De regresso à normalidade. Após algumas semanas de “descansos” natalício e de passagem de ano, o regreso de todas as nossas 5 equipas de Futebol Feminino à competição é feito aos soluços e às prestações. Porque é este o “quadro competitivo na nossa FPF. Um pouco à vez, umas jogam outras não. O problema maior é quando esses “arranjos” de calendário parecem ser feitos à medida de alguns. Mas vejamos quais as nossas meninas que competiram este fim de semana.

No Sabado, dia 19 de Janeiro tivemos os seguintes jogos e resultados:
Campeonato Distrital B da AFL – Futebol Masculino Infantis Sub13 – Futebol de 7: 11:00 – Estadio Universitario (Campo Nr.6) – Sporting CP 4 – 1 Colégio Marista B. Marcaram os golos a Lara António (2), a Cintia Martins e a a Laura Silva. As leozinhas entre rapazes, desceram um lugar ocupam agora o 7º lugar da tabela, entre 12 participantes.

Campeonato Nacional Feminino Juniores Sub19 – Futebol de nove – 15:00 –Campo Nr.6 da Academia Sporting – Sporting CP 7 – 0 Lisboa SC. Os golos foram assinalados por Joana Dantas (2 golos, 15 anos, meio-campo), Raquel Ferreira (2 golos, 16 anos, meio-campo), Matilde Raposo (1 golo, 18 anos, defesa), Margarida Caniço, (1 golo, 15 anos, ataque) e Nicole Araújo 16 anos ataque). De salientar que não foram chamadas a jogo as várias “juniores”, que jogariam pela equipa B, no dia seguinte.

No Domingo, dia 20 de Janeiro estabam calendarizados 2 jogos:
No Campeonato Distrital da AFL – Futebol Feminino Juvenis Sub17 – Futebol de sete: Não houve deslocação ao Cultural, pela “simples” razão de que este, à 11º jornada, não fez um único jogo. Estão calendarizadas 8 equipas em cada Grupo e apenas estão a jogar 6 em cada. 2 dessas 12 equipas são “B”! Surreal!

Campeonato Nacional Feminino Seniores II Divisão – Equipa B -Futebol de 11- 15h – CP Sporting CP “B” 0 – 10 SL Bemfica. Ficam as composições dos 11 iniciais respectivas idades e nacionalidades, para se ter a ideia do contexto competitivo:

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Talvez com os contextos anteriores dê para perceber uma boa parte da entrevista da Mariana cabral ao Mais Futebol e para perceber quer o seu entusiasmo pelo modelo Formativo do Sporting, quer a sua velada decepção para com os modelos competivos de que dispomos quer na Federção quer na AFD de Lisboa. Da mesma forma que se não compreende o modelo competitivo e o modelo organizativo das competições seniores.

A FPF é quem organiza o Nacional de Juniores: nada a discordar quanto a isso. Não sendo do quadro profissional faz sentido ser a FPF a organizadora. Deveria era modificar por completo o quadro competitivo.

Após a 1ª Fase de 6 grupos continentais organizar uma 2ª Fase que agrupasse 2 Regiões (Norte com os 2 primeiros dos 3 primeiros grupos e Sul com os 2 primeiros dos 3 últimos grupos (excluídas as equipas B) e com o campeão Madeira. Na Fase Final, os 3 primeiros de cada Regional jogariam todos contra todos. A Taça de Portugal só fará sentido disputada com a participação de todas as equipas federadas em sistema de sucessivas eliminatórias (como as seniores).

Mas já não é a FPF que organiza abaixo do escalão sub19 (organiza a Taça de Portugal, num sistema absolutamente elitista); deixa isso para as Associações Distritais. Assim vemos que a da Madeira organiza um campeonato Regional e uma Taça Regional sub 19; a de Lisboa organiza o Distrital de sub 17; A de Braga organiza os distritais de sub17 , sub15 e sub 13 inteiramente femininos; a AF de Leiria organiza um Torneio de Jogos de treino entre 4 equipas; a AF Setúbal organiza uma taça para 6 equipas Seniores; a associação do Porto dá informação dispersa sobre formulários de inscrição para os campeonatos distritais de sub13, sub 15 e sub 17, mas parece que não os chegaram a realizar, por falta de inscritos, optando por captar , formar e convocar selecções distritais dos escalões, as outras 18 Associações não organizam um jogo que seja de futebol feminino. Como se vê a disparidade é total.

Não existe critério de uniformização competitiva ou sequer parece existir uma política federativa e associativa articulada para o fomento da Formação. Urge, estabelecer um Livro Branco da Formação e dos seus enquadramentos competitivos, locais, regionais e nacionais, devidamente articulados entre Associações e Federação e entre esta e o Desporto Escolar.

Depois temos os séniores e aí a porca ainda consegue torcer mais o rabo: Um campeonato de 1ª Divisão que se intitula de LIGA BPI (logo,supostamente profissional) mas que não é organizada pela Liga e sim pela FPF: tem 12 equipas mas não se sabe muito bem quais são profissionais e quais são amadoras; ao que se sabe, 1 equipa, a do Sporting, faz parte da Sporting SAD, razão porque tem de obedecer à regras de comunicação e de concorrência estabelecidas pela CMVM; mas parece que já não é assim para o Braga, o Estoril-Praia, o Boavista ou o Marítimo da Madeira, que também têm SADs, mas não inserem nelas as equipas femininas (pese embora a do Braga ser claramente profissionalizada, com 22 estrangeiras com contracto de trabalho em 3 anos e várias portuguesas em idêntica situação).

Até na 2ª Divisão o mesmo sucede: com uma equipa, o Benfica profissional a competir com equipas amadoras e uma semi-amadora, a do Sporting CP, maioritariamente de juniores amadoras mas também tendo no plantel 3 ou 4 jogadoras do plantel profissional, com idades sub 23.

Ora a bem da transparência e da lealdade de concorrência era salutar estabelecer urgentemente regras sobre integração em SAD (ou Squd) com a respectiva obrigatoriedade de resposta aos compromissos e solicitações junto da CMVM e da publicitação completa e auditada dos seus R&C, a ser obrigatória desde já à equipas de Clubes que possuam a SAD ou Squd no Futebol Masculino (isto é que militem nas Ligas Profissionais Masculinas) e com um prazo transitório de 5 anos para as outras equipas se organizarem desse modo. Enquanto o não fizerem, estarão provavelmente a dar uma aparência de crescimento da Modalidade (por causa de 3 ou 4 novos Grandes Clubes), mas alimentando, através da díspar grandeza dos mesmos a quebra de competitividade das competições.

São muitos ses, que a entrada breve e em força do SLB só vai ajudar a complicar (não por culpa deles, que estão a fazer opções a que os deixaram ter direito), mas muito por culpa de uma total desregulação das competições, dos enquadramentos jurídicos da concorrência financeira e desportiva, dos projectos públicos de formação, de uma política nacional e global de fomento da modalidades. É um “Deus dará” tanto mais assustador quando os Clubes (principalmente o Sporting e o Benfica) até investem fortemente no futuro da Modalidade, mas a FPF e, sobretudo, a esmagadora maioria das associações Distritais apenas assobiam para o lado, demonstrando uma falta de interesse só compaginável com a total falta de visão dos seus dirigentes.

Um abraço a todos e saudações leoninas

dérbi-feminino

* às segundas, o Álvaro Antunes faz-se ao Atlântico e prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino