Então, vamos lá falar de bola. O mercado de Inverno já arrancou e apesar do momento financeiro do clube recomendar cautelas, já todos percebemos que o objectivo do futebol profissional da SAD é emagrecer o plantel e, sobrando alguma folga, reforçar a equipa. Falta um mês inteiro e tudo o que será aqui escrito pode ou não acontecer, mas acredito sinceramente que falharei por pouco.

GUARDA REDES
Viviano tem guia de marcha. Nem sequer entendo porque não foi testado, mas é mais ou menos óbvio que existiram factores não públicos que impediram o jogador de ser experimentado. Três treinadores não contaram com ele o que não seria nada de especial se não fosse o caso de ser o keeper com mais experiência e valor de mercado. Seja como for e se é para não jogar, que se poupe parte substancial do seu salário.

Salin fez a 1ª parte da primeira metade da época, Renan fez a 2ª. O melhor que se pode dizer é que nenhum comprometeu, mas também nenhum pareceu conquistar as “certezas”, pelo menos dos adeptos. Renan tem uma cláusula de opção, relativamente acessível, mas convém entender se é por ali que se encontrará o sucessor de Patrício, pois não será bom para nenhuma das partes imaginar um caminho que não existirá daqui a alguns meses. Sobra Max, a quem estamos a adiar a última fase de crescimento e a decisão de um longo caminho que deveria ter um culminar feliz, ou pelo menos a hipótese de o vislumbrar.

A opção aqui é clara, ou saindo Viviano o lote está tão fechado como sempre esteve, ou a SAD arrisca um pouco mais, acrescentando Salin à porta de saída, fazendo entrar um novo “candidato” a rei dos postes de Alvalade. Tem-se falado no guarda-redes do Belenenses (Muriel) e Rio Ave (Leo Jardim), mas ambos parecem mais “fumo” de empresário, do que real interesse leonino.

DEFESA
Gaspar e Ristovsly parecem valer menos que Piccini e Ristovsky. Mas as parecenças podem iludir. Gaspar entrou sinceramente muito abaixo do jogador que saiu de Guimarães para ser opção na Fiorentina, mas lentamente tem vindo a recuperar a confiança, especialmente na sua melhor faceta, a subida no corredor – esticando o jogo – e abrindo o flanco direito, com a vantagem de ser um bom elemento a recuperar defensivamente. Eu sei que este jogador caiu numa espécie de fosso sentimental de muito adeptos, mas vejo o que vejo e penso o que penso, não me deixando arrastar para ódios de estimação colectivos.
Ristosky não era “o protegido” de JJ, mas até sem esse estatuto convenceu bem mais que o esperado, fica a incógnita se Keizer vê o mesmo que JJ ou um pouco mais. Não parece fundamental mexer neste sector, apesar das notícias que davam conta da possível chegada de Kenny Tete, ex-Ajax e promessa contratada pelo Lyon, que não se afirmou na Ligue1 e podia ser emprestado ao Sporting. Mesmo sabendo que é um atleta que pode actuar nas duas alas, esta entrada só se poderia verificar no caso de a folga salarial ser bastante maior que a esperada, já que o clube francês não suportará parte interessante do seu salário em caso de cedência.

Na lateral esquerda, as maiores dores de cabeça. O Jefferson que regressou de Braga é muito mais semelhante ao que saiu e como tal, com muita pena de quem vibrou com os seus primeiros tempos de leão ao peito, não servirá muito mais tempo com a nossa camisola. Poderá ficar até ao final da época, especialmente se não conseguirmos o urgente reforço desejado. É que Acuna, fazendo o papel, para mim, não cumpre a função e as mecânicas (especialmente defensivas) da equipa estão permanentemente a emperrar, fazendo daquele corredor um ponto de preocupação e sobressalto constante.

Em termos disciplinares, Acunã parece não querer entender que existe um regulamento disciplinar desenhado à medida para os atletas leoninos e teima em desafiar “a arte do amarelo” dos árbitros portugueses. Alguns chamar-lhe-ão temperamento, eu chamo desconforto. O jogador parece “destabilizado” assim que o jogo começa e das duas, uma…ou não gosta de jogar a lateral ou simplesmente não gosta de todos os alas direitos que apanha. Em todo o caso, é preciso que alguém na equipa técnica dedique mais tempo que eu a analisar o que se passa.

Os nomes de Fabio Coentrão e Cristian Borja pairam pelos jornais. O primeiro seria bom, o segundo não faço qualquer ideia. Alguém deveria chegar, isso é certo. Já Lumor, é bom que se encontre um clube decente para jogar.

No centro da defesa as contas estavam fechadas. Coates e Mathieu de pedra e cal e depois os restantes. Mas eis que sai Marcelo para os Chicago Fire e tudo se baralha de novo. A vaga de 4º central que pode ser 3º (mediante a comparação para o valor de André Pinto) está pois em aberto. À excepção de um qualquer negócio que não se detecta para já, a decisão mais natural seria puxar um elemento dos sub23 ou fazer regressar algum dos emprestados. O problema é que Demiral parece já ter saído do nosso radar, Ivanildo não tem cláusula que permita regressar já (e seria um crime cortar a bela época que está a fazer) e João Queirós tem estado discreto nos Sub23. Há ainda Domingos Duarte, mas tal como Ivanildo, agradeceria que entrasse no Verão pela porta grande, mais pronto a render o estatuto de Mathieu do que o do Marcelo. A permanência de Petrovic pode abrir mais uma hipótese, mas está longe de ser melhor que um remendo pontual.

MEIO CAMPO
Um paradoxo. É o sector onde temos mais opções e inexplicavelmente onde temos mais necessidade de intervir rápido. E se a lesão de Battaglia já é um dado fora das contas desta época, a lesão de de Wendel e a ausência de um verdadeiro “trinco” na equipa são subtrações que podem retirar-nos pontos na candidatura ao título. A reviravolta do estatuto de Petrovic é gira e tal, mas confesso não ver no sérvio os cohones que é preciso ter em muitos jogos para ser o primeiro a fechar a porta e o primeiro a abri-la. Gostaria de ver uma contratação para este lugar, até porque não desprezando a qualidade de Gudelj, é o último ano de contrato de Petro e Gudelj está (até ver o que Cintra andou a rabiscar no notário) por empréstimo. Palhinha está no exílio de Braga (espero que seja o último negócio que fizemos com Salvador) e olhando à volta não há nenhum candidato pronto a fazer a função.

Além de Wendel, recuperado mais depressa do que o esperado, temos agora Miguel Luís e Geraldes, dois valores que sendo diferentes, têm toda a margem de progressão que o clube lhes queira dar. Não me esqueço e gostava que mais ninguém o fizesse, que Bruno Paz também merece continuar a andar a “cheirar” a vaga. Quem não parece estar com nariz para a coisa é mesmo Misic. Depois da saída de Bruno Cesár é o melhor candidato a procurar outros ares e aromas que combinem melhor com o seu estilo de jogo. Sturaro é mais matéria para Twilight Zone do que raciocínios desportivos. Subindo um pouco no terreno, Bruno Fernandes está imperial e ainda há Geraldes (que também pode fazer a função de pivot ofensivo). Alan Ruiz deverá seguir para novo empréstimo.

ALAS
Rapinha e Nani são duas boas surpresas ou confirmações (depende das expectativas) e garantem muitas das necessidades da equipa. Como alternativas, ter Acuña e Jovane já é bom, se somarmos o provável “Black Ronaldo” Rafael Camacho (jogador que espero venha com cláusula de opção alcançável) ao grupo será mais que satisfatório. Diaby também cumpre num sistema 4-3-3, mas com a natural titularidade a ser dada aos dois primeiros mencionados, reduz-se o espaço para este reforço do Verão (era um crime vendê-lo já?). A permanência de Carlos Mané também não satisfaz a necessidade quer do clube, quer do jogador.

AVANÇADOS
Bas Dost já não é a única opção e a entrada de Luiz Phellype (um desafio para o corrector ortográfico) abre quase de certeza a porta de saída ou a Castaignos ou Montero. Idealmente era o holandês a sair e o colombiano a ficar. É que mesmo com espaço mais reduzido para actuar, acho que Freddy garante mais do que apenas mais um número na ficha de jogo. O quadro ficará facilmente preenchido se acrescentarmos um ou outro atacante dos sub23, que merecem chamada regular aos treinos com os “graúdos”.

RESUMO
Entradas: Lateral Esquerdo, Médio Defensivo, Geraldes, Rafael Camacho, Luyz Phellype
Saídas: Viviano, Lumor, Marcelo, Misic, Bruno César, Sturaro*, Mané, Castaignos

Nota adicional:
Acabei por ver duas partidas do Championship inglês nesta quadra festiva. O Leeds – Hull e o N.Forest – Leeds. É impressionante a oportunidade que os clubes portugueses têm de colocar jogadores nesta liga, obtendo mais tarde recompensas financeiras inigualáveis. O nível médio dos jogadores é bastante bom, mas rapazes como o Carlos Mané ou Palhinha brilhariam sempre em boas equipas. O futebol do Sporting tem de acordar para estas “janelas”.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca