Francisco Tavares vai ser o coordenador de performance desportiva do Sporting, numa contratação que será uma extensão do departamento médico e centro de alto rendimento e que deverá entrar em funções a partir de Janeiro.
Formado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) e especializado em rendimento e na componente física do treino, Francisco Tavares tem estado ligado sobretudo ao râguebi, com passagens pelo Cascais Rugby, pela Federação Portuguesa de Rugby (coordenação), pelos Gallagher Chiefs (Nova Zelândia, equipa que fornece a maioria dos jogadores à selecção), sendo que, atualmente, estava ligado aos Glasgow Warriors, da Escócia.
Em Alvalade, Tavares focará grande parte do seu trabalho na recuperação e prevenção de lesões, componente incontornável para atingir um elevando rendimento desportivo.
Aproveito para vos deixar um pouco mais sobre este reforço, a partir de uma entrevista publicada no Fair Play e com um título bem apelativo: «Francisco Tavares, um Lobo entre All Blacks»
Francisco Tavares, conhecem? Preparador-físico português que está em terras da Nova Zelândia, conquistando o Mundo da Oval em terra de All Blacks, demonstrando o melhor que Portugal tem na área. As suas experiências, confidências e ideias para o desporto português. Eis o nosso Lobo em terras de Kiwis
fp. Desde já queremos agradecer a oportunidade de conversar com Francisco Tavares, membro do staff dos Chiefs, uma das maiores e mais bem sucedidas franquias. As férias em Lisboa são férias?
FT. O prazer é meu! Foram sem dúvida umas férias curtas mas boas. Inicialmente o objetivo seria algo calmo. Objetivo furado.. rapidamente vi que tinha finalmente a oportunidade de me dedicar a alguns projetos que tinha pendentes e lá se foi a calma e tranquilidade. De qualquer forma, estar no meu País próximo da minha família e amigos permitiu-me recuperar totalmente as baterias! Gostava antes de começar de deixar claro que as respostas a esta entrevista são a minha opinião e visão pessoal, não representando obrigatoriamente as visões/opiniões dos clubes ou instituições em que estou, ou estive, envolvido.
fp. Foste convidado a exercer funções na Federação Portuguesa de Rugby, correcto? No que consiste o teu trabalho para a FPR? É uma adeus ao rugby neozelandês?
FT. É verdade, o Presidente e o Martim Aguiar já há muito vinham falando comigo sobre qual seria o meu futuro em termos Profissionais. Sempre fui claro ao dizer que o meu percurso por terras NZ terá término previsto em Janeiro de 2019, mas que eventualmente teria possibilidade de apenas ficar mais uma época. O meu trabalho com a FPR consiste em implementar um método de trabalho que visa não só desenvolvimento das qualidades físicas dos atletas das selecções Nacionais e árbitros, como também o desenvolvimento desta área nos clubes. No terreno, para operacionalizarem o processo, conto com dois colegas (Vasco Melim e Pedro Cardoso) em quem deposito enorme confiança. Para mim este trabalho não faria sentido sem estes dois colegas. É verdade que existe uma hierarquia porque é necessário que exista uma uniformização de procedimentos e métodos, mas é sem dúvida uma hierarquia na horizontal vs. vertical. Nunca escolheria trabalhar com alguém que não fosse crítico e não colocasse à prova o que lhe é proposto. Acho que esta é uma excelente oportunidade para ambos e tenho a certeza que varemos uma excelente tripla.
fp. Por isso, entre doutoramento em Waikato, preparador-físico dos Chiefs e consultor técnico da FPR, o teu tempo está completamente tomado. Mesmo assim sentes-te feliz pelo que fazes, apesar da carga?
FT. Eu não me assusto com o trabalho, pelo contrário, adoro trabalhar! Gosto de ter prazos para cumprir e ir somando desafios à medida que vou deixando resolvidos os que vão ficando para trás. Sinto-me altamente grato por ver constantemente uma retribuição no investimento (tempo) que tenho feito nos últimos 6-8 anos. Para mim poder dar o meu contributo para que Portugal vingue no Rugby.. é mesmo a cereja no topo do bolo! Estou muito confiante para um projeto de sucesso!
Francisco para o público que não te conhece, como é que se deu esta tua ligação ao rugby? Jogaste? (Em caso positivo aonde e porque é que deixaste?)
FT. Joguei, mas a um nível muito recreativo. Na escola onde estudava a dada altura foi tudo jogar Rugby e eu lá fui atrás. O motivo para mais tarde me interessar pelo Rugby como treinador foi o facto de ser uma modalidade onde o peso das qualidades físicas é bastante elevado! Como na altura estava desmotivado com a área do exercício e saúde, tomei a decisão de ir tirar um mestrado na área do treino e ao mesmo tempo trabalhar como voluntário na FPR.
fp. Sentes o rugby como um desporto completo?
FT. O Rugby é um desporto onde os atletas têm de possuir altos níveis de força, potência, velocidade e resistência. É sem dúvida um desporto muito completo que tem ainda a particularidade da heterogeneidade (o Union porque o League é um pouco diferente) nas qualidades físicas entre posições. As características combativas dão um espírito de união que acho que é muito característico da modalidade.
fp. Uma questão mais “relaxada”: das várias posições, qual é o jogador mais complicado de trabalhar no ginásio ou na preparação física? Os pilares? Aberturas? Ou centros?
FT. O Rugby moderno não deixa que o trabalho com qualquer posição seja fácil. Mais que as posições, todos os atletas têm características diferentes e têm pontos fortes e pontos fracos. O nosso objetivo enquanto preparadores físicos é que os atletas mantenham os pontos fortes enquanto desenvolvem os pontos fracos, garantindo que o treino é adequado ás exigências do período da época em questão. Ou seja, ver vídeos na internet do atleta “X” a treinar pode ser giro, mas ao mesmo tempo TOTALMENTE desadequado ás necessidades de um atleta amador. Enquanto os preparadores físicos estão sensíveis para estas questões, os treinadores técnico-táticos poderão não estar.
fp. Fala-se muito da diferença entre o patamar físico dos atletas portugueses em relação a realidades não muitos distantes da nossa (exemplo Georgia, Roménia, Russia…). Em tua opinião, a que se deve essa diferença? Será só a essência amadora do nosso rugby ou encontras mais razões para essa discrepância?
FT. Entre os atletas das nossas selecções, podemos encontrar aqueles com um nível físico muito elevado e outros muito baixos. Um nível físico reduzido afeta não só o jogo individual (com muitos erros técnicos e táticos associados à instalação da fadiga), como também o jogo coletivo. É que existem duas opções quando um atleta não consegue (associado a um baixo nível físico) estar no local suposto: 1) existe um buraco que irá afetar a defesa/ataque; 2) não existe um buraco porque os restantes atletas deram “um extra”. Isto depois terá consequências óbvias. No ponto “1)”, falando em defesa, o adversário consegue penetrar a linha defensiva e conquistar terreno; no ponto “2)” a situação é remendada, mas por um lado, apareceu um outro buraco no plano tático e por outro, os “extras” custam muito caro. A fadiga tem uma componente exponencial.
fp. Denotas uma diferença “gigante” entre Nova Zelândia e Portugal, em termos de trabalho científico no campo?
FT. Portugal está a dar os primeiros passos nesta área. Sem generalizar, isto parece-me ser verdade essencialmente nos desportos coletivos. Quando aceitei ficar responsável por esta área na FPR a primeira coisa que fiz questão de fazer foi juntar todos os preparadores físicos da primeira divisão. Queria que se ouvissem uns aos outros e queria que percebessem que existem limitações na maior parte dos clubes. Estas limitações vão desde limitações em termos de espaço e apetrechamento de espaço, até problemas de staff (p.e. horários parciais). Para já não serão possíveis grandes avanços nesta área dentro dos clubes, mas eu acredito que cada vez mais a importância esteja a ser reconhecida e brevemente começarão a haver mais investimentos neste sentido. No entretanto, continuo com a opinião que é imprescindível que exista uma contribuição para um desenvolvimento do conhecimento dos nossos preparadores físicos Nacionais.
fp. Quais são as tuas obrigações no Chiefs?
FT. Nos Chiefs estou responsável pelo processo de monitorização da fadiga e prontidão dos atletas, pela recuperação de atletas lesionados e pelas estratégias de recuperação entre unidades de treino. Fora isso acompanho obviamente todos os atletas no treino de força, velocidade e resistência. Nos treinos de campo, muitas vezes estou com eles lá fora mas outras tantas aproveito para ficar a tratar os dados de fadiga e a trabalhar em algumas questões relacionadas com o meu Doutoramento, bem como nas colaborações que tenho com outros colegas investigadores.
E na Federação que pretendes, da tua parte, conseguir atingir? Há várias questões por resolver em relação à parte de condição física do rugby Nacional?
FT. Isto não seria uma resposta, mas sim um livro. As necessidades ultrapassam as seleções Nacionais! Acho que é essencial criar uma ligação com os clubes de forma a que processos sejam uniformizados. Num cenário mais atual, os clubes teriam todos (pelo menos) um preparador físico a tempo inteiro e um espaço capaz de receber os seus atletas. O investimento não foi feito neste sentido e agora só com tempo (anos) conseguiremos dar a volta a esta questão. Pondo os pontos nos “i’s”, é um facto que nem todos os clubes têm capacidade para dar resposta às necessidades crescentes nesta área por parte dos seus atletas, incluindo os atletas das seleções. Esta conclusão foi clara na reunião que tive com os PFs dos clubes. Outra das conclusões que ficou clara foi que a FPR e os clubes iriam trabalhar com um objetivo em comum: os atletas. Neste sentido, e tal como informei a todos os atletas convocados para a seleção XV, o jogo do gato e do rato não irá acontecer. Aqui ninguém leva a mal se é mais conveniente o atleta treinar no clube ou no estádio Nacional. Agora há uma coisa que nem os clubes nem nós, técnicos da FPR, conseguimos fazer… treinar pelos atletas. Se as habilidades técnicas e conhecimento do jogo são suficiente para o nível do nosso campeonato, já sabemos que em jogos Internacionais não chegam! E quando for altura de jogo, a determinação a garra e o coração, apesar de muito importantes, não são suficientes.
fp. Quais são os primeiros passos a ser dados?
FT. Os primeiros passos já estão a ser dados. Estamos a uniformizar procedimentos e a perceber onde estamos. Eu preciso saber exatamente onde está cada atleta para podermos intervir. Preciso saber quem treina e quem não treina, a cada semana. Os técnicos dos clubes aqui têm sido uma preciosa ajuda já que nos têm informado quem treina (treinos técnicos e táticos, ginásio, condicionamento extra), apontando ainda situações atípicas de atletas que não conseguem nem ir ao EN nem aos clubes. Este diagnóstico inicial está praticamente terminado, após isto, poderemos finalmente criar grupos de trabalho de acordo com as necessidades. Agora é preciso termos em boa consciência dois pontos fulcrais que acho que muitas vezes não são do conhecimento geral: 1) atletas que não treinam não ficam “treinados” (adaptados); 2) não se “treina” um atleta em duas semanas. Como costumo dizer aos meus alunos, o nosso corpo é maravilhoso. Resiste a agressões e foi “feito” para economizar energia. Não bebemos uma cerveja e ficamos com uma cirrose! No treino a mesma coisa, precisamos agredir (ie. treinar) muito e de forma contínua (ao longo do tempo) para que os processos adaptativos resultem em alterações significativas do ponto de vista mecânico (ie. aumento de força, velocidade, resistência, etc.). De resto, temos feito os possíveis para que os atletas consigam estar a treinar com o objetivo (época competitiva) dos clubes. Neste momento temos horários vigiados na sala de exercício do E.N. das 07h00 – 19h00 (segundas, terças e quintas-feiras), temos treinos adaptados de acordo com as semanas atípicas dos atletas (p.e. jogo da supertaça na quarta-feira), temos falado regularmente com os PFs dos clubes do Norte e respetivos atletas de forma a garantir que têm o mesmo acompanhamento, temos feito de tudo para que consigamos chegar a todos os atletas.
fp. O teu grande objetivo com a Federação Portuguesa de Rugby?
FT. O meu objetivo é semelhante ao objetivo a que me propus quando estive com o Cascais. Desenvolver a área do treino das qualidades físicas. Lógico que se tratando de uma Federação, o foco serão sempre vários clubes e não só um clube. Acredito que este trabalho deva ser feito essencialmente nos clubes num futuro breve. Gostava de acreditar que está previsto os clubes fazerem um maior investimento nesta área. Qualquer direção de clube que precise algum esclarecimento nesta área do desenvolvimento, eu estou inteiramente (e sem custos porque estou sensível ás situações económicas dos clubes) para me “sentar” e tentar resolver problemas. No que respeita às questões técnicas e táticas, acho que teremos de continuar a depender bastante de um trabalho que junte os melhores atletas Nacionais. Por muito que se queira, não conseguimos treinar com ritmo quando a bola passa mais tempo no chão do que “em jogo”. Mas isto ultrapassa a minha área de conhecimento.
fp. O “teu” GDS Cascais tem vindo a crescer e, em parte, há algum “dedo” teu. Qual é o segredo para o crescer de forma da equipa da Linha?
FT. Concordo que o Cascais tenha vindo a crescer. Foi feito um bom trabalho pelos técnicos de clube na minha opinião. No que me diz respeito, o meu objetivo assim que cheguei não foi ser XPTO no método, mas sim eficiente. Era urgente criar um conjunto de atletas determinados a treinar! Felizmente fui parar a um grupo muito jovem e muito recetivo, apesar de desconfiado e curioso. Em alguns meses estávamos com um grupo forte e muito consistente de atletas a treinar e na última época já havia a regra do 2/3 das presenças obrigatórias.. já não havia espaço para todos os atletas que queriam treinar (entenda-se treinar com um processo num continuum do tempo vs. ir ao ginásio numas semanas 3x noutras 1x). No nosso clube não existia (salvo muito pontuais exceções) o “toma o plano de treino, faz isso”. Os nossos atletas eram supervisionados por nós e as suas evoluções eram cuidadosamente registadas. Neste momento o Cascais tem uma sala de exercício, o equipamento e acima de tudo os técnicos necessários para que exista um serviço de qualidade. Que belo trabalho tem sido desenvolvido pelo Sandro e Inês! O segredo é este mesmo… investir no essencial, na base. Os frutos já os vamos colhendo, o sumo, esse “iremos” beber daqui a meia dúzia de anos. De resto acrescento que foram talvez os dois anos e meio da minha carreira onde aprendi mais e acima de tudo, onde fiz (vários) amigos para a vida.
Só regressarás em 2019 a Portugal, até lá serás um kiwi emprestado. Gostas da Nova Zelândia? Tens aprendido bastante? E já lhes ensinaste alguma nova técnica?
FT. A NZ é um excelente País para se trabalhar e estudar. Não existem grandes distrações por aqui… entre ir jogar golfe ou ir aos tiros aos pratos, vou-me ficando pela biblioteca, acompanhamento dos atletas dos Chiefs e desenvolvimento deste projeto chamado FPR. Tenho aprendido muito. A nossa equipa é sem dúvida uma das equipas que melhor trabalha esta área do treino das qualidades físicas. No inicio foi meio assustador porque estou habituado a liderar e aqui tive de me enquadrar na hierarquia. O meu chefe tinha-me avisado logo na fase de entrevistas que eu iria ter aquele sentimento. Neste momento acho que a equipa técnica e jogadores reconhecem o meu valor. Sei que acrescento algo na área do treino das qualidades físicas e sinto-me como peixe na água aqui!
fp. Agora segue-se a ITM Cup… boas perspectivas? Qual é o vosso objectivo?
FT. A ITM Cup está a ser desenrolada, mas nós não temos um papel direto com nenhuma equipa. Antes de os atletas irem para as equipas, foram com um diagnóstico para os PFs dos clubes da ITM perceberem onde estão (do ponto de vista das várias qualidades físicas) os atletas e poderem trabalhar alguns pontos fracos. Temos tido um papel ativo em visitar os clubes e ver como estão os nossos atletas a treinar e a acompanhar os nossos atletas lesionados. “Cá em casa”, estamos a implementar procedimentos, fazer análises do que correu pior e melhor, programar a pré-época (que será complicada já que somos o clube com mais ABs e Maori ABs), etc.
fp. Existe rugby amador na Nova Zelândia?
FT. A grande parte do Rugby na NZ é amador. Não sei percentagens, mas diria que talvez menos de 5% (ou talvez menos de 1%) seja profissional! Acho que sim, acho que existe uma diferença abismal. O nível é mais amador do que em Portugal, treinam duas vezes por semana e toda a gente trabalha. Os treinadores também são amadores, os árbitros são amadores, não existem bancadas nos campos (pelo menos dos jogos a que fui assistir). Agora, quando se vê um jogo num campo, estão simultaneamente (no mesmo espaço) a decorrer outros dois! E qualquer um destes jogos tem um nível muito alto! Desta enormidade de atletas a praticar bom Rugby, como não poderiam chegar ao topo da pirâmide uns superatletas? É como o Futebol em Portugal, mas mais humilde e genuíno.
fp. Achas que o rugby português tem futuro? Há uma consciência colectiva de termos que evoluir ou ainda estamos dedicados aos nossos “cantinhos”?
FT. Eu acho que o Rugby terá o caminho que lhe quisermos dar. Temos de tentar desenvolver os nossos técnicos o máximo possível e tentar que todas as áreas (física, técnica e tática, etc.) do jogo sejam desenvolvidas. O nível competitivo e a qualidade do campeonato Nacional têm de aumentar! Acho que é fácil perceber que o nível de atletas não irá aumentar de uma forma tão exponencial que permitam existir “15” prodígios de um dia para o outro. Parece então claro que temos de trabalhar melhor os atuais e futuros atletas.. não haverá uma solução mágica infelizmente. É importante que exista um plano de cada clube para desenvolver (a longo prazo) cada uma das áreas que estão inerentes ao jogo de rugby.
Partilhas informações com os restantes teus colegas em Portugal? Há uma colaboração e comunicação boa entre os diferentes preparadores físicos do rugby português?
FT. Quem me conhece sabe o prazer que tenho em desenvolver esta área em Portugal. Tenho uma ligação muito próxima com a área do treino das qualidades físicas em Portugal. Tenho plena consciência que os meus colegas reconhecem a minha competência e todos sabem que estou sempre disponível para os ajudar. No caso específico do Rugby, o facto de conhecer pessoalmente a maioria dos PFs ajuda bastante. Estou inteiramente disponível para colaborar no que for necessário.
fp. Ficou um sabor amargo com a eliminação nas meias-finais do Super Rugby?
FT. Custou muito na altura. Não tanto por mim mas essencialmente pelos atletas. Senti alguma frustração por não ser possível fazer nada naquela altura. Fiquei mais tranquilo quando fomos ao balneário dos Hurricanes e vi que para uns vencerem outros têm de perder (todos sabemos isto mas ás vezes esquecemo-nos). Foram superiores a nós naquele jogo, naquele instante voltei a focar no “que poderemos nós fazer no próximo ano?”.
fp. O que faz para ti considerar um bom jogador de rugby? A exigência física é exagerada ou é o necessário para não sofrer lesões?
FT. O jogo atual exige super-atletas. Existem vários estudos muito interessantes que comparam os atletas antes e após 1995 (ano de profissionalização do rugby). Não tem nada a haver. Os atletas são outros atletas, são atletas fortes, potentes e rápidos. Para vermos a importância dada ás questões física, entre 2002-2004 as equipas de Super Rugby da África do Sul passavam 53% do tempo de treino no campo treinar rugby e 23% do tempo no ginásio (Viljoen et al., 2009). Estas proporções demonstram bem a importância do treino físico no atleta de rugby, que na minha opinião têm sido completamente esquecidas pelos nossos clubes. É verdade que jogos de rugby com mais velocidade, onde o peso médio dos atletas tem vindo a aumentar, resultam em impactos maiores e como tal, mais lesões. Mas o nível físico é sem dúvida reconhecido como um fator de proteção!
30 Outubro, 2018 at 20:58
Acho que já tinha dito num outro post, para já vem acrescentar despesa, espero ou melhor desejo, que acabe também por acrescentar valor.