Depois da bonança… a tempestade. Jogo miserável, mais um, do Sporting, depois de uma partida frente ao Boavista que trazia esperança de melhoras. O Estoril ganhou e ganhou bem, deixando o Sporting a ter que encarar a última jornada da Taça da Liga muito a sério se quiser continuar na prova que venceu na época passada

peseiro-estoril

Faz-me sempre confusão quando duas coisas acontecem nestes jogos, chatos, fora de horas, num dia de merda, com um tempo de merda, numa competição que quem criou não se dá sequer ao trabalho de tentar valorizar e defender: primeiro, a incapacidade ou falta de vontade de alguns jogadores agarrarem a oportunidade que têm; segundo, a falta de respeito pelos adeptos que se deslocam ao Estádio para apoiar a sua equipa num jogos chato, fora de horas, num dia de merda, com um tempo de merda, numa competição que quem criou não se dá sequer ao trabalho de tentar valorizar e defender.

E foi tudo isto que aconteceu ontem, com a exibição do Sporting a resumir-se a: a boa pressão de Bas Dost e o bom gesto técnico de Wendel a abrir o marcador, aos 9 minutos; a um livre de Gudelj que também eu marcava (se é para atirar para o lado do redes…); a um remate em arco de Diaby para grande defesa e recarga de Mané para nova defesa, isto já aos 89′ e quando o Sporting perdia.

Tudo o resto não foi doçura nem travessura; foi um valente zero de ideias e de futebol (e quando juntas Marcelo, André Pinto e Petrovic para saídas de bola, tem tudo para começar mal), como têm sido quase todos os jogos que o Sporting disputou esta época, frente a um Estoril com um conceito de jogo instituído, com jogadores interessantes e talhado para jogar em transições rápidas. O resultado foi uma posse de bola praticamente dividida (ou seja, nem para termos a bola tivemos capacidade) e uma relação entre número de remates e número de remates à baliza francamente superior para os canarinhos. Não admirou, aliás, quando o Estoril chegou ao empate, ali por volta dos 70 minutos, nem quando se deu a reviravolta, dez minutos depois, num autogolo de André Pinto, rapaz sério que terá tido uma das piores noites da sua vida desde que se lembra de ser jogador da bola.

Mas há quem ache que “dentro do contexto específico, o Sporting jogou bem e o resultado é injusto” e que “mudámos completamente a equipa e existe uma falta de ritmo e de rotinas natural e que condicionou a exibição”. Esse alguém é José Peseiro, que não tem culpa de ter sido escolhido para treinador do Sporting, tal como não tem culpa de continuar a ser treinador do Sporting e de o continuarem a deixá-lo exprimir toda a sua mediania e a proferir um discurso que provoca vergonha alheia, de cada vez que chega à sala de imprensa.

No fundo e nem a propósito tendo em conta a data em que estamos, aquela exibição frente ao Boavista soa às chamadas “melhoras da morte”. Até porque, nesta coisa do futebol como em tudo na vida, a receita é simples: quem sabe, sabe; quem não sabe está no seu direito de achar que sabe, mas tem mais é que deixar fazer.

Ficha de jogo
Sporting-Estoril, 1-2
2.ª jornada do grupo D da Taça da Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Sporting: Salin; Bruno Gaspar, Marcelo, André Pinto, Jefferson (Lumor, 62′); Petrovic, Wendel (Bruno Fernandes, 67′), Gudelj; Carlos Mané, Diaby e Bas Dost (Montero, 62′)
Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Coates, Nani e Jovane Cabral
Treinador: José Peseiro

Estoril: Thierry Graça; Filipe Soares, Diakhité, João Pedro, João Vigário (Rafael Furlan, 45+1′); Matheus, Gonçalo Santos (Pedro Queirós, 77′), Aylton, Marcos Bahia; Sandro Lima e Dadashov (Roberto, 67′)
Suplentes não utilizados: Igor, Gustavo, Diney e Chajia
Treinador: Luís Freire

Golos: Wendel (9′), Sandro Lima (71′) e André Pinto (82, p.b.)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Aylton (89′), Petrovic (90′), Thierry Graça (90+3′) e Marcos Bahia (90+5′)