Em 2013, uma onda de esperança invadia o universo leonino que finalmente decidia livrar-se de muitas das amarras do passado e apostar num percurso diferente, mais próximo do comum adepto, num momento de desespero de quem tinha pouco a perder a muito a ganhar. E foi, sem sombra de dúvidas, imenso o que ganhámos.

Enumerar todos os feitos dos últimos cinco anos é uma tarefa quase impossível e esse é o maior elogio que eu posso fazer à anterior gestão do clube e a prova viva de que este é um Sporting mais competitivo, mais capaz e muito mais ambicioso do que aquele que nos deixaram em 2013.

No final… bom no final todos sabemos como tudo acabou. E que muito daquilo que de tão bom foi conseguido deixou de ser suficiente para apagar o fogo deixado por quem liderava o projecto. Uma péssima gestão de um ano que ficará sempre na nossa memória pelos piores motivos culminou no descontentamento de milhares de adeptos que disseram que aquele já não era o rumo pretendido.

Nesta altura, o maior elogio que posso fazer a Bruno de Carvalho (e dos poucos que consigo num momento em que parece ter perdido a completa noção daquilo que continua a representar para tantos) é de que nenhum dos candidatos que se apresentou às últimas eleições tem metade do seu carisma, metade do seu discurso e metade da confiança que tinha quando nos apresentou pela primeira vez o seu projecto. Muito daquilo que chegou com a anterior direção representava um romper com a tradição de um clube, mas ainda mais com a tradição do futebol português. BdC colocou a nação sportinguista a discutir a importância dos agentes, a inclusão de tecnologias no desporto, a formação e como gerir a mesma, a banca e os seus poderes e, mais tarde, começou por revelar aquilo que se viria a chamar “O Polvo”.

Nem Varandas nem Benedito (ainda que reconheça simpatia pelos dois e apesar de ter claramente torcido pela vitória do nosso antigo capitão) serão tão revolucionários na forma de viver e discutir um clube, com tudo o que esse fator trouxe de positivo e de negativo. E, por isso mesmo, a chegada de Varandas a presidente foi recebida com muito menos paixão e com muito menos entusiasmo do que naquele dia em que nos disseram que o Sporting era nosso outra vez.

Mas sou sincera quando digo que já não consigo ver isso como algo negativo. O ódio e a dedicação despontados por Bruno de Carvalho alimentam ainda hoje uma guerra de mentiras, boatos, insultos e absoluta ausência de valores que tantas vezes aqui temos discutido. A sustentabilidade de um Sporting unido e são já não eram compatíveis com a sua figura, que parecia disposta a livrar-se de qualquer um, mesmo de quem o apoiava.

É com pena e desapontamento que constato que todas as esperanças que depositei naquele dia de 2013 me foram roubadas de forma dolorosa, num arrastar de polémicas e feridas que espero que possam desde já conhecer o seu fim. Hoje despeço-me da figura de um presidente que poderia ter sido mais, muito mais, que contribuiu activamente para o reerguer de um clube moribundo e a quem estarei grata por isso. Mas que de igual forma é a cara de alguns dos meses mais difíceis da história da nação sportinguista.

Varandas não era o meu presidente antes de Sábado, passou a ter todo o meu incondicional apoio a partir de Domingo. Que saiba resolver a ferida de Alcochete, os problemas financeiros, que apoie os seus jogadores e treinador, que nos deixe as modalidades competitivas e que possamos todos juntos festejar. Um título do Sporting, seja qual for o homem que o venceu, terá sempre a alegria de milhões de pessoas. E foi disto que alguns se esqueceram.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa