À justa, mas de forma completamente justa, o Sporting venceu o Vitória de Setúbal e somou a segunda vitória no campeonato. Nani, “esse gajo que só regressou a Alvalade porque mais ninguém o quis”, foi figura maior de uma partida onde Jovane Cabral voltou a ser o agitador de serviço e Peseiro voltou a ter que emendar equívocos do onze inicial

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Depois de mais uma sexta-feira à Sporting, com o clube a andar “nas bocas do mundo” por motivos extra futebol, Alvalade vestiu-se a rigor para receber a sua equipa pela primeira vez na Liga 2018/19. Com a relva novamente bem tratada (diz que o jardineiro se assustou com o burburinho da véspera) e com cerca de 37 mil espectadores nas bancadas (a correcção de números já foi pateta na época passada, não valia a pena repetir), bastaram oito minutos para se esquecer que nesta vida também existem espadinhas que temos que engolir: Nani, esse gajo que alguns Sportinguistas dizem que está velho e que só veio para Alvalade porque não tinha quem lhe pegasse, partiu a cara aos seus detractores com um remate tão inesperado quanto certeiro, ali mais ou menos da quina da área, inventando um golo festejado a preceito (já agora, que Matheus reflicta na atitude de um gajo com provas mais do que dadas no mundo do futebol, oito dias depois de ter sido o primeiro a ir para o duche mais cedo).

E se Nani havia marcado utilizado o pé trocado em relação à ala enquanto escutava Jack White a cantar I’m gonna fight ‘em all, A seven nation army couldn’t hold me back, They’re gonna rip it off, Taking their time right behind my back, Acuña não foi capaz de fazer o mesmo dois minutos volvidos, quando se viu na cara do redes, descaído para a direita, depois de uma recuperação alta de Bruno Fernandes. Esta troca de pés não é mero exercício criativo do escriba de serviço, antes uma das apostas de José Peseiro para surpreender o adversário: Nani à esquerda, Acuña à direita. Ah, e Misic em vez de Petrovic, porque duplo pivot que se preze tem que ter um sotaque dos Bálcãs e se Sousa Cintra não conseguiu trazer o Pancev, não conseguiu trazer o Badelj e o tal de Gudelj demora muito a vir da China, faz-se o que se pode com os que por cá estão (a propósito de China e dos que cá estão, diz que o Wendel tirou uma licenciatura em mandarim com o JJ. Não queres experimentar o rapaz, ó Peseiro?).

Está um gajo com a cabeça às voltas com tanta troca de pés e aulas de geografia, que quando volta a colocar os olhos no relvado o Salin está a caminho da sua primeira saída patética em 90 minutos. Esta, além de patética, deu o golo do empate ao adversário sem que este tenha feito algo para merecê-lo; a outra, logo a abrir a segunda parte, não deu o segundo golo ao adversário porque nenhum Sportinguista merece ser duplamente castigado com golos estúpidos, depois de uma sexta-feira estúpida e de uma semana onde dois italianos que podem ser mais valias acabam no estaleiro com lesões também elas estúpidas.

Entre as duas saídas patéticas, algumas coisas aconteceram. Battaglia quase marcou de cabeça na sequência de um livre de Jefferson; Cádiz permitiu a Salin mostrar que nem só de saídas patéticas vive um redes que ainda nem sabe se fica ou se vai; algumas pessoas em Alvalade perderam a paciência para tanta posse sem explosão e começaram a assobiar (64% de posse de bola ao intervalo, com a equipa do Lito mais preocupada em deixar o Semedo andar a respirar sofregamente no cachaço do Bruno Fernandes) e Peseiro deixou ficar Bas Dost esparramado na marquesa, vá-se lá saber se por opção táctica se porque o holandês fez cara de Viviano no aquecimento.

Entrou Montero, que depois da segunda saída patética do Salin teve o golo na cabeça após mais um cruzamento de Jefferson (muito tenta o homem) e acabou por ser um dos mais esclarecidos em campo, mesmo vindo de uma semana onde a mulher sofreu um aborto espontâneo (respect). E foi com o colombiano a alimentar o futebol tricot que o Sporting voltou a pegar no jogo, ganhou um livre à entrada da área e viu o arco de Nani piscar o olho à perfeição enquanto batia na barra de um Cristiano completamente batido.

Peseiro não queria esperar mais e mandou o puto Jovane Cabral lá para dentro, retirando o outro gajo dos Bálcãs que se se fundic com o que jogou há uma semana não vale um Francisco Luís Barbosa Gauld (ok, uma coisa de cada vez, pelo menos já não temos substituições só aos 70 minutos). Acunã deixou a ala direita e encostou mais ao meio, o miúdo com o 77 ocupou essa vaga e meia dúzia de minutos depois metia a bola redondinha na cabeça do 17, para o golo que confirmaria o triunfo enquanto se ouvia And if I catch it coming back my way, I’m gonna serve it to you And that ain’t what you want to hear, But that’s what I’ll do, And the feeling coming from my bones, Says find a home…

Depois o Nani seria substituído e entraria o Petrovic para segurar o jogo. Não estou a gozar, juro, até porque a equipa do Lito não voltou a incomodar e tudo o que se viu de agitação até final teve assinatura do Cabral, rapazinho que acelera e empolga, tanto que duas ou três vezes o Mathieu achou que estava a treinar sprints com o Messi lá na Catalunha e acabou a rematar à malha lateral com o Peseiro a bater palmas antes de dirigi-las aos não sei quantos mil que a noite passada representaram milhões e que souberam passar à prática as boas palavras do mister: «mostraram que o Sporting é só um e que estamos unidos».

Bem… pelo menos durante a próxima semana, porque se há coisa que nos une, essa coisa é a disputa de um dérbi!