Obtendo um resultado melhor do que a exibição, o Sporting conseguiu ultrapassar um complicado Aves através de uma receita alternativa: com o colectivo emperrado, as individualidades fizeram a diferença e deram aos adeptos motivos para voltar a sorrir
O Aves trouxe a lição bem estudada e, depois de um pontapé de Diaby às malhas laterais que levou alguns dos milhares de espectadores presentes em Alvalade a gritar “golo”, subiu as linhas e manietou o jogo central do Sporting. A marcação individual a Gudelj era apenas o início do plano traçado pela equipa de José Mota, que prescindia de uma referência ofensiva para reforçar o meio-campo e obrigar os Leões a iniciarem a construção pelos seus centrais, algo que não seria problema num dia normal de Mathieu. Acontece que o francês esteve francamente desinspirado nessa função e Wendel, privado de bola, acabou por quase passar ao lado da partida.
Explica-se, assim e resumidamente, o porquê de uma primeira parte bem complicada para a turma de Alvalade, já de si a acusar a responsabilidade de oferecer ao tribunal de Alvalade as boas indicações dos jogos anteriores. Acuña continuava a perder-se em discussões estúpidas e via um amarelo que haveria de custar-lhe caro, Coates fazia um daqueles jogos medonhos que faz uma vez por mês e nem Nani nem Bruno Fernandes conseguiam ter bola para causar desequilíbrios.
E tudo isto se complica quando, aos 16 minutos, o Aves se adianta no marcador, fruto de uma boa cabeçada de Defendi na resposta a um livre lateral. Três minutos volvidos, transição rápida do Aves, com Renan a fechar bem o caminho para a baliza e os assobiadores profissionais a darem sinais de vida. Até que Vítor Costa tem uma paragem cerebral e, em plena área, dá uma pantufada em Diaby; penalti claríssimo, que só com recurso ao VAR o árbitro conseguiu ver e que motivou a expulsão do treinador do Aves, por protestos.
Bas Dost não tremeu e rematou para a igualdade, com Coates quase a comprometê-la logo de seguida, oferecendo a bola a Elhouni. Vendo que as coisas não estavam famosas e que o intervalo não tardava, Nani puxou da canhota atrás e viu um pequeno ressalto num defesa ajudá-lo a ser feliz: golaço do capitão, enviando os Leões para o intervalo mais descansados e os avenses enervados por um suposto empurrão a Amilton na área.
Durante o descanso, Marcel Keizer deve ter tentado explicar aos seus jogadores o que fazer com os 66% de posse de bola e Bruno Fernandes não tardou em colocar as indicações em prática: cueca, outra finta e cruzamento pronto com o pior pé a convidar Bas Dost a mostrar um porque de ser um verdadeiro striker. Alvalade de pé, Bas Dost a festejar como há muito não festejava e Acuña a acalmar a festa ao ver o segundo amarelo.
O Sporting teria que jogar os últimos 35 minutos com um a menos e Keizer não perdeu tempo em rearrumar as peças: entrou Jefferson para o lugar de Wendel (a coxear, depois de mais uma valente porrada), Bruno Fernandes recuou no terreno, sendo o primeiro apoio de Gudelj. E foi dali mais de trás que o camisola 8 faria um passe teleguiado para a correria de Diaby que, à saída do redes, meteu a bola cruzada, em jeito, ao ângulo mais distante. Golaço do maliano, capaz de calar desconfiados como eu, enquanto Bruno Fernandes fazia a sua terceira assistência no jogo e mostrava ser um dos que mais beneficiou da chegada de Keizer.
O jogo estava arrumado, o Aves faria mais dois remates perigosos, à entrada da área (até remataram mais do que o Sporting, mas os Leões voltaram a mostrar enorme eficácia) e Bruno Chuta Chuta César teria oportunidade de ensaiar uma das suas bombas, abrindo caminho para o jogo de quinta-feira, a contar para a Liga Europa, onde, por certo, será um dos eleitos para mostrar que as segundas linhas encaixam na fome de vitória desde rejuvenescido Leão.
Ficha de jogo
Sporting-Desp. Aves, 4-1
12.ª jornada da Primeira Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Vítor Ferreira (AF Braga)
Sporting: Renan Ribeiro; Bruno Gaspar, Coates, Mathieu, Acuña; Gudelj, Wendel (Jefferson, 58′), Bruno Fernandes; Diaby (Bruno César, 72′), Nani e Bas Dost
Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Petrovic, Jovane Cabral e Fredy Montero
Treinador: Marcel Keizer
Desp. Aves: André Ferreira; Rodrigo, Ponck, Defendi, Vítor Costa; Rúben Oliveira (Rodrigues, 64′), El Adoua (Fariña, 79′), Vítor Gomes, Elhouni (Derley, 58′); Nildo e Amilton
Suplentes não utilizados: Beunardeau, Felipe, Nelson Lenho e Falcão
Treinador: José Mota
Golos: Defendi (17′), Bas Dost (40′, g.p. e 48′), Nani (45+1′) e Diaby (60′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Vítor Gomes (30′), Acuña (30′ e 55′), Rodrigo (30′), Vítor Costa (34′), Derley (62′) e Ponck (76′); cartão vermelho por acumulação a Acuña (55′); ordem de expulsão do banco a José Mota (41′)
11 Dezembro, 2018 at 0:59
Olá caros tasqueiros,
Muito me apraz este ambiente bem mais pacificado que aqui se vive.
Dêem aos Sportinguistas vitórias e bom futebol que Alvalade torna-se naquilo que é a sua génese: pura comunhão dos adeptos.
Tudo já foi dito sobre o jogo (o golo do Nani espantou a assombração do P0).
Quanto ao problema no meio campo, o Wendell vai fazer falta, mas penso que o nosso Zidane holandês vai encontrar a solução certa no jogo com o Poltava.
Reforços garantidos:
Prata da casa
Stephen Eustáquio (sei de fonte próxima e segura que já está comprometido com o Sporting)
Saudações