Neste blogue já muito foi falado sobre o futuro desportivo ou financeiro do clube, com opiniões diversas sobre o rumo que o Sporting deve tomar depois da hecatombe que nos atingiu no último final de época. No entanto, há um factor pouco analisado, a meu ver fundamental.

É evidente que se criou uma verdadeira guerra civil dentro do nosso clube (ainda que esta seja entre uma maioria relativamente silenciosa em comparação com a minoria extremamente ruidosa).

É costume dizer-se que “a história é feita pelos vencedores”. Mas, independentemente do futuro próximo do clube do nosso coração, devemos ter atenção para não incorrer neste erro. O processo de cura do nosso clube não pode ser feito com divisões ou exílios. Tem que haver uma força unificadora entre os sportinguistas.

Não pode acontecer que qualquer apoiante de Bruno de Carvalho, por exemplo, seja exilado do nosso clube, que seja injuriado ou caluniado sempre que se dirija a um espaço que deve ser de todos os que gostam do Sporting.

Perdoem-me se esta visão é inocente (talvez seja utópica), mas considero fundamental avançarmos com a crença de que amamos todos o Sporting (sim, até BdC e os seus apoiantes o amam). Cada um tem a sua opinião, cada um é mais ou menos movido pelas emoções, mas são precisos todos os sportinguistas para reconstruir o clube – até os que, iludidos, ajudaram a destruí-lo.

Antes de BdC considerava meus irmãos de Sporting gente que agora pertence aos 29%, e que ainda hoje o apoia cegamente. O destino destes “cegos” (passe a expressão) não pode ser o mesmo do livro de Saramago. Porque é que não poderei continuar a considerá-los meus irmãos de Sporting depois disto tudo?

Quando formos vencedores da Champions de futsal, quando formos mais uma vez campeões (nacionais e lá fora) em hóquei em patins, no andebol, no voleibol, até no basquetebol, quando por fim alcançarmos aquilo por que sofremos há tantos anos, sermos campeões no futebol sénior masculino (algo que praticamente nunca vi), quero festejar com esses 29%. Porque também são Sporting, como todos nós.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Ricardo Andrade
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]