várias que se vêm sucedendo nos últimos tempos, as mais das quais de penosa constatação. Face ao constante spin “noticioso” no qual se navega hoje em dia, é um privilégio ter nesta Tasca quem não se coíbe de informar os demais.