O melhor que aconteceu na noite de ontem não foi o resultado; foi o constante sentimento de que era possível reverter uma desvantagem de dois golos. Um sentimento que passou das bancadas para a equipa e da equipa para as bancadas e que fica bem expressa na forma como se festeja um quinto golo já a pensar no sexto, ignorando que quarta-feira há jogo outra vez
Se esta crónica fosse efectivamente colada à música que a embala, eu começaria com algo do género “ainda me sinto a tremer, naquele frenesim de festejo que, diz uma das mais incríveis discussões da espécie humana, se assemelha a um orgasmo“. Sim, Epic, dos não menos épicos Faith No More, é sobre orgasmos, sexo e masturbação e, agora que já prendi a vossa atenção, penso que podemos falar do jogo.
Foi do caralho, não foi? Ok, está visto que vai ter que existir um esforço do escriba para vos descrever as incidências de ontem sem ter que recorrer a alusões púbicas, mesmo que se passe por lá perto por causa da pontada que o Nani sentiu na virilha. Recomecemos.
Foi épico. Foi uma daquelas malhas que mistura funk, rap, heavy metal e música clássica, como que lançando as bases para o surgimento de um estilo denominado de nu metal (nu de new, que eu prometi que isto ia ser sério). E começou tão mal. Não, não estou a falar do Jefferson a titular, até porque o primeiro golo do Nacional começa numa deficiente transição defensiva a partir do lado direito, com a linha defensiva leonina a ver à sua frente uma buracada impressionante onde os homens do Nacional trocaram bem a bola e abriram o marcador com um belíssimo remate de Camacho.
Reagiu bem o Sporting. Dost ameaçou primeiro e Dost marcou depois, mas o golo do holandês foi anulado por suposto fora de jogo de Diaby, que viria a fazer o cruzamento para a emenda. Jamais saberemos se estava, ou não, em fora de jogo, pois a câmara que tiraria as dúvidas esteve em falência técnica até à meia hora de jogo ou que raio foi. Ou seja, sem VAR, foi a decisão do bandeirinha a valer.
E se as coisas não estavam famosas, com o Sporting a sentir enormes dificuldades em parar as transições ofensivas do Nacional, pior ficaram à passagem dos 25 minutos, quando Palocevic apareceu na área a cobrar a portagem da autoestrada que se abria sempre que o Nacional atacava pela canhota da nossa defesa. 0-2 e, pior, com Mathieu afectado pelo vírus trazido por Jefferson e a falhar passes e saídas de bola atrás de passes e saídas de bola, com Gudelj completamente incapaz de segurar o meio-campo e com Bruno César a fazer-me ter mais tempo a boca aberta do que ele tem, para conseguir respirar face à sua nulidade em campo.
Sim, isto estava feio, mas o bonito é que só os Sportinguistas que se mascararam de José Mota, alguns em Alvalade com aqueles assobios de merda, é que deixaram de acreditar que era possível virar isto no tempo que faltava, mesmo depois de Renan ter parado um livre que daria o terceiro aos insulares (incrível como, no final, sem rodeios, Marcel keizer frisou que tivemos sorte em não sofrer mais golos face ao que não jogámos, nomeadamente na primeira meia-hora).
Do outro lado, Vítor Gonçalves embrulha-se com Bas Dost, num lance que nem o VAR consegue esclarecer, mas que Veríssimo considerou ser merecedor de grande penalidade. Bas Dost não hesitou, mandou-a lá para dentro e o Sporting caiu em cima do Nacional, conseguindo finalmente pressionar alto e encostar os madeirenses lá atrás. E quando no último lance dos primeiros 45 minutos, Bruno Fernandes atira cruzado ao poste mais distante, Bas Dost grita-lhe “passa a bola!” e pontapeia o poste com a raiva de quem não aceita, decididamente, não ganhar o jogo.
E foi essa a mensagem que a equipa trouxe para a segunda parte. Miguel Luís deixou Bruno César a tomar banho e veio dar ao meio-campo o equilíbrio que era necessário. Não sendo um portento de técnica ou um jogador fisicamente poderoso, o jovem formado na Academia sabe perfeitamente onde e como deve posicionar-se, dando aos tempos e momentos do jogo aquilo que é necessário, nomeadamente a pressão e a capacidade de recuperação de bola. Com isso, Gudelj despiu o fato de Bruno Caires e mascarou-se de Adrien, limpando tudo o que havia para limpar e impondo a sua presença num enorme raio de acção. E o Nacional foi abafado, apenas aparecendo na sequência de uma bola parada que permitiu uma cabeçada perigosa.
Nani ensaia um remate de fora que quase permitiu a Dost uma recarga vitoriosa; Diaby leva uma cabeçada monumental dentro da área que o árbitro considera ser um choque não merecedor de penalti; Jefferson faz uma de jeito e cruza para Dost ensaiar uma emenda de elevado grau de dificuldade. Cheirava a golo, mesmo quando Nani sai a coxear, dando lugar a Jovane Cabral. O puto traz ainda mais vontade e saca uma diagonal a esquerda para dentro que termina num passe fantástico a desmarcar Bas Dost; holandês adianta demasiado no confronto com o redes, mas da disputa a bola sobra para Bruno Fernandes confirmar o empate.
Tudo ao rubro, menos os insulares, metidos num colete de forças do qual tentam safar-se com uma patada involuntária na cabeça de Gudelj. E se o sérvio já teria a mona à roda depois disso, deve ter-se sentido na Jamaica quando viu Mathieu arrancar para a cobrança do livre e marcar um dos golos do ano. Que festa do ca…cete, meus amigos e minhas amigas! Tudo louco! Tu-do-lou-co! Ou, como diria mais tarde o central francês, a equipa a ter coração para ir buscar o resultado.
E não se pense que acabou aqui, porque o Nacional voltou à carga, agora com um gajo chamado Riascos que parece um pugilista e que mandou uma bomba para Renan fazer grande defesa. Do canto, o Sporting parte para uma transição rapidíssima e Bruno Fernandes galga meio campo com a redonda no pé. Aguenta uma carga, aguenta outra, ganha posição, mas quando remata já a mancha está feita. Pu… Puxa! Que jogo!
Olha, olha, o Dost a finalizar ao segundo poste! Penalti! Penalti! E o árbitro marca. Castigo para aquele cabrão (não é asneira) do Kalindi que andou meio jogo a atirar-se para ao chão, aos gritos, e que agora corre o risco de matar a equipa com um empurrão claro pelas costas. Vai, Dost! Gooooooooo…. hum?!? Tem que repetir?!? Fo… foi culpa do Jovane, que entrou na área antes do tempo. Vai, Dost! Gooooooooooooooooooooooolo!
Está feito! Ou talvez não. Olha o Bruno Fernandes, olha o Joavane, vai, puto, mete… ah, car… olha o Miguel Luís, cruza, cruza, go… ah! vai! chuta! Gooooooooooooooooooooooooooooolo! ahahahahahahahahahaha mão cheia! Toranja Mecânica! E vai-te lixar se quando te lembras disto não te sentes a tremer, naquele frenesim de festejo que, diz uma das mais incríveis discussões da espécie humana, se assemelha a um orgasmo!
17 Dezembro, 2018 at 12:07
Não sei se é visível na TV mas o BF deu um fodão ao Jefferson, no segundo golo. Já noutra discussão com o árbitro, o Nani teve de intervir afastando-o. Com ou sem braçadeira corre e protesta sempre. O melhor, ontem.
17 Dezembro, 2018 at 12:39
Sim, mas também levou um fodão do Dost por te tentado marcar sem ângulo em vez de assistir o holandês que se encontrava completamente desmarcado
17 Dezembro, 2018 at 12:08
Vi agora melhor o lance do 2 penalty e… Tenho de refazer a minha opinião: considero que foi mais teatro que outra coisa do nosso avançado.
Uma coisa interessante este ano, ao contrário de muitos outros, não nos podemos queixar da arbitragem, deveria ser sempre assim.
17 Dezembro, 2018 at 12:24
“Uma coisa interessante este ano, ao contrário de muitos outros, não nos podemos queixar da arbitragem, deveria ser sempre assim.”
Claro que não!
Aliás…é normalíssimo a equipa que ataca mais e que tem mais posse de bola acabar com 26 faltas marcadas e a equipa que defende mais terminar apenas com 9 faltas assinaladas.
Com Aves…. 15 -12
Em Vila do Conde…. 27-11
Esquece o “ódiozinho” / “revolta” o que lhe quiseres chamar, mas deixa-te dessa conversa fiada que não nos podemos queixar da arbitragem.
Não viste o penalti Claro sobre o Diaby?
O defesa foi burro…mas é penalty…tal como o 2º penalti sobre o Dost.
E já agora… quando encontrares o teu amigo holandês….diz-lhe que ele percebe tanto de futebol como eu de lagares de azeite 🙂
17 Dezembro, 2018 at 17:03
Ui. Essa até a mim me doeu e estava longe.
Bem, Coração de Leão.
17 Dezembro, 2018 at 17:10
Por acaso, não é “anormal” a equipa que ataca mais ter mais faltas. Basta fazer falta (e bem) logo que perde a bola.
17 Dezembro, 2018 at 12:33
“Os penaltys são penaltys, ao contrário do que diz aí atrás o Balboa, que gosta sempre de a Bia maneira lampia colocar merda no ventilador.”
O que é importante é insultar a malta.
17 Dezembro, 2018 at 16:56
Se ate Costinha, treinador do Nacional, diz que são penaltis, isto é chover no molhado.
JJ chamava a esses comentadores, ojogo e outros, atrasados mensais.
17 Dezembro, 2018 at 12:12
Pensando já na reabertura do mercado, em janeiro, com a ausência do Wendel eu trazia o Eustáquio para rodar com Miguel Luís. Ou arrisca-se na aposta do Bruno Paz para essa rotação. Talvez fosse importante colocá-lo a titular frente ao Rio Ave para ver qual a resposta dele em campo, na condição de titular. Trazia também o Xico Geraldes, para rodar com o Bruno Fernandes…
Para LD, que venha o holandês Tete; para LE, eu trazia de volta o Coentrão, se o presidente do RA não esticasse a corda…
PL, tentava o empréstimo do Slimani.
Para a posição 6, se o regresso do Palhinha não for mesmo possível, mantinha a confiança no Petro para rodar com Gudelj…
17 Dezembro, 2018 at 12:36
Soluçoes sempre dentro de portas.
Unica excepção….PL
17 Dezembro, 2018 at 15:01
6 meses do Petro são 900 mil euros que custam!
17 Dezembro, 2018 at 15:03
Além de que em Junho sai livre.
Se conseguires sacar 500 mil por ele agora isso representa 1,4M€ de diferença entre o deixar terminar a época!
17 Dezembro, 2018 at 12:36
Como SPORTINGUISTA “tout court”, sinto-me feliz com os bons momentos que a nossa equipa nos tem brindado. Quero todavia exprimir a minha inteira discordância com esses discursos de bota-abaixo (fulano não vale nada, sicrano é lixo, beltrano é merda e nunca deveria ter vindo…etc) e que CURIOSAMENTE são coincidentes na incensação desmedida a Bruno Fernandes (dá prazer vê-lo jogar neste momento), esquecendo-se das muitas jornadas esta época em que passou completamente ao lado do jogo (sem nunca ter sido substituído)! Essa de que o Sporting é o BF e mais 10 calhaus, deixem-na para a malta da FPF com o Humberto Rabbit à cabeça e respeitem os nossos no seu TODO
17 Dezembro, 2018 at 12:43
Quanto ao jogo em si, foi uma boa recuperação que, curiosamente, sempre achei possível ao contrário dos tempos do P0. No entanto, contra uma equipa boa isto não acontece. Se sofrermos 2 golos não vamos conseguir marcar sempre 5. Gosto da maneira de pensar do nosso treinador, gosta de futebol de ataque e de golos mas temos que ter noção que equipas boas e em jogos a sério, não vão deixar marcar-nos 4 ou 5 golos, temos que corrigir os nossos problemas defensivos.
Quanto aos penalties, no estádio pareceu-me que o 1o penalty é, há um toque no Bas Dost e das poucas repetições que vi acho que se confirma. Agora o 2o penalty, no estádio não percebi e na tv não me parece, não consigo ver empurrão nenhum e ficava fodido se marcassem aquilo contra o Sporting.
17 Dezembro, 2018 at 12:46
O futebol é golos é festa e quando ganhamos uma alegria, este caminho se não for alterado vai dar-nos muitos dissabores. Sofremos demasiados golos contra equipas fracas e não vamos recuperar sempre de resultados negativos, nem vamos ter penaltis sempre assinalados por dá cá aquela palha apesar do golo anulado ser muito duvidoso, não deram ou eu não vi nenhuma imagem esclarecedora.
Vamos ao futebol como ciência e analisar o que é possível através das imagens.
– Primeiro Golo Sofrido
https://youtu.be/93VJ2K1072k
Reparem no momento em que o atacante do Nacional recebe o passe na fase (Momento ofensivo ou organização ofensiva) de ataque ao minuto 5`26“ ficamos neste momento com 7 jogadores atrás da linha da bola e em igualdade numérica com o Nacional um clássico 3×3 o que em teoria dá merda e que contraria um dos princípios fundamentais do Futebol anular a igualdade numérica (Evitar a Igualdade Numérica) reparem depois na desorganização defensiva do nosso meio campo, B César, Gudelj e especialmente o Rato Fernandes adorado por muitos Tasqueiros mas que se não melhorar nestes aspectos será sempre mediano, minuto 5`33“ desguarnece a zona central que é a sua, deixa livre de marcação o avançado do Nacional neste momento está criada a superioridade numérica na zona de finalização e chupa que é tabaco…
– Segunda Batata
https://youtu.be/DOyEW8fVnd8
Minuto 24`50“ Sporting em inferioridade numérica 3×2 no corredor defensivo esquerdo e reparem onde está a Ratazana Fernandes ao minuto 24`54“ pois a culpa é do Jefferson…não os abram.
Para aqueles que percebam da poda…
Sportinggggggg
17 Dezembro, 2018 at 22:06
Bem analisado
Todos os Domingos apanho com esta merda de primadonnas que deixam de seguir o homem que deviam estar a marcar.
O desiquilíbrio defensivo em ambos os golos do Nacional é causado pela má cobertura do traidor Fernandes.
17 Dezembro, 2018 at 22:13
e os centrais no 2º golo…
17 Dezembro, 2018 at 22:18
Se reparares o Mathieu sai do Homem que está a marcar para tentar compensar a rotura.
17 Dezembro, 2018 at 22:27
O Jardel voava…este tem de baixar-se para cabecear entre os centrais na linha da peq. área para mim não é admissível
Isto não invalida a tua análise
SL
17 Dezembro, 2018 at 22:30
*torna inválida
desculpa o português…estar a ouvir o Dr. Presidente não ajuda
17 Dezembro, 2018 at 22:48
A partir do momento em que a rotura é feita e a superioridade numérica é conquistada a vantagem passa a ser de quem ataca. A defesa perde a iniciativa e tem 3 opções, vai na bola, cobre o espaço ou marca o homem.
17 Dezembro, 2018 at 12:48
Sporting com o melhor ataque entre os candidatos ao título (e a pior defesa).
Morcões com a melhor defesa.
A ver se o adágio “os ataques ganham jogos, as defesas campeonatos” encontra uma excepção este ano….
17 Dezembro, 2018 at 13:21
Grande reviravolta!!
1 golo marcado com 9 jogadores (Jefferson e BC nem nos sub 23 calçavam!)
4 golos com 10
Podem sff jogar com 11? 🙂
Ah! e se possível coloquem em janeiro à disposição do mister 2 ou três jogadores daqueles que contam!
17 Dezembro, 2018 at 14:02
“O melhor que aconteceu na noite de ontem não foi o resultado; foi o constante sentimento de que era possível reverter uma desvantagem de dois golos.”
Tudo dito. Game, Set and Match!
Ó Cherba, era giro se tivesses escolhido a 7ª faixa do ‘King for a Day… Fool for a Lifetime’ 😎
17 Dezembro, 2018 at 14:18
Pois, pois eu queria era ver como é que vocês estavam agora se eu ao intervalo não tivesse mudado de lugar, comprado um magnun white e um pacote de batatas fritas (nunca falha) metade desta cavalgada épica na 2a parte é mérito meu…..meusinho
Foi incrível eu o Fernando o Max (o neto do Max era o mais calmo, na sua clarividência infantil, o jogo esteve sempre ganho…calma olímpica) o Mário e o Zé Carlos (e todos os outros á volta) já não sabíamos se era para estarmos sentados ou de pé ou mesmo de joelhos…foi uma remontada épica, épica e acabei o jogo como se tivesse estado a correr com eles dentro do relvado….
SL
PS É incrível como alguns gajos Sportinguistas, pressionavam o nosso próprio guarda redes para repor a bola em jogo rapidamente com assobios, nem lhe dando tempo para escolher o melhor destino e quando era o redes do nacional a queimar tempo nada, nem um assobio daaaaassssse….assobiar os nossos jogadores não os “motiva” a jogar melhor ou a correr mais, ainda não perceberam?
17 Dezembro, 2018 at 14:27
Eu ao intervalo afirmei que a 2ª parte ia ser nossa e o resultado ia acabar 5-2
E antes do Mathieu bater o livre… disse que ia ser golo dele 🙂
P.S. Não estou no gozo! Estou mesmo a falar a sério! Devia era ter este dom para adivinhar o Euromilhões!
17 Dezembro, 2018 at 14:49
Desta vez não arrisquei prognóstico mas na última vez quando sofremos o 1 golo voltei-me para o Mário e disse-lhe tenho a certeza que o Acuna vai ser expulso, mas tem calma que vamos ganhar 4-1…..
17 Dezembro, 2018 at 14:50
Ah e Zé Carlos disse o Mathieu está a puxar a bola para trás vai ser ele a marcar e vai ser golo…..vai lá vai…..
17 Dezembro, 2018 at 14:59
Cherba que belo petisco, diria mesmo uma refeição de 5 pratos.
Acompanhada de um grande sonoro…a despertar nostalgia de um concerto que assisti no velhinho Alvalade há mais de 25 anos.
Soundgarden, Faith No More e Slash já que o outro mandou um terno e fez birrinha.
SL
17 Dezembro, 2018 at 16:15
Acabou por ser um grande espectáculo tendo em conta o futebol ofensivo e agradável que Keizer trouxe ao clube. Mesmo com uma arbitragem à boa maneira fruteira ou lampiónica seguimos imparáveis.