No passado domingo, 7329 pessoas deram entrada no Estádio Abel Alves de Figueiredo, casa do Tirsense, para ajudar a equipa de Tonau a conquistar os três pontos e ultrapassar o adversário, Lourosa, na classificação.
Falamos de um jogo dos “distritais”. Falamos de um jogo que teve mais adeptos do que todos os jogos da primeira Liga, à excepção do Sporting vs Moreirense (30.121) e do Vit Guimarães vs benfic@ (22.841). De resto, o Tirsense x Lousada despertou mais interesse do que o Belenenses SAD x Tondela (1.521), Santa Clara x Marítimo (3.139), Aves x Vitória FC (1.617), Boavista x Portimonense (4.145), Rio Ave x Feirense (2052) e… Chaves x FC Porto (5.950).
Se recuarmos duas semanas, mais precisamente ao Dia de Reis, o Estrela da Amadora, que este ano voltou a ter equipa de seniores, recebeu o Belenenses, aquele que não quer ser SAD e que, por isso, disputa os “distritais”. Mais de 7 mil pessoas marcaram presença no velhinho José Gomes, algo que foi notícia pelo regresso do futebol paixão, longe das verdadeiras máquinas económicas.
«Jogar um jogo de distrital com mais de 7000 pessoas é surreal, não somos profissionais, mas sentimo-nos como tal. Fiz aquele percurso do túnel ao meio campo completamente arrepiado, a minha cidade estava ali», afirmou Ricardo Fernandes, camisola 7 do Tirsense, em declarações ao zerozero. «Depois de começar o jogo só pensava em oferecer a vitória aquelas pessoas todas. É um dia que vou guardar na memória e que queremos voltar a repetir».
Haverá vontade de deixar que isto se repita? Será este um sinal de que os adeptos estão cansados e clamam por um regresso às origens? Até onde deixarão que volte a manifestar-se o futebol paixão?
22 Janeiro, 2019 at 7:57
Vou dar aqui uma colherada…
O caso d’ Os Belenenses vs. Belenenses SAD pode ser um Bosman na UEFA, mas neste caso, a libertação de um clube das mãos de quem nele pôs dinheiro.
Sigam atentamente este caso, que mais tarde ou mais cedo será falado.
E pode fazer jurisprudência desportiva. Pois o capital de um clube não são os estádios, ou recintos desportivos, nem os jogadores, são os seus sócios e simpatizantes.
Um outro caso há uns anos, foi os donos do Stade Français, e do Metro Racing 92 quererem fundir os dois clube se fazer uma mega equipa, que trouxesse mais valias desportivas e económicas.
Os adeptos viraram-se contra a decisão, que estava tomada, e a FFR, e os clubes tiveram que voltar atrás, após uns jogos de cadeiras vazias.
22 Janeiro, 2019 at 9:22
Temos de estar atentos mesmo, até porque podemos seguir o mesmo caminho muito em breve.
Sobre fusões temos outro bom exemplo, o sport lisboa e o carnide fundiram-se e criaram um clube merdoso mas maior…. mas os sócios do primeiro revoltaram-se porque não queriam a fusão e…. nada, pois, é que mesmo assim foi tudo para a frente e o resultado está à vista.
Ah, e tecnicamente essa fusão nunca existiu (tal como as claques e toda a corrupcão) porque havendo fusão considera-se a data da mesma como fundacão, e neste caso reza a historia que houve sim uma aquisicão (hostil) de um clube por outro, vulgo canibalizacão.
Tal como acontece com todos os casamentos, quando se celebra a data celebra-se o nascimento da pessoa mais antiga, e não a data em que o casamento realmente ocorreu (lógica lampiã).
22 Janeiro, 2019 at 11:33
A cultura desportiva (e não só…) em França é muito diferente da portuguesa. Tenho dúvidas que os adeptos boicotassem os jogos ou fizessem pressão na direção.
Repara no exemplo da Tasca. Sabe-se que, mais cedo ou mais tarde, será colocada a teoria do caos, como justificação para vender património. E já há por aqui pessoal a minar a consciência das pessoas para essa inevitabilidade.
É assim que se fazem estas coisas.
Mas dá minha parte vai sempre levar troco, nunca irei aceitar uma coisa dessas. Prefiro ir para a 3a divisão do que renegar todo um legado deixado por ‘n’ gerações que nos ensinaram a viver e a amar este majestoso clube de nome Sporting Clube de Portugal.
SL
22 Janeiro, 2019 at 12:35
Não vou assumir esse teu papel de juiz diário, mas certamente, se for caso disso, irei contigo ver o Sporting na 3.ª divisão.
23 Janeiro, 2019 at 9:34
Seja em que divisão for, se o Sporting jogar de forma honesta, terá sempre o apoio dos verdadeiros adeptos. Sim, os tais que não comem merda ao pequeno-almoco.
Que vendam a SAD e verão se isso não se irá passar.
23 Janeiro, 2019 at 9:47
A facilidade com que salta para a discussão o “não há dinheiro” para justificar tudo e mais alguma coisa (curiosamente numa altura em que apenas aumentamos estrutura e doamos ao Mendes…mas vamos ignorar isso…), calculo que seja fácil justificar a tentativa de venda do Sporting com o “não há dinheiro” e o “o Sporting vai acabar se não for assim”….
Mas estou com o Sir. Mais depressa vou a Alvalade ver o Sporting na 3ª divisão do que ver o Sporting vendido pelos croquetes…
22 Janeiro, 2019 at 8:11
tonau…
começou no oliveira de braga… vai no tirsense e daqui por 1 mês ou 2 está noutro clube qualquer.
tonau e os meninos do luis vieira.
quanto ao tirsense… esqueçam.
há o canelas2010… e o padroense que todos sabem o que é.
agora isto:
“Jogar um jogo de distrital com mais de 7000 pessoas é surreal”.
não, não é… basta não se pagar a entrada.
22 Janeiro, 2019 at 8:19
Tonau sai do Oliveira desde que estes que estao agora da SAD compraram aquilo.
Ele e mais 15 jogadores.
Ve a classificação depois disto
22 Janeiro, 2019 at 8:15
Correção Cherba, Lousada e não Lourosa. 🙂
Estive lá, tal como mais de 7000 pessoas. Sou sócio e vou muitas vezes ver o Tirsense (clube da minha terra). Num jogo normal, com bilhetes a pagar costumam estar cerca de 500 a 700 espetadores. Desta vez e muito bem! a direção + um patrocinador decidiram oferecer bilhetes para reerguer a mistica do Abel Alves. Não foram atingidos os 10000, mas obtivemos excelente casa.
Obvio que secalhar só em circunstancias muito especificas numa luta pela subida nos ultimos jogos é que poderemos voltar a ter esta casa, mas fica claramente a ideia que podemos e devemos ser mais, muito mais. Olhe-se por exemplo para o jogo dos nossos vizinhos no mesmo concelho o Desportivo das Aves! Tirando o jogo com os grandes tem uma média de 1500 adeptos por jogo. Na 1ª!~
Dá que pensar
22 Janeiro, 2019 at 9:27
só uma curiosisdade:
como é que consegues ser socio do tirsense e ir ver a final da taça de portugal entre o Sporting e o desportivo das aves e estares dividido de quem querias que ganhasse, palavras tuas na altura aqui na tasca.
digo isto porque um gajo do tirsense não pode gostar do aves, a historia assim o conta.
já sai do estadio do tirsense a ver um tirsense-aves debaixo de chuva de pedras ha muitos anos diga-se de passagem.
ps: bilhetes a venda para o jogo de amanhã em braga no teu nucleo de santo tirso por 15€.
quem é da zona tem de comprar bilhete no nucleo de santo tirso ( que fica mesmo em frente a casa dos lampiões hehehehe )
22 Janeiro, 2019 at 9:36
Não estava dividido. Queria que ganhasse o Sporting e fui para o lado dos adeptos do Sporting, fui ao Jamor em carro próprio e não faltava hipotese de ir em autocarros da câmara gratuitos.
O que disse foi, ao não ganhar o Sporting que ganhe claramente o Aves. E ser sócio do Tirsense e adepto não quer dizer que não goste do Aves. Sermos da mesma cidade a 8km de distancia não tem de significar ódio! Rivalidade saudavel.
Até porque o Desportivo há muito que luta por umas batalhas totalmente diferentes do Tirsense.
PS: Por motivos profissionais não posso ir amanha. Mas sábado se lá chegarmos e se arranjar ainda bilhete vou claro. E
SL
22 Janeiro, 2019 at 10:56
ok se não ganha um que ganhe o outro, sem duvida tinha de haver um vençedor.
não é a mesma cidade mas sim do concelho e pergunta aos mais velhos o que acham da rivalidade saudavel.
é de aplaudir essa inicativa do tirsense mesmo sendo de borla, parabéns.
o futebol tuga é uma merda, os tugas não gostam de futebol mas sim de canais televisivos desportivos onde tudo se menos fala é de futebol, é mais importante a polemica do que o jogo em si.
velhos tempo onde os campos nacionais ainda tinham adeptos.
22 Janeiro, 2019 at 8:57
Também seria interessante comparar as assistências do Belenenses vs as do clube-SAD…
Z
22 Janeiro, 2019 at 11:39
Dão uma abada. O CF o’s Belenenses têm MUITO mais assistência, que os SAD Belenenses.
22 Janeiro, 2019 at 12:20
Já agora e porque há muito que deixei de ver jogos em que o Sporting não seja uma das equipas, a fúria azul vai ver o original ou a sad?
22 Janeiro, 2019 at 9:02
# 12 clubes na primeira liga + super segunda liga com 24 clubes distribuídos por duas séries
# direitos de TV centralizados e redistribuídos por todos os 36 clubes generosamente, quem ficar melhor classificado recebe mais
# número máximo de jogadores sob contrato em cada clube: 30 + 30 sub23
# fim dos empréstimos entre clubes
# fim dos passes detidos por terceiros (investidores e etc)
# as SAD não são o problema, a falta de transparência e a corrupção sim
22 Janeiro, 2019 at 9:34
Tudo boas ideias, mas atribuir os direitos televisivos de acordo com a classificacão não concordo. A ideia seria dar a todos um valor justo que permita que até os pequenos clubes disponham da mesma quantidade de dinheiro.
Claro, que os grandes podem sempre receber mais nas outras competicões, como a Champs e LE e uns extras por fora por desempenho em cada prova em que participam.
Mas a primeira Liga com 12 equipas daria menos jogos. Penso que apenas 10 a 4 voltas seria melhor solucão. Claro que resultaria em mais jogos por ano, e para os grandes seria pior pois teriam a Europa igualmente para sobrecarregar e mais jogos entre os grandes para desgastar, mas para os pequenos clubes haveriam mais jogos com os grandes, logo maiores receitas.
22 Janeiro, 2019 at 9:49
Com 12 equipas, dá para fazer uma segunda fase, com apuramento de campeão e de descida.
2 voltas com 12 equipas
2 voltas com 6 equipas para descer
2 voltas com 6 equipas para apurar campeão.
Pontos conquistados transitam da primeira para a segunda fase.
No Total 32 Jornadas.
22 Janeiro, 2019 at 10:44
Nada mal pensado… 🙂
Apenas se perdiam duas jornadas por ano, o que até seria bom, dado termos mais jogos grandes durante a epoca.
Mas com esta tendência de colocar mais equipas na primeira Liga, e não menos, dificilmente aceitariam… infelizmente.
Isso tornaria tudo mais atractivo, mas por outro lado, quem não se preocupa com a corrupcão, não se deve preocupar com o resto.
22 Janeiro, 2019 at 10:52
Aos anos que ando a “pregar” isto. Não custa nada.
E daria uma grande visibilidade à segunda-liga, e especialmente à fase da descida, onde “facilmente” estaria um braga ou um guimaraes ou um boavista. e mais: o 7º Lugar daria direito a uma liguilha adicional com os 4º 5º e 6º para acesso as competições europeias.
22 Janeiro, 2019 at 11:51
Dotar a maior parte dos clubes de um mínimo de condições financeiras, é essencial, para que estes saiam da asa e protecionismo de clubes maiores, ferindo essencialmente, a verdade desportiva.
E sem cheques em branco! Deveriam existir regras de majoração e penalização nas verbas distribuídas. Número de jogadores formados no clube, aquisições fora da liga, ocupação média do estádio, resultados financeiros/operacionais positivos, etc.
Também se deveria olhar para uma espécie de bolsa de jogadores interna, preenchida pelos excedentes dos planteis dos diversos clubes, como o draft norte americano, para intensificar as trocas de jogadores internas, valorizando os jogadores, o mercado interno e ao mesmo tempo, dando minutos aos jogadores menos utilizados. Os direitos desportivos e económicos dos jogadores, passariam a ser na sua maioria da liga, penalizando os clubes pelos containers de jogadores e forçando uma seleção criteriosa no recrutamento fora do mercado. Todas as transferências deveriam entregar um fee à Liga.
22 Janeiro, 2019 at 12:01
Como é que isso acontecia mesmo?
Os adeptos do Tondela iam migrar para algum clube? O Braga ia deixar de ser do Mendes e os lampiões B porquê?
O Rio Ave ia passar a ter mais dinheiro porquê? O dinheiro do Rio Ave é do Mendes…iam ganhar os adeptos de quem? Boavista?
Eu já me contentava com uma liga transparente, com a publicação dos valores de transferências, com a auditoria constantes à tesouraria, confirmando o pagamento religioso de ordenados, dos valores pagos por transferência e as comissões pagas por transferência. Depois, limitar o nº de jogadores que um clube pode ter sob contrato e limitar os jogadores emprestados. Obrigar os clubes a fazer escolhas e a libertarem talento em vez de abarcaram tudo e mais alguma coisa.
Com um futebol limpo temos mais do que qualidade de jogadores para fazer uma liga a 18 com qualidade. Basta acompanhar o campeonato de sub23 ou as equipas B. Assim consigamos limpar o estrume que há no futebol. E sem isso podes criar o que quiseres…não serve de nada a não ser aumentar ainda mais o buraco…
Uma coisa bem estruturada só tem a ganhar com uma liga alargada. Quanto mais longe chegar, quanto mais terras abarcar…mais publico vai ter…
22 Janeiro, 2019 at 12:03
Defendo a valorização da Liga, essencialmente!
Como uma NBA ou NFL…
Não esta liga que nós temos, que é um saco de gatos feito à pressão para legitimar as competições.
Uma liga que faça a gestão das grandes receitas, centralize, moralize e dirija o futebol.
Uma liga que proteja os jogadores e que os potencie, aumentando as receitas dos clubes e que dê destaque a quem realmente interessa.
22 Janeiro, 2019 at 12:09
Eu defendo uma liga portuguesa como a Premier League. Com os mesmos princípios, com o mesmo primado do respeito pelo adepto, com a mesma dedicação ao futebol e à transparência…
Prefiro mil vezes esse exemplo ao da NBA ou NFL.
22 Janeiro, 2019 at 12:26
Sim! Claramente!
Numa perspectiva de centralização de negócio e é da valorização do organizador!
22 Janeiro, 2019 at 11:33
É que é mesmo isso Skuhravy. Na segunda fase terias Sporting, Benfica, Porto, Braga, Vitória e Rio Ave, por exemplo, portanto, são 10 jornadas consecutivas de grandes jogos, fora a primeira fase.
22 Janeiro, 2019 at 11:46
Incrível. Acabas de descrever o modelo competitivo que defendo há mais de 20 anos!!!
Afinal há esperança.
É bom encontrar outros malucos quando andas a falar sózinho no deserto há tanto tempo.
Obrigado!
22 Janeiro, 2019 at 11:49
Já agora pode ser também que a minha ideia de que o plantel principal do Sporting deveria ter idealmente apenas 18 jogadores acabe por ser aceite daqui a 20 anos :D. A ver vamos.
“Você viu primeiro aqui”
22 Janeiro, 2019 at 12:07
Silas, 18 seniores mais uns quantos sub-23 é que um plantel de clube que aposta na formação, certo?
Quanto ao modelo competitivo, é para mim tão claro que já desisti de acreditar. Só por outros interesses se mantém o que temos.
Por exemplo, na segunda liga actual (e para ir ao encontro do mote que o Cherba deixa no post) tens estes 12 clubes a norte: Paços de Ferreira, Famalicão, Porto B, Penafiel, Leixões, Varzim, Vitória B, Braga B e os ‘emprestados’ da região centro Arouca, Oliveirense, Académico de Viseu e Académica. Muitos jogos de proximidade, muita rivalidade, mais público.
22 Janeiro, 2019 at 13:23
Exactamente.
Nunca entendi para que se quer equipas B ou sub-23 com plantéis principais de 28 jogadores.
É ilusionismo. Quer-se fazer passar a ideia da aposta na formação, mas é só para Inglês ver.
Ao fim dá-se 1 minuto no fim dum jogo a um puto para se justificar todo o aparato. Ridículo. É o faz de conta habitual.
O plantel B ou sub-23 deveria ser a segunda linha do plantel principal e não a quarta.
Isso mostraria um real compromisso com a formação e mostraria confiança nesses jogadores. Assim não passa de uma cenoura que se abana em frente aos olhos, e demonstra que na realidade os clubes não acreditam nas capacidades dos jovens. É só treta.
Além disso, para os 18 do plantel principal diminuir-se-ia a frustração e os encostados. Basicamente seriam sempre convocados estando em condições, e os castigos e lesões seriam oportunidades dadas aos jovens. Isso sim é poder dizer que “todos contam” e acabaríamos com casos de jogadores que passam pelo clube sem se saber muito bem para quê.
E agora vão dizer, “mas e a falta de opções?” e “pode-se lá fazer uma época inteira só com 2 pontas de lança de qualidade?”
Eu digo duas coisa:
Primeiro: experimentem caralho!
Segundo: um plantel de 18 implica poder re-investir 30% do que se gasta hoje nesses mesmos 18 (ou seja, aquilo que se poupa nos salários e contratações dos 10 que temos a mais hoje). Ou seja, imaginem em vez do suado e do Montero e mais 2 a ver bonés, termos Slimani e Dzeko (por exemplo, mas podem pôr 2 nomes de nível 15 ou 20 M€ em vez do nível 5 a 10M€ que praticamos hoje) + Pedro Marques e Dala a competir todas as semanas nos B e com reais perspectivas de entrar na equipa sempre que um dos 2 principais estivesse indisponível ou se a táctica fosse num jogo de 2 PL em ve de 1. Não estaríamos melhor? E o mesmo se aplicaria a todas as posições.
Isso sim seria apostar em contratações cirúrigicas em jogadores de alto calibre dando simultâneamente real oportunidade aos miúdos.
Pensem também no que seria ter a nossa formação a conviver com craques a sério em vez de Castaignos.
Just saying, mas fico burro que ninguém dê pelo menos o benefício da dúvida a esta ideia quando financeiramente é sustentável e o entusiasmo que geraria poderia mudar toda a realidade do clube.
Foi uma das coisas que me desiludiu em BdC, porque me recordo muito bem que tinha aderido a este conceito e paulatinamente foi voltando à receita do costume.
22 Janeiro, 2019 at 16:42
Completamente!
Também acho que foi aqui que BdC fracassou, deixando-se seduzir pelo canto da sereia jesuíta e suas promessas de um atalho para a glória.
Recordo com saudades a conferência de imprensa pós-Guimarães, em que os reforços, o ppl da B, foram anunciados um a um. Havia e há nos nossos quadros muita matéria-prima, mas enquanto houver quem prefira dar minutos a Diabys, preterindo Manés, estamos conversados, i.e. arrumados.
22 Janeiro, 2019 at 16:57
bem pensado mas seria atirar o futebol nacional para uma especie de 2ª liga europeia que já o somos mas que queremos aparentar ser de elite europeia… apostem na qualidade dos planteis com aposta em jogadores da formação e por conseguinte uma maior identificação dos adeptos com o clube e temos mais pessoas a ver os jogos… apostem na centralização dos direitos de transmissão… apostem numa maior ligação com os adeptos…
22 Janeiro, 2019 at 9:44
Ponto 2 é básico, mas nós somos um dos 3 culpados.
Os 1,5 Mil Milhões dos direitos dos 3 grandes deviam estar na posse dos 36 clubes que referes.
Na verdade, acho que a segunda liga deveria ter apenas 18 ou 20 clubes.
Sobem 3, descem 3.
22 Janeiro, 2019 at 10:44
Concordo com diversas dessas ideias, desde logo as duas primeiras.
Um campeonato mais pequeno com melhor distribuição dos direitos televisivos.
Quanto a essa divisão não poderia ser igual, teria sempre de levar em linha de conta vários factores, esse da classificação, outro relacionado com audiências de TV, outro com o palmarés etc etc. Fazendo com que a diferença entre o que recebe mais e o que recebe menos fosse muito menor que actualmente. Por exemplo o que recebe mais receberia no máximo o dobro ou o triplo do que o que recebe menos.
Este bolo teria sempre de ser mais reduzido na 2ª liga como é evidente.
Mas seria muito bom para competitividade do futebol luso existirem equipas a receber entre 10M€ e 20M€ na 1ª liga e entre os 2,5M€ e os 5M€ na segunda, do que como hoje onde alguns recebem 30 e outros 3.
O modelo inglês ou francês julgo que é mais ou menos assim.
22 Janeiro, 2019 at 11:41
Eu não concordo com partir o campeonato por fases. Acho até que é um dos principais problemas por exemplo do futsal. Metade do campeonato é visto como inócuo…em vez de cada jogo poder ser vital para a equipa.
E nunca percebi o beneficio disso. Os jogos grandes não dão melhores jogos que alguns com os pequenos. Nem isso ia atrair mais publico, bem pelo contrário, alienaria publico de proximidade (ainda mais). E concentrava tudo entre Lisboa, Porto e Minho. Com sorte…vá…1 equipa das ilhas…o Marítimo.
E além disso a repetição dos jogos grandes sucessivamente gera menos interesse por cada um e gera piores jogos (porque são cada vez mais encaixados).
Há um motivo para nenhuma liga de jeito tomar essa medida…
22 Janeiro, 2019 at 11:58
Tiago, não é. Com os pontos a transitar para a segunda fase, não é.
22 Janeiro, 2019 at 11:59
Já agora, o público de proximidade é precisamente o argumento (o meu argumento, pelo menos…) para teres uma segunda liga com 12 + 12 clubes. 12 clubes a norte, 12 clubes a sul. Mais clubes — 24 em vez de 18 — e mais próximos.
22 Janeiro, 2019 at 12:04
Temos uma 1 liga para as grandes regiões (lá está…porto, lisboa e minho) e uma 2ª divisão para os outros?
Para isso já tens a 2ª liga como está…e não tem publico nem dinheiro. Sem os grandes clubes não há dinheiro nem interesse…nem publicidade…nem exposição na CS…nada…
22 Janeiro, 2019 at 12:01
E ainda: repetição dos mesmos jogos. Nas próximas semanas vais jogar com o Benfica duas vezes, talvez três. Alguém se chateia com isto? No futsal, a final não é a 3, 4 ou 5 jogos? E não é isso que atrai público?
22 Janeiro, 2019 at 12:07
O Futsal só atrai publico nesses jogos…Isso quer dizer tudo…
Vais ver se algum deles será um grande jogo. E as taças ainda têm o condão de decidir…agora uma pool só com jogos grandes era retranca atrás de retranca…não viste os últimos derbies? Nos últimos 3 anos não me lembro de 1 bom derbie. Bela merda que foram. Os melhores jogos que vi este ano foram com equipas medianas…que seriam muito mais pobres nessa altura que são hoje porque andariam entre a 1 e a 2 divisão e MUITO menos dinheiro do que estável na 1ª….
A liga Inglesa é o que é não é pelos derbies ou pela repetição ad eternum desses derbies ou jogos grandes. Que são dos piores jogos da PL. É pela qualidade dos jogos com equipas mais pequenas…
22 Janeiro, 2019 at 12:09
Os teus argumentos são válidos para qualquer modelo, a riqueza e os clubes de futebol, estão divididos entre Norte, Centro e Litoral.
O modelo de fases não é para os clubes grandes, é para os mais pequenos beneficiarem de mais jogos grandes, incrementando a bilheteira e receitas, diminuindo a diferença existente.
Não vamos ter 12 clubes grandes, mas se tivesses 9 Bragas e 18 Moreirenses (o actual) por exemplo…
22 Janeiro, 2019 at 12:16
Não creio que tivesse esse efeito.
Creio que o efeito que provocaria era exactamente contrário. Muitos deixavam de ter grandes. E muitos andariam para cima e para baixo constantemente, tendo quebras brutais de receita por cada descida.
Acho que por exemplo Rio Ave teria menos dinheiro do que tem. Por exemplo Moreirense possivelmente estaria na 2ª. Etc…
22 Janeiro, 2019 at 12:28
Não faço finca pé no modelo do campeonato, até gosto da ideia das coisas imutáveis, que ganham força e capital histórico e comparativo.
Faço sim, na distribuição das receitas e valorização das competições. Temos de melhorar os clubes da primeira e da segunda divisão.
22 Janeiro, 2019 at 19:02
O problema não é o número de equipas.
O problema é compadrio e mentalidade.
Acho que há provas que suficientes para que
– um campeonato com poucas equipas não é melhor nem mais atrativo
– um campeonato com mais equipas não é menos competitivo ou atrativo.
Mentalidade e dirigismo.
A chave está aí.
Preferir um campeonato competitivo significa aceitar que a tua equipa vai ganhar menos vezes.
E poucos adeptos aceitam isso
E um campeonato pode ser atraente mesmo ganhando sempre os mesmos 2-3. Vide Espanha e Alemanha
22 Janeiro, 2019 at 9:27
O dinheiro, os lobbys, as apostas, a CS, a TV estragam a essência do “desporto”.
22 Janeiro, 2019 at 19:35
Os agentes, caralho.
O que não faz falta nenhuma. Nenhuma.
Perfeitamente dispensáveis (Diferente de dizer que são uteis).
E esta entidade dispensável, estes intermediários tornaram se mais importantes que o próprio jogo.
Enfim, como em muitos outros ramos de actividade
22 Janeiro, 2019 at 9:28
É este o futebol de que gosto.
Pela mesma razão que não gosto do Manchester City, PSG, Wolwerhampton, Chelsea, Watford, Etc…
22 Janeiro, 2019 at 10:51
Não gostas do Wolves?
22 Janeiro, 2019 at 9:41
Inevitavelmente acabará por acontecer…não sei quando mas vai acontecer e ainda bem!!
22 Janeiro, 2019 at 9:42
Gosto destas historias e deste futebol.
Tive muitos amigos a verem o Estrela-Belenenses que disseram que o ambiente foi incrivel. À antiga.
Senao nao cuidam deste futebol moderno haverá cada vez mais gente a afastar se.
22 Janeiro, 2019 at 9:49
O futebol moderno não está desenhado para o adepto tradicional.
22 Janeiro, 2019 at 9:57
Nuno e há outra questão importante: os putos hoje em dia preferem ficar em casa a jogar Playstation (até pode ser um jogo de futebol) do que ir ao estádio…isto no futuro será complicado para a indústria do futebol. Os putos de hoje serão os adultos do futuro e se o hábito não estiver enraizado…
22 Janeiro, 2019 at 10:09
Os pais também preferem ficar em casa a ver um jogo da BPL do que ir ver o Esgueira-Illiabum ou o Tirsense-Famalicão.
(nem entrando na inócua discussão da cultura desportiva)
São “hábitos de consumo”.
O futebol profissional está montado para outro tipo de mercados. E os salários milionários assentam, não nos milhares que se deslocam ao estádio, mas nos milhões que assistem via televisão.
22 Janeiro, 2019 at 10:58
+1
22 Janeiro, 2019 at 11:21
Então espero que o adepto tradicional ganhe ao futebol moderno e crie um futebol tradicional moderno…
22 Janeiro, 2019 at 9:52
Seria brutal. Muito do futuro do futebol se joga nestes clubes. Estrela, Belenenses ou Tirsense. E outros que voltem…
O movimento por um futebol sem adeptos começou há muito tempo. Não interessa quantos adeptos o clube tem, interessa fazer as ligações certas e receber da TV.
Espero sinceramente que estes clubes tenham um enorme sucesso e que, chegando de novo ao escalão maior…não se esqueçam, também eles, dos adeptos e não se entreguem a empresários ou a interesses…
22 Janeiro, 2019 at 10:24
Já defendi isto por aqui…!!!
Se me devolverem um futebol puro e, acima de tudo HONESTO E JUSTO, eu quero o meu SPORTING ‘nestes’ distritais… a reconstruir a beleza do jogo… ajudando a cortar a cabeça do polvo que domina esta Cosa Nostra em que se transformou tudo isto…
Provado fica é que quando o homem quer… ‘Sa fodam’ as sport tvs da vida e UNIDOS VENCEREMOS… ou pelo menos LUTAREMOS por algo que nos une e que nos HONRA
(e o Varandas…??? Será que já pensou em se chegar à frente para tentar capitalizar, desde a base, estes apoios… Just a thought…!!! ou melhor… era uma piada… que o homem parece continuar mais preocupado em oferecer principescos buffets a dissidentes e em dar abracinhos a quem tanto mal nos quer…Enfim… Estratégias…!!!)
22 Janeiro, 2019 at 12:56
Papo a papo, enche a galinha o grão!
22 Janeiro, 2019 at 10:45
O problema, a meu ver, não está nestes eventos pontuais. Com mais ou menos esforço, consegue-se ter público num evento. A Académica por exemplo, seja em que jogo for, se fizer durante a Queima das Fitas uma oferta massiva de bilhetes, faz 15 000 pessoas com facilidade.
Difícil é ter uma regularidade de público nos jogos. Não há muito tempo, nós exultávamos com a afluência contínua de mais de 40 000 em Alvalade. Se comunicávamos isto, é porque era relevante!
Deixo esta maravilha de bem fazer:
“If your job in sports relies on fan engagement & ticket sales, take note! It’s time for a fact finding mission to The University of Nebraska in a town called Lincoln. Population 285,000. They’ve sold out Memorial Stadium or “The Sea of Red” with up to 87,147 seats in every game since 1962 – 56 years! Season tickets are $400+.”
https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6459533525816303616
22 Janeiro, 2019 at 10:56
Constantemente mais de 40 000 em Alvalade? Isso deve ser imaginação. Agora que o clube está bom e recomendável e há bilhetinhos por aí, o normal são 20 000 a 30 000.
Deve admitir os tais 80 000 sócios falsos que anteriormente se anunciava e que só agora, depois da cooptação, passaram a ser verdadeiros.
22 Janeiro, 2019 at 15:46
Néscio.
22 Janeiro, 2019 at 15:49
Doeu?
22 Janeiro, 2019 at 11:00
É olhar para a miséria de primeira (e já agora segunda) liga, e ver a quantidade de clubes sem adeptos que por lá andam, e que apenas se justificam via presidentes-patos-bravos com ligações a um ou outro empresário influente ou aceita ser viveiro de empréstimo.
Assim por alto:
Tondela
Rio Ave
Nacional
Moreirense
Feirense
Desp. Aves
Arouca
Estoril
Como já disseram, e bem, o futebol-de-grande-consumo é feito para as TVs, não para o público no estádio.
Daí, achar que fenómenos como estes, de domingo à tarde no distritalão, tenderão a repetir-se. É uma excelente oportunidade para nós, educadores, levarmos os nossos pequenos a essas manifestações de espetáculo de entretenimento.
22 Janeiro, 2019 at 12:41
Enganas-te com o Feirense. Tem vindo a crescer na última década degrau a degrau, com base e sustentação. Paga dos salários mais baixos da Liga para não ter salários em atraso e pagá-los a tempo e horas.
Tem histórico nos escalões de formação, aposta forte na formação e desenvolvimento das camadas jovens, tendo construido aos poucos na última década um centro de formação de categoria que está na fase final. Poucas equipas na Liga, tirando os grandes tem condições daquelas.
Além de que o concelho de Santa Maria da Feira é um dos maiores do país em termos de freguesias. Muita miudagem a jogar lá.
22 Janeiro, 2019 at 11:11
Um bom texto e tema para o tasqueiro Álvaro vir falar do dinheiro das SADs e dos Clubes…
A FPF não tem interesse em que as coisas funcionem bem. Tem interesse em que pareça que funciona bem pois é assim que saca bem o dinheiro que existe no futebol – e quem diz a FPF diz as grandes figuras da FPF que estão ligadas a grandes figuras nacionais e a grandes empresários que mamam à grande à conta do futebol.
Portugal não tem grandeza – em tamanho, em população e, especialmente, em dinheiro, para ter 18 clubes na 1ª Liga e mais outros 18 na 2ª Liga. Ou se parte disto, é é tudo um faz de conta…
22 Janeiro, 2019 at 12:14
Bom post! E muitos comentários interessantes.
22 Janeiro, 2019 at 12:57
O nosso problema é de mentalidade, desorganização, incompetência e amadorismo de quem gere as ligas.
Futebol do pontinho
Espectáculos deprimentes
Casos e mais casos extra futebol (nem sequer estou a falar de Toupeiras e Apitos, falo de casos Matheus, o Gil Vicente sobe, desce, sobe, o Belém subiu 2 ou 3 vezes na secretaria, ordenados em atraso, etc)
Jogos às 21h à semana, outros às 15h ou 16h à semana
Preços dos bilhetes incomportáveis para assistir a 90 minutos de merda
Preços de bilhetes que flutuam do 8 ao 80 consoante o que a equipa da casa quer
Horários e calendários feitos à pressa e afixados 3 ou 4 dias antes dos jogos.
Regras diferentes de uns para outros
Adeptos a entrar meia hora depois do jogo iniciar
Claques que afinal não são claques, mas toda a gente sabe que são
Empréstimos encapotados
Clubes que oferecem os jogos à casa mãe (se até o Braguilha faz isso, imaginem os que vêm da 2a divisão)
Etc, etc, etc.
Mas quem no seu perfeito juízo quer saber ou investir numa competição tão miserável?
Quando dizem que o Fenandinho SMS Gomes e o Proença estão a fazer um bom trabalho só dá vontade de rir.
22 Janeiro, 2019 at 13:03
Enquanto isso for assim, não interessa o modelo competitivo.
Com tudo o que já aconteceu, não se aproveitou para mudar e parece-me claro que não há interesse nenhum em que isso aconteça. Num futebol limpo e transparente acabam-se, ou diminuem drasticamente as oportunidades de meter uns trocos ao bolso.
22 Janeiro, 2019 at 14:50
Exacto. E além disso, se isto fosse um campeonato a sério, acabavam-se as jogadas de bastidores para pôr peões nos cargos importantes e decisórios como dizia o Arguido Orelhas.
Isto não muda, também muito devido a esta guerra suja de 3 décadas entre Fruteiros e Toupeiras. Tudo em nome de se poder dizer à boca cheia que tem mais títulos que o outro, não interessa os meios usados nem se o futebol português está na merda.
Aqui a culpa maior é das Toupeiras e de este país ser um autêntico benfiquistao. Basta ver a questão dos direitos televisivos centralizados. As Toupeiras saltaram fora porque naquela bazófia cega crónica acharam que teriam de receber muito mais que os rivais. No fim receberam menos que o Sporting e ficaram na merda.
Enfim…
22 Janeiro, 2019 at 22:52
Subscrevo LionUp
SL bons comentrs Bom post.
22 Janeiro, 2019 at 14:35
Não conheço um campeonato de topo que tenha duas fases. E apesar de todos os problemas, Portugal consegue captar os melhores recursos humanos para o futebol, um sinal visível da popularidade da modalidade mas também do bom trabalho na formação dos clubes.
A solução passa por regras de governance que a Premier League impõe, por exemplo. E depois a centralização dos direitos, permitindo uma redistribuição mais justa das receitas televisivas. Neste momento, há um desequilíbrio exagerado das receitas em favor dos três grandes.
E em paralelo, devem existir incentivos financeiros à aposta na formação e na ligação dos clubes às terras. É assim que se criam e alimentam massas adeptas. É por isso que o Guimarães sobrevive aos três grandes.
Não quero, com este comentário, discutir a qualidade dos dirigentes (que é miserável), mas a verdade é que hoje há mais adeptos do Braga e do Guimarães nas respetivas cidades do que havia há 20 ou 30 anos. O centralismo lisboeta e portuense tem limites. Clubes com forte presença nas comunidades locais, como a Académica, o Farense, o Setúbal, o Marítimo ou o Chaves devem ser apoiados. Por exemplo, isto existe na BPL, a contabilidade dos bilhetes é feita pela federação e há pacotes de incentivos consoante a presença de sócios, jovens e outras modalidades. Estou a pensar num programa de apoio – à semelhança do que muitas autarquias fazem para os clubes locais – que defina regras de incentivos a essa ligação à comunidade. Isso privilegia clubes que representem de facto as terras e não as SAD que vivem como estrangeiras nas terras (como Leiria ou o Belenenses).
Não sou fã de um campeonato a duas fases: isso só dá mais derbies e clássicos e pouco mais. E até os banaliza. E, tirando a Argentina, os países que têm essa solução são mais fracos, futebolisticamente e financeiramente, que nós. Acho que a liga deveria ser reduzida para 16, com um novo papel à Taça da Liga (que daria um lugar na liga Europa ou mais receitas televisivas, por exemplo).
Agora, também é preciso ver que Portugal é um país único no mundo, pelo menos daqueles com alguma dimensão. O centralismo lisboeta e portuense criou uma legião de fãs dos três grandes imensa. Gente que torce pelo grande contra o clube da terra. 90 por cento dos adeptos em Portugal são, em primeiro lugar, de um dos três grandes o que altera as regras do jogo. Os clubes pequenos têm dificuldades em criar dinâmicas de crescimento porque falta identidade regional que alimente as suas marcas. Já houve tempos em que a malta era do Carcavelinhos ou do Águeda contra os grandes. Mas hoje isso já não sucede.
E isto tem consequências financeiras claras. As grandes marcas fidelizam mais e geram mais receitas por isso mesmo, por serem grandes. Ora, cabe a quem gere o futebol português o papel de compensar, numa espécie de redistribuição da riqueza, esses vícios da competição. É incrível como só temos dois vencedores do campeonato extra-grandes em quase 70 anos da competição. É incrível como não vemos um dos grandes mais vezes em quarto, quinto ou sexto. E não, com isto não estou a desejar que o Sporting seja um deles.
Este centralismo tem um problema: a discussão dos lugares de decisão no sistema fica pelos três grandes apenas. A formação de árbitros fica condicionada a isso: cada novo quadro tem de pertencer a uma tribo. Isto prejudica o Sporting mais do que o Porto e o Benfica, pelas razões naturais: o primeiro é uma marca de liderança regional e o outro de liderança nacional. O Sporting deveria ser o primeiro promotor desta estratégia de pulverização e apoio às marcas menores, porque isso diminui o impacto da sua concorrência direta (carnide e andrades).
Mas também não acredito que isto aconteça, porque o sistema está demasiado inquinado e condicionado. Deixarão, mais ano menos ano, o Sporting ganhar um campeonatozito para fingir que não há polarização entre porto e benfas. E tudo vai ficar na mesma, porque não há uma razão de fundo que leve o poder político a intervir.
Talvez (e isto é um grande talvez) se o caso judicial do Carnide tiver consequências e afetar mesmo a estrutura do futebol português. Mas, para isso, é necessário que os alicerces sejam abalados. Não basta sequer a prisão do Vieira, porque aí o benfas substitui-o e é outro a tomar as rédeas da agremiação. Isto é mais profundo do que a corrupção conjuntural a que assistimos.
22 Janeiro, 2019 at 18:46
Excelente comentário. Princípio, meio e fim. A primeira e última frase, para mim, são certeiras.