O Ministério Público apresentou recurso sobre a decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal de não pronunciar para julgamento a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica no âmbito do caso e-Toupeira, confirmou o Observador junto da Procuradoria-Geral da República. O recurso, que já tinha sido anunciado, vai ser agora analisado pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

O procurador Valter Alves argumentou na fase de instrução criminal que poucos casos de corrupção eram tão claros como este, insistindo na pronúncia da SAD do clube da luz.

Na decisão instrutória, a juíza Ana Peres considerou que a SAD do Benfica não cometeu nenhum dos 30 crimes de que era acusada: falsidade informática, corrupção ativa e oferta ou recebimento de vantagem indevida. A juíza sustentou que os indícios de corrupção eram “vagos e imprecisos” e que o Benfica não estava obrigado a vigiar os atos do seu assessor jurídico Paulo Gonçalves. Este irá ser julgado por corrupção, tal como o funcionário judicial José Augusto Silva, que deixou de estar em prisão domiciliária.

Entretanto, um dos suspeitos do ataque à academia do Sporting, em Alcochete, em maio de 2018, foi detido em Angola, disse fonte judicial, acrescentado tratar-se do braço direito do líder da claque Juventude Leonina.

Segundo disse a mesma fonte à Lusa, Alano Silva, considerado um elemento “muito próximo” do líder da Juve Leo, Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, terá viajado para Angola logo após a operação da GNR que culminou com a detenção do primeiro grupo de 23 suspeitos.

A detenção ocorreu na sequência de um mandado de detenção internacional emitido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, mas, segundo explicou a mesma fonte, como este suspeito tem nacionalidade angolana, é “quase certo” que não seja extraditado para Portugal, ainda que possa vir a ser julgado em Angola pelo ataque à academia de Alcochete.