Olá, Frederico. Espero que já tenhas tido tempo para interiorizar que, agora, és presidente do Sporting Clube de Portugal e que aquele sorriso meio incrédulo que apresentaste nos primeiros dias tenha ficado para quando chegas ao final de um dia com o sentimento de missão cumprida.

Esta é, no fundo, a primeira vez que me dirijo a ti, não o presidente que eu escolhi, mas o presidente que desejo que seja capaz de cumprir o programa traçado, colocando em prática as ideias que apresentou e conduzindo o Sporting a muitas e muitas vitórias, não só no futebol como nas modalidades que são um orgulho para tanto Sportinguista.

Mas, mais do que estar a centrar-me no que tu e a tua equipa pretendem fazer, queria sugerir-te que deixasses de lado o chavão da “união”. Sei que o foi o mote da tua campanha, sei que todos os candidatos apelaram a um baixar das armas, sei que essa palavra é bonita. Acontece que a união tem tanto de complicado como de bonito, nomeadamente quando se cruza com o universo Sporting.

E é como Sportinguista que te digo que, neste momento, continuar a insistir na tecla da união de cada vez que falas à comunicação social e te diriges aos adeptos e sócios é um erro. É cansativo. E a tua própria equipa de comunicação deverá levar isso em linha de conta, até porque tu estás muito longe de te ser um bom comunicador para as massas, ao contrário do que me tem sido passado por muitas pessoas e que indica que, em grupo fechado, consegues passar perfeitamente a tua mensagem e ser agregador.

Isso, é o mais importante neste momento: chegar à diversas estruturas, chegar aos atletas, chegar aos treinadores. Os adeptos? Quem votou em ti e gosta de ti já não precisa do chavão; quem não votou em ti, mas está disposto a dar-te tempo para que lhe proves que mereceste a confiança não precisa do chavão; quem não pode sequer ouvir no teu nome quer mais é que metas o chavão da união no sítio que todos sabemos.

Por isso, repito: olha para dentro! Há enormes e fundamentais desafios económicos muito próximos; há as questões das rescisões dos jogadores que devem ser levadas até ao limite; há toda uma nova equipa directiva para se adaptar a uma realidade chamada Sporting; há uma equipa de futebol a entrar num ciclo louco de jogos; há modalidades a arrancar para épocas onde defendemos os título de campeão sem um patrocínio na camisola; há modalidades a precisar que olhem para elas sem desdém, como é o caso do futsal feminino; há um mundo do marketing a precisar de ser mais emotivo e mais próximo; há questões relacionadas com ex-presidentes onde será colocada à prova o teu bom senso, seja na expulsão de uns como no regresso de outros, como os compadrios já se encarregaram de colocar em marcha. Há uma máquina, gigante, para ser afinada, aproveitando o muito de bom que foi feito e optimizando o muito que há e que sempre haverá por optimizar!

Por outras palavras, trabalho! Esta não é a fase de repetires, em loop, que queres unir o Sporting. Caga na união, Frederico! E trabalha, trabalha como se não houvesse amanhã, sem momentos kodak como o da medalha ou sem promessas sem data como a da conquista do campeonato! Esforço, Dedicação, Devoção. É esse o caminho. Sempre foi. E não é à toa que essas três máximas surgem antes da Glória. E da União.

frederico lema