O Sporting é a minha casa. Foi aqui que eu cresci como jogador e como homem e tenho um grande amor por este clube.
Lês as palavras de Nani, ao Corriere dello Sport, e consegues escutá-lo a dizê-las. Não há mas nem meios mas. Não há ses nem meios ses. Nani é feito de Sporting e tentares colocar em dúvida tal evidência é puro acto de maledicência. Ou, se preferires, é recuperar aqueles assobios inacreditáveis com que um puto de 19 ou 20 anos era brindado tantas e tantas vezes em Alvalade, aquele tribunal sempre tão rápido a condenar os jogadores da casa.
Esse puto rumou a Manchester, onde encontrou outro produto da nossa formação, Ronaldo, e tanto em Inglaterra como cá, sempre teve que viver com esse peso de ter que ser tão bom ou melhor do que Cristiano. Depois de conquistar o Teatro dos Sonhos, Nani se esqueceu do Sporting. “Acredito que um dia voltarei a jogar no Sporting, porque é o meu clube e adorei representá-lo”, dizia o camisola 17 no arranque de uma nova época ao serviço do ManU.
E voltou, um ano depois, para liderar uma equipa que acabaria a conquistar a Taça de Portugal, numa época acidentada e onde, uma vez mais, Nani foi vítima desses malditos assobios e de uma cobrança impressionante, como se um jogador de 27, com provas mais do que dadas e com mercado em qualquer campeonato europeu, tivesse vindo para Alvalade por não ter mais onde jogar. Não me esqueço das lágrimas após o golaço ao Gil Vicente, fruto dessa pressão, fruto dessa necessidade de calar quem o apelidava de “acabado”. Mas não só: fruto de alguém que tem no seu espírito uma real vontade de vencer, de vencer sempre, mas mais ainda quando tem a camisola do Sporting Clube de Portugal vestida.
E é isso que volta a acontecer este ano, depois de passagens pela Turquia, por Espanha e por Itália. Aos 31 anos, Nani escolheu voltar a casa e, uma vez mais, são questionados os reais motivos do seu regresso. «O gajo só voltou porque mais nenhum clube o queria!», ouviu-se à boca cheia, dito por Sportinguistas, ao ver um filho aceitar trocar uns aninhos dourados pela dura tarefa de e liderar uma equipa em cacos.
Sousa Cintra, no célebre episódio do microfone que não foi correctamente desligado, dizia a Bruno Fernandes que Nani era especial, mas que só vinha para ajudar e que o verdadeiro líder era o camisola 8. Não sei se o que foi dito foi convicto ou mero momento de motivação, mas sei que nas descabidas palavras cabe uma grande verdade: Nani veio para ajudar quando viu que dele precisávamos. E sem precisar que quem quer que fosse lho dissesse, assumiu-se, naturalmente, como líder. Como dono da braçadeira de capitão que enverga com orgulho de teenager. Como o exemplo que faz brilhar os olhos dos mais novos a quem, um dia, quando vestia as cores do United, disse para não terem pressa em sair e para crescerem de Rampante ao peito.
O seu trabalho em campo, bem como fora dele, seja na constante presença em treinos e jogos das camadas jovens seja na forma como comunica nas redes sociais, faz dele alguém cuja importância jamais deveria ser questionada, ainda para mais num clube a assumir a vontade e necessidade de olhar com olhos de ver para a importância da formação. Ainda para mais num clube a precisar de quem o sinta e de quem tenha uma incontrolável vontade de ganhar. E é só mesmo isso que falta a Nani: ser campeão com a camisola do clube por quem assume e demonstra um grande amor. Mesmo que nem sempre receba esse amor de volta.
16 Setembro, 2018 at 14:43
Nani no Sporting é lindo.
O clube actualmente ate sofre de Nanismo.
16 Setembro, 2018 at 15:59
Desculpem me. Mas ver Nani com a verde e branca… É magnífico.
Secalhar a par de Ronaldo e Adrien são os jogadores que deviamos fazer tudo para que acabassem aqui a carreira.
16 Setembro, 2018 at 16:54
O Adrien é fácil…
É chamar o GL para negociar com ele. É certinho…
16 Setembro, 2018 at 17:19
A notícia do seu regresso foi um bálsamo para os Sportinguistas, no meio de tanta merda. Não sei se foi ideia do Cintra ou BdC, mas foi um primeiro sinal de esperança ver um filho nosso, campeão europeu e o segundo melhor jogador da sua geração ( não é vergonha ficar logo atrás de CR) querer acabar a carreira no Sporting. Nem Futre, nem Figo, nem CR o fizeram ou vão fazer. Obrigado Nani!