É um facto indesmentível: Portugal em 2021/2022 irá celebrar o centenário dos campeonatos nacionais de futebol, sendo que a aritmética determina que existam 100 campeões em 100 anos de competições. Outro facto: esta não é uma discussão nova sendo antes um problema que se arrasta há décadas em Portugal e que recentemente voltou a ganhar o interesse dos amantes do futebol que defendem a verdade desportiva.
Desta forma, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) viu-se obrigada ‘(…) a constituir de imediato uma comissão de especialistas que possa elaborar um parecer técnico cujo conteúdo será objecto de deliberação por parte da Assembleia-Geral da FPF’ (Acta nº21, de 13 de Dezembro de 2017). Passaram 15 meses e não se conhece qualquer rosto desta comissão de especialistas, metodologia aplicada nem qualquer desenvolvimento dos trabalhos (eventualmente) já realizados. Mas o primeiro sinal de alarme ocorreu logo no dia seguinte (14 de Dezembro de 2017) na carta que a FPF enviou ao Sporting Clube de Portugal (SCP) onde referia ser: ‘(…) nossa firme convicção que a leitura dos factos apresentados por vós, não coincidirá com o que a história das competições revela’. Ou seja, existe uma clara tomada de decisão antes de iniciado qualquer trabalho de investigação, não tendo a FPF qualquer vontade em repor a verdade histórica honrando assim todos os clubes e atletas que conquistaram a prova máxima do futebol nacional entre 1922 e 1938: o Campeonato de Portugal.
Tendo como único princípio que os títulos são activos inegociáveis dos clubes, nada nem ninguém poderá alterar o curso da história do futebol em Portugal, pois tudo se encontra documentado nos arquivos da FPF e nos jornais da época que servem como fonte primária em qualquer pesquisa histórica. De seguida, apresentarei 17 factos relevantes que sustentam a luta pelo reconhecimento das 17 edições do Campeonato de Portugal.
UNIÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL (UPF)
Fundada em 1914, este foi o primeiro organismo de cúpula do futebol português e que apenas em 28 de Maio de 1926 se passou a designar FPF. Mas para que isso ficasse devidamente legalizado, houve a necessidade de reformular os estatutos, o que viria a acontecer apenas em 3 de Dezembro de 1938 (altura em que o Campeonato de Portugal já não era disputado). Até essa data, a FPF regeu-se pelos estatutos originais de 1914 – as linhas mestras do nosso futebol – onde o artigo 6º referia o dever de organizar o Campeonato de Portugal, a primeira prova nacional de futebol. A Acta nº1, de 19 de Fevereiro de 1922, na página 4 referia a ‘(…) necessidade de criar um troféu, prémio ou taça, para ser conferido ao Campeão de Portugal’ sendo que ainda hoje podemos ler no site oficial da FPF: ‘Em 1922, foi criado o primeiro campeonato de futebol organizado pela UPF. Os vencedores eram considerados os campeões da modalidade em Portugal’.
O QUE SE ESCREVEU EM 1923
A Acta nº4, de 21 de Abril de 1923, na página 9 referia que ‘(…) o Campeonato 1922/1923 será por eliminatórias, sendo obrigatória a inscrição e disputa do Campeonato de Portugal de Football a todos os grupos campeões das associações distritais filiadas na UPF’. Nesta segunda edição do Campeonato de Portugal participaram os seis campeões regionais de Braga, Porto, Coimbra, Lisboa, Faro e Funchal. Ao longo de toda a época, o SCP realizou 11 jogos oficiais (nove vitórias e dois empates) tendo o capitão Francisco Stromp afirmado: ‘Ganhámos sem contestação dos nossos adversários e, até com o aplauso de todos eles’. O jornal ‘Os Sports’ de 28 de Junho de 1923 escreveu na capa: ‘Foi este o primeiro ano em que as províncias tomaram parte no grande campeonato, prestando-lhe um brilho invulgar; de esperar é, portanto, que para o ano a concorrência de clubes provincianos seja maior ainda, mercê da criação de novas associações regionais, para que ao Campeonato Nacional concorra Portugal inteiro. O SCP após uma época brilhante traz para Lisboa o título máximo de Campeão de Portugal de Futebol’.
JOGOS OLÍMPICOS DE AMESTERDÃO
1928 assinala a primeira alegria dada pela Selecção Nacional de futebol em competições internacionais, quando Portugal atingiu os quartos-de-final das Olimpíadas desse ano. A FPF terá de explicar porque razão não considera nove dos 11 jogadores que actuaram no jogo inaugural com o Chile como campeões no seu próprio país! O nome destes heróis são: César de Matos, Augusto Silva e Pepe (CF Os Belenenses), José Manuel Martins e Jorge Vieira (Sporting CP), Vítor Silva e Raúl Figueiredo (SL Benfica), Valdemar Mota (FC Porto) e Carlos Alves (Carcavelinhos FC). Em 1927/1928, quando o Carcavelinhos FC venceu o Campeonato de Portugal a prova tinha já contornos verdadeiramente nacionais com 26 clubes na fase final, metade dos quais apurados através dos regionais que se disputavam em todo o território português. Numa entrevista ao Expresso, em 21 de Outubro de 2017, uma grande figura do desporto nacional (João Alves) afirmou: ‘O meu avô – Carlos Alves – esteve nos Jogos Olímpicos de Amesterdão (…) foi considerado o melhor defesa nessas olimpíadas. Era do Carcavelinhos que foi campeão nacional. Chamava-se Campeonato de Portugal e não Campeonato Nacional como agora’.
LIGA ‘EXPERIMENTAL’ EM SISTEMA FECHADO
Em Março de 1934, uma derrota por 9-0 com a Espanha para a qualificação do Mundial alertou os portugueses para a necessidade de reorganizar o futebol nacional. Em contra-relógio, foi decidido criar um campeonato em ‘poule’ (todos contra todos) num sistema fechado de oito clubes de apenas quatro associações regionais (quatro clubes da Associação de Futebol de Lisboa, dois da AF do Porto, um da AF de Coimbra e um da AF de Setúbal). A Acta nº41, datada de 19 de Setembro de 1936, na página 17 é bastante clara: ‘Há uma flagrante injustiça sempre que se compõe a 1ª Liga, visto que a sua constituição não se funda em nada: é arbitrária. Ninguém pode pôr em dúvida que o Algarve tem categoria mais do que suficiente para entrar na 1ª Liga, sendo mesmo superior a outras regiões que estão nessa liga (…) afinal a 1ª Liga será eternamente composta pelos mesmos oito clubes, e que a maior actividade que se proporciona aos outros é nunca poderem pertencer a essa liga’. Mais adiante, é referido: ‘Cândido de Oliveira julga que ao fim de três anos de experiências, não se deve votar a perpetuidade do princípio de que os campeonatos das ligas se hão-de subordinar mais ao critério financeiro do que ao desportivo’.
ACTAS FPF CONFIRMAM A ‘EXPERIÊNCIA’
Porque uma mentira repetida mil vezes não passa a verdade, é importante derrubar um dos argumentos mais utilizados pela propaganda benfiquista ao dizer que nenhuma acta oficial da FPF considera a nova competição como ‘experimental’. Vejamos apenas três exemplos em páginas distintas da Acta nº37, de 8 de Setembro de 1934: ‘Ribeiro dos Reis diz que se trata de uma experiência que se vai fazer, e por isso, são precisas todas as cautelas. É possível que a distribuição não esteja correcta, mas trata-se de uma experiência, como já foi dito’ (página 99). Mais adiante: ‘Cândido de Oliveira é um descrente do Campeonato das Ligas, mas o Congresso não deve guiar-se por essa descrença. Vai fazer-se uma experiência, e se não der os resultados esperados, a todo o momento é tempo de arrepiar caminho’ (página 101) e finalmente: ‘O José Simões declara que Braga aceita a criação das ligas como experiência’. Em 1934/1935, o futebol em Portugal passava a ter três competições: os campeonatos regionais (Setembro a Dezembro), os campeonatos ‘experimentais’ (Janeiro a Março) e o Campeonato de Portugal (Abril e Maio).
MODELO COMPETITIVO DE 1935 A 1938
Devido à forte implantação dos campeonatos regionais, a FPF promoveu a título experimental os campeonatos das ligas sem prejuízo dos primeiros (‘Os concorrentes às ligas dependem dos campeonatos regionais’ – Acta nº41, de 19 de Setembro de 1936) nem do Campeonato de Portugal (‘Pergunta se a Comissão entende que o Porto não tem três clubes que possam igualar os de Lisboa. Não se trata só do interesse financeiro, mas do desportivo, porque dos Campeonatos das Ligas se parte para o Campeonato de Portugal’ – Acta nº37, de 8 de Setembro de 1934). Ao longo de quatro anos, esta nova prova ‘experimental’ nunca substituiu o Campeonato de Portugal, nem sequer se sobrepôs, bem pelo contrário, colocando os campeonatos ‘experimentais’ em plano de subalternação da prova principal, ao dizer no artigo 4º do regulamento: ‘Ficarão apurados para o Campeonato de Portugal, os oito clubes da 1ª Liga, os vencedores das quatro zonas da 2ª Liga, os dois apurados nas eliminatórias entre os segundos classificados das mesmas quatro zonas e um representante dos clubes insulares’. Desta forma, o Campeonato de Portugal congregava os 15 melhores clubes de todas as zonas do país para a disputa da prova máxima do futebol português.
DECLARAÇÃO PRESIDENTE FPF
No dia do início da nova competição, a 20 de Janeiro de 1935, o Presidente da FPF – Professor Cruz Filipe – enviou a seguinte circular a todas as associações e clubes: ‘Inicia-se hoje o Campeonato das Ligas (…) mais um passo firme e necessário no progresso do football nacional. Esta iniciativa vai certamente permitir a demonstração de um torneio sério para que a sua finalidade possa ser briosamente atingida’. Dois dias antes, o jornal ‘Os Sports’ questionava: ‘Em Portugal, vamos ter a primeira edição esta época, mais como tentativa para favorecer o desenvolvimento do nosso football (…) trata-se duma tentativa que os próprios clubes aliás foram os primeiros a reconhecer legítima, oportuna e necessária. Que resultará destas experiências?’. O primeiro campeonato ‘experimental’ foi ganho pelo FC Porto sendo que o SL Benfica venceu o Campeonato de Portugal diante do eterno rival SCP. O ‘Jornal de Notícias’ de 1 de Julho de 1935 escreveu: ‘A circunstância de terem aparecido na final os dois mais populares clubes de football da capital (…) deu à partida de ontem uma importância muito especial e favoreceu o brilhantismo que se podia desejar para o fecho de um ciclo de jogos que, a começar no Campeonato de Lisboa, com passagem pelo torneio das Ligas até ao Campeonato Nacional foi rodeada de extraordinário luzimento e elevado mérito desportivo’. Por sua vez, o ‘Diário de Lisboa’ na sua edição de 12 de Junho do mesmo ano, escreveu: ‘O público desportivo tem os olhos postos no Campeonato de Portugal. Quer dizer, o campeonato das ligas não esgotou o entusiasmo da massa desportiva. Aproxima-se o fim da competição, pois estamos nas meias-finais. Apenas três domingos e conhecer-se-á o Campeão de Portugal, aquele que ostentará durante uma temporada inteira o melhor dos títulos portugueses’.
O QUE SE ESCREVEU EM 1937/1938
Antes da época começar e porque havia a secreta esperança de Portugal marcar presença inédita no Mundial de futebol do ano seguinte, ficou escrito na Acta nº42, de 25 de Setembro de 1937: ‘A proposta é uma previsão, não só quanto a esses jogos, mas também em relação ao Mundial se Portugal for apurado nas eliminatórias. Pode, portanto, não haver tempo para se jogar o Campeonato Nacional na forma actual (…) a FPF só em última instância modificará o actual sistema do Campeonato de Portugal e procurará compensar os clubes dos prejuízos financeiros que possam com isto vir a ter’. O SCP venceu a 17ª (e última) edição do Campeonato de Portugal sendo que a imprensa da época escreveu: ‘Encerrando a época de 1937/1938 vai disputar-se depois de amanhã a partida final do Campeonato Nacional’ (jornal ‘Os Sports’ de 24 de Junho de 1938); ‘O Sporting Clube de Portugal conquistou pela 4ª vez o título de campeão nacional vencendo por 3-1 o Benfica, num jogo presenciado por 20 mil pessoas’ (jornal ‘O Século’ de 27 de Junho de 1938) e ‘Nos preliminares do 17º Campeonato Nacional – a prova máxima do futebol português’ (revista desportiva ‘Stadium’ de 29 de Junho de 1938).
DOCUMENTO HISTÓRICO: AGOSTO 1938
Chegara a hora de uma profunda remodelação na orgânica das provas nacionais e, para apresentar o novo projecto, a FPF nomeou uma comissão constituída por Maia Loureiro, Ribeiro dos Reis e Cândido de Oliveira. Um documento precioso, antecedido, no preâmbulo com as seguintes palavras: ‘Imperfeições e lacunas houve neste trabalho. Alguns problemas devem ter tido solução contrária aos interesses particulares desta ou daquela associação (…) e não faltará, até, quem possa supor que tivemos em mira favorecer esta ou aquela associação’. A seguir, a regulamentação das novas provas – os Campeonatos Nacionais e a Taça de Portugal – dizendo-se a dada altura que ‘(…) para pôr em prática toda esta realização há que acabar com os Campeonatos das 1ª e 2ª Ligas e substituir o Campeonato de Portugal das jornadas em sucessivas eliminações, por um campeonato de maior rigor e regularidade pelo sistema de poule em duas voltas’. O sistema adoptado foi de facto, o mesmo dos campeonatos ‘experimentais’, mas esta prova ainda no dizer dos legisladores: ‘(…) restrita a oito clubes de apenas quatro associações, não tinha dimensão nacional, por isso, a solução encontrada é a abertura de uma porta de acesso aos Campeonatos Nacionais da 1ª e 2ª Divisões’. Só com esta abertura, a prova deixava de ser um torneio fechado sem expressão nacional – como era a liga ‘experimental’ – para atingir a dimensão do Campeonato de Portugal, necessariamente aberto a todos os clubes do país.
1º OU 18º CAMPEONATO EM 1939
Quando este novo regulamento foi submetido a votação no Congresso da FPF de 1938, a cláusula de passagem da 2ª à 1ª Divisão foi rejeitada pelas Associações de Futebol do Porto, Coimbra e Setúbal. O jornalista Ricardo Ornellas no jornal ‘Os Sports’ de 6 de Janeiro de 1939, levantou a seguinte discussão: ‘Ficou-se, assim, com um campeonato nacional injustificadamente fechado por isso é questão a colocar à FPF: da prova que depois de amanhã começa sai o 18º Campeão de Portugal cujo nome se inscreverá a seguir ao do Sporting Clube de Portugal na lista dos vencedores que começou em 1922… ou apenas o 1º vencedor do Campeonato Nacional – prova nova?’. A questão nunca se colocou pondo em causa os campeonatos ‘experimentais’ que foram muito importantes, tiveram a sua história, mas nunca foram considerados oficialmente como ‘nacionais’. A resposta da FPF foi clara: ‘São Campeões de Portugal todos os clubes que ganharam esta prova de 1921/1922 a 1937/1938 e serão Campeões Nacionais os clubes que vierem a ganhar a competição, organizada em novos moldes, a partir de 1938/1939’. No próprio livro História do Sport Lisboa e Benfica (1904-1954) na página 245 é referido: ‘(…) o árbitro invalidou o golo que daria ao Benfica, na edição inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o título de campeão 1938/1939’.
O INÍCIO DA TAÇA DE PORTUGAL
A 26 de Junho de 1939, a Académica de Coimbra conquistou a primeira edição da Taça de Portugal, após vencer na final o SL Benfica por 4-3. Dois dias depois, a revista desportiva ‘Stadium’ trazia uma foto de equipa desta conquista histórica: ‘Os aguerridos componentes que venceram a Taça de Portugal – troféu que teve o seu primeiro ano de disputa’. O próprio Presidente da Câmara Municipal de Coimbra aquando da chegada dos heróis proferiu as seguintes palavras: ‘Estamos aqui para receber estes briosos rapazes que acabam de vencer a 1ª Taça de Portugal’. Por último, e para que não haja qualquer dúvida, o actual Presidente da FPF (Fernando Gomes) em 2012, na revista oficial da final entre o Sporting CP e a Académica escreveu: ‘Bem-vindos à 72ª edição da final da Taça de Portugal (…) Para a Académica será o regresso a um Estádio que bem conhece, mas do qual já estava afastada há 43 anos. O primeiro vencedor da competição disputa, agora, a sua 5ª final, emprestando a este jogo uma mística muito própria’. As cinco finais que Fernando Gomes faz referência são 1939, 1951, 1967, 1969 e 2012. Ou seja, não contabiliza (nem podia contabilizar) a presença da Académica na final do Campeonato de Portugal de 1923 ganha pelo SCP, pois esta competição nunca foi – e nunca será – uma Taça de Portugal.
LIVRO OFICIAL FPF DE 1989
Para comemorar os 75 anos da FPF e o 1º centenário do futebol em território nacional foi editado pela FPF um livro oficial que para se perceber a sua importância basta enumerar os três textos de abertura: Presidente da FIFA (João Havelange), Presidente da UEFA (Jacques Georges) e o Presidente da FPF (Silva Resende). O jornalista Henrique Parreirão escreveu na sua nota de autor: ‘Só possível a elaboração deste trabalho, rebuscando – desde a poeira do passado aos ventos que, ultimamente, sopram de feição – o que já veio publicado em jornais e revistas de todos os tempos. Essa, portanto, a nossa principal fonte de recolha de dados com o apoio dos arquivos federativos postos à nossa disposição’. Na página 102 é referido: ‘Só oito anos depois da fundação da UPF se realizou a primeira prova do calendário federativo nacional: o Campeonato de Portugal, no fim da época 1921/1922 (…) tardou, mas chegou e viria a ser até 1937/1938, a prova máxima do futebol português, passando mais tarde o testemunho aos campeonatos nacionais com novas estruturas, pouco a pouco melhoradas até à perfeição que, hoje, se reconhece’.
O INÍCIO DO ESCÂNDALO
A 22 de Maio de 2005, o SL Benfica sagrou-se campeão no Estádio do Bessa sendo que os três jornais desportivos apresentaram três visões distintas com um silêncio total da FPF liderada, na época, por Gilberto Madaíl: ‘O Jogo’ referia 31 títulos mas contava com os três Campeonatos de Portugal (1930, 1931 e 1935). ‘A Bola’ atribuía os mesmos 31 títulos, mas numerava as três ligas ‘experimentais’ (1936, 1937 e 1938). Por último, o ‘Record’ contabilizava 28 títulos pois fazia a contagem somente a partir de 1938/1939. Dois dias depois, o jornalista Rui Cartaxana escreveu: ‘A contabilidade dos campeões nacionais de futebol não é, em Portugal, uma simples questão aritmética. Muito à portuguesa, é o reino da confusão. Cada jornal, senão cada jornalista, faz as contas à sua maneira e ninguém se entende (…) A tentação de somar os vencedores da Liga ao Campeonato Nacional que se lhe seguiu é enganadora e não corresponde à verdade. De facto, havia na altura e desde 1921/1922 uma outra prova – o Campeonato de Portugal – disputado em eliminatórias, mas cujo vencedor a FPF de então reconhecia como campeão nacional’.
REALIDADES NOUTROS PAÍSES
Em Itália, o primeiro campeonato de futebol no sistema de todos contra todos a duas voltas realizou-se em 1927, sendo que antes (e desde 1897/1898) vigorava o sistema de eliminatórias entre os vários vencedores regionais para encontrar o campeão. Todos estes primeiros títulos são reconhecidos, sendo o melhor exemplo, o Génova FC com os seus únicos nove títulos a serem conquistados no sistema a eliminar, tal e qual como era disputado o Campeonato de Portugal. Na Alemanha, o primeiro campeonato com jornadas sucessivas só foi realizado em 1963/1964. Até aí, e desde 1902/1903, vigorava o sistema de eliminatórias entre os vários campeões regionais, sendo que o Bayern Munique contabiliza o seu único título no anterior modelo (1931/1932) no somatório dos seus campeonatos nacionais. A Eredivisie é a competição mais importante da Holanda, sendo que tudo começou em 1898. O primeiro campeão foi o Concordia de Roterdão, após ter vencido o campeonato distrital e depois – na fase final – ter levado a melhor sobre os outros campeões distritais. Apenas em 1956/1957 começaram a jogar no modelo de todos contra todos a duas voltas, com o primeiro campeão a ser o Ajax, que contabiliza actualmente 33 campeonatos nacionais, ou seja, inclui os oito títulos conquistados no antigo modelo competitivo.
CAMPEONATO DA EUROPA (UEFA)
Mas se quisermos ir além das realidades nacionais, exemplos não faltam nas maiores competições internacionais de futebol. Em 1960 disputou-se o primeiro grande torneio organizado pela UEFA com a designação de Campeonato Europeu das Nações, sendo que na fase final realizada em França, entre 6 a 10 de Junho, apenas participaram quatro países: França, Jugoslávia, Checoslováquia e União Soviética (que viria a ganhar esta primeira competição). Em 1968, e já com a actual designação de Campeonato da Europa, a meia-final entre a União Soviética e a Itália foi decidida por moeda ao ar sendo que a sorte sorriu aos italianos que viriam depois a conquistar o troféu. Em momento algum, a UEFA deixou de considerar ambos os vencedores pois na realidade as duas provas foram ganhas com as regras da época e que eram do conhecimento de todos os participantes. Mais: a UEFA não reconhece oficialmente a Taça Latina pois era uma competição fechada entre quatro países (Portugal, Espanha, França e Itália). Porque razão em Portugal o título máximo é atribuído a uma liga ‘experimental’ fechada a quatro associações (Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal)? O SC Olhanense e o CS Marítimo (anteriores Campeões de Portugal, por exemplo) nunca participaram nesta competição ‘experimental’ pois as suas associações de futebol ficaram pura simplesmente excluídas.
CAMPEONATO DO MUNDO (FIFA)
O Mundial foi disputado, até hoje, com quatro modelos competitivos diferentes, sendo que a FIFA reconhece todos os vencedores desde 1930. Para além do modelo vigente e mais comum (fase de grupos e depois fase a eliminar), houve em 1950 uma dupla fase de grupos sem final convencional e, em 1982 uma dupla fase de grupos seguida de fase a eliminar com final. Mas o mais curioso são as provas de 1934 e 1938 (curiosamente, no mesmo intervalo de tempo, onde em Portugal se jogou a liga ‘experimental’) com estes dois mundiais de futebol a serem disputados no sistema de eliminatórias, exactamente como era o Campeonato de Portugal. Uma outra curiosidade: apenas na 12ª edição do Mundial (Espanha – 1982) estiveram presentes os cinco continentes. Noutro âmbito e mais recentemente, em Outubro de 2017, a FIFA reconheceu oficialmente os títulos mundiais obtidos pelos clubes sul-americanos e europeus entre 1960 e 2004, colocando assim ponto final numa polémica que durava há muitos anos.
O LADO HUMANO
Porque esta história tem rostos é importante que a FPF tenha noção que o seguinte onze histórico totalizou 190 internacionalizações por Portugal, com 43 golos marcados. Estes foram alguns dos primeiros grandes heróis do futebol nacional e que deviam merecer todo o nosso respeito pois os Campeonatos de Portugal que ganharam dentro de campo ninguém lhes poderá retirar na secretaria: João Azevedo (Sporting CP), Carlos Alves (Carcavelinhos FC), Augusto Silva (CF Os Belenenses), Jorge Vieira (Sporting CP), Raúl Figueiredo (SC Olhanense e SL Benfica), Valdemar Mota (FC Porto), Vítor Silva (SL Benfica), Pepe (CF Os Belenenses), Jorge Tavares (SL Benfica), Pinga (Marítimo e FC Porto) e Fernando Peyroteo (Sporting CP). Se algum destes homens fosse vivo, quem da FPF teria coragem para olhos nos olhos lhes dizer que afinal não foram campeões?
Não é de todo admissível que a FPF – entidade de utilidade pública e responsável pelo património histórico do futebol em Portugal – permita que sejam esquecidos os primeiros 17 anos de competições, sendo óbvio pela leitura das actas da própria FPF que ao longo das quatro épocas em que se disputou o campeonato ‘experimental’, a principal prova do calendário desportivo nacional continuava a ser o Campeonato de Portugal.
Contrariamente ao que as pessoas pensam, é importante reforçar que esta não é uma luta pelos quatro Campeonatos de Portugal que o Sporting CP venceu no campo, com as regras da altura e com o aplauso dos adversários. Esta é uma luta pela reposição da verdade histórica das 17 edições do Campeonato de Portugal que tiveram sete clubes vencedores: FC Porto e Sporting CP (quatro cada) SL Benfica e CF Os Belenenses (três cada) e SC Olhanense, CS Marítimo e o Carcavelinhos FC (um cada).
Em Janeiro de 2019, este assunto foi debatido no plenário da Assembleia da República sob a forma de uma petição com 4.470 subscritores (obrigado a todos os que assinaram). Os deputados foram claros e pretendem que a FPF esclareça esta matéria o mais rapidamente possível e que a decisão seja tomada com absoluto rigor histórico para evitar mais polémicas. A palavra final caberá à FPF, mas convém não esquecer as sábias palavras de Platão: ‘O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis’.
Texto escrito por Paulo Alexandre Silva Almeida
1 Abril, 2019 at 9:26
Excelente compilação dos factos.
Parabéns ao autor.
Gostava de saber os factos que levam outras entidades a considerar as ligas experimentais como títulos oficiais. Ignorar os campeonatos de portugal só porque eram em sistema de eliminatórias (e associando-as à taça de portugal) é absolutamente ridículo.
SL
1 Abril, 2019 at 16:19
Julgo que foi em 1996… fizeram uma AG da FPF e decidiram que 4 Ligas experimentais 60 anos antes passavam a contar… Tenho ideia ter sido na época de Vítor Vasques.
Enfim… seria como agora fazer uma reunião de condomínio do prédio e alterar a data de construção do prédio, só porque assim dava mais jeito.
Relativamente ao argumento de ser a eliminar, são os mesmos que defendem que as Taça dos Campeões valem como Ligas dos Campeões… enfim …
1 Abril, 2019 at 9:32
Esta história é um claro caso de revisionismo histórico por quem mais influência tem.
Que por acaso é quem mais tem a ganhar com esta recontagem, pois retira títulos aos mais diretos rivais.
Contar com a Liga experimental (sem dimensão nacional) é então um verdadeiro ultrage a verdadeira história.
A situação é tão clara.
Sugestão: Sporting, juntamente com os outros clubes expoliados, criar um torneio no início da época com um nome, por exemplo: “Os primeiros campeões nacionais”.
Claro que o Polvo atacaria os restantes clubes usurpados, mas como temos Belenenses e Marítimo envolvidos, talvez a ideia avançasse.
1 Abril, 2019 at 9:33
Grande posta.
Grande resposta.
E que a verdade seja reposta.
1 Abril, 2019 at 9:36
Indesmentível.
1 Abril, 2019 at 9:37
Grande posta
1 Abril, 2019 at 9:47
Qual é a posição dos outros clubes interessados?
1 Abril, 2019 at 9:49
Provavelmente terão medo de retaliação da mão invisível ak@ polvo…
1 Abril, 2019 at 10:41
O Marítimo, Olhanense e o Atlético (ex-carcavelinhos) estão com o Sporting.
1 Abril, 2019 at 10:47
Mesmo o FCP perde títulos com o revisionismo atual.
1 Abril, 2019 at 14:21
Pelo que é estranho não trazer este assunto à baila.
Aliás, já foi estranho isto ter ido para a frente sem a oposição deles porque sempre foi por causa deles que isto aconteceu!
1 Abril, 2019 at 14:31
O Porto já anunciou, mais que uma vez que alinha pelo mesmo registo do Sporting e reclama os Títulos que conquistou.
SL
1 Abril, 2019 at 10:09
Excelente. Tenho a certeza absoluta que todos os Leões vão partilhar este trabalho de investigação nas suas redes sociais. Todos. Tanta certeza como hoje ser 1 de Abril.
1 Abril, 2019 at 10:15
Mais uma Bandeira da Anterior Direcção personalizada por BC e apoiada por todos os “Javardos, Javalis, Suínos, Mal Formados…e demais distintos Sportinguistas a começar pela Direção do Fivelas” que tudo tem feito para levar esta bandeira para a frente e repor esta verdade histórica.
1 Abril, 2019 at 11:33
Meu caro Leão do Ribatejo, esta não é uma bandeira de Bruno de Carvalho, embora ele tenha lutado muito por ela, esta é uma bandeira do Sporting Clube de Portugal.
A verdade e a dignidade não se apagam nem se vendem.
1 Abril, 2019 at 12:45
Esperemos que sim Caro Leorodri, eu sinceramente não me recordo de uma anterior Direção ter feito algo de substantivo e incisivo sobre o tema. Sobre a actual estamos conversados no máximo sai um comunicado melhor ou pior escrito que teráefeito zero como todos os outros até aqui.
Abraço
1 Abril, 2019 at 13:26
A bandeira é do clube, mas a luta foi sempre do BdC.
Foi o unico que alterou a contagem dos titulos do Sporting (ainda que de forma não oficial) e o unico que lutou para que os titulos fossem reconhecidos.
Aliás, se o presidente da altura tivesse falado nem estariamos agora a discutir isto.
É tão ridiculo adicionar-se um titulo experimental como titulo nacional quanto achar-se que o trofeu do guadiana é um titulo nacional. O nome indica logo que se trata de algo EXPERIMENTAL…. Mesmo que tenha dado origem a algo real, não conta como oficial até ser REAL.
1 Abril, 2019 at 21:02
Campeonatos e Peyroteo.
1 Abril, 2019 at 14:35
Mas foi a Direcção de BdC quem a colocou na Ordem do Dia, tal como a questão de Peyroteu maior goleador de todos os tempos (contando com a oposição do mito de Eusébio). Por isso, o seu a seu dono.
SL
p.s.: já agora, e lembrando umas quantas medidas a favor da verdade desportiva pelas quais a anterior direcção se bateu, o que é feito do Congresso “The Future of Football”? Pois é! Parece que afinal sempre há quem entenda que certas coisas foram “bandeiras de Direcção” e, por isso, apesar de boas, não se repetem.
1 Abril, 2019 at 11:19
Grande post e boa lembrança em recuperar este assunto.
1 Abril, 2019 at 11:29
O revisionismo histórico lampiânico da federação não passará.
Sem memória não há futuro.
1 Abril, 2019 at 11:33
O problema nunca foi o de contarmos tudo junto ou separado, mas o disparate de comecar a contar ligas experimentais como titulos de campeão nacional.
Qualquer dia ainda dizem que a taca da liga é o mesmo que a taca de Portugal ou outro disparate qualquer.
Se não querem apoiar o Sporting terão de voltar a separar as ligas experimentais dos campeonatos.
Nem sei porque ainda andamos a discutir este tema. É tão ridiculo.
E sim, a Taca de Portugal (trofeu) inclui titulos que não deveria incluir, mas isso não desculpa o resto.
1 Abril, 2019 at 12:11
Fica aqui uma ideia…
Contratação de uma pessoa que, com outras tarefas idênticas a esta, liga-se hora sim, hora sim para a FPF, Liga e demais…
“Olá, sou eu outra vez, como está? Já temos resposta para a revisão dos 17 campeonatos? Não, ok eu volto a ligar mais tarde.”
“Olá, eu de novo. Agora é para saber se já houve despenalização do Ristovski. Não? É na terça. Ok, volto a ligar mais tarde.”
REPEAT
1 Abril, 2019 at 12:16
Tipo cobrador.
O problema é se o atendimento for como no funcionalismo público. Só em tempo e chamadas…
1 Abril, 2019 at 12:26
Ainda há pouco tempo liguei para a Liga portugal a perguntar quando é que iam colocar os jogos dessa semana no site. Foi a uma 3ª feira e a jornada começava na sexta… Surreal
1 Abril, 2019 at 12:26
Não compreendo o que se passa com o grafismo da Tasca
Só me acontece aqui: o fundo é cinzento claro e as letras, brancas. Um problema que, penso ser do meu pc mas, que não estou a ser capaz de resolver. Alguém me dá uma ajuda nisto?
Obrigado.
1 Abril, 2019 at 13:07
Eu tenho esse problema em casa.
Na empresa funciona bem, mas em casa tenho sempre de seleccionar o texto depois de escrever algo para ver se ficou tudo bem.
1 Abril, 2019 at 13:50
Aposto nas tuas definições, mais especificamente no browser. Não sei precisar mas has de encontrar um sitio onde defines cor do texto, em múltiplas aplicações (forms, texto corrido, etc). As definições da tua máquina estão a sobrepor se as da tasca.
1 Abril, 2019 at 12:46
Excelente post. Vou guardar. Verdadeiro serviço público.
Quem beneficia com esta trapalhada? O Carnide? Ok, nada de novo, confere. O polvo de sempre.
1 Abril, 2019 at 12:53
Texto e exposição brilhante, a minha vénia!
Se duvidas houvessem ou persistissem…
Aqui no Tugao, n ha vontade para sermos serios… nem o seu abjecto povo o exige… impunidade e corrupção sao as palavras d’ordem do conforto nacional…
Resta, na minha modesta opiniao, os socios principalmente e os adeptos pressionarem este elenco bananoide q temos para n deixar cair este assunto!
1 Abril, 2019 at 13:03
Contra factos não há argumentos.
Não consigo compreender qual é a dúvida das pessoas sobre esta matéria, só se for por desonestidade é que não se admite que os títulos de 21/22 a 37/38 foram de Campeão Nacional.
Este é “só mais um” texto que mostra por a + b isso mesmo.
1 Abril, 2019 at 13:21
Eles têm razão nalgumas coisas, por isso argumentam com aquilo que têm.
Mas claramente tudo isto não passou de uma manobra dos lampiões.
Eles consideram que os outros titulos nacionais são equivalentes à Taca de Portugal, logo se houver recalculo não seriam incluidos como titulo nacional mas sim como tacas de portugal conquistadas. No fundo isso é verdade, mas quando se compara alhos com bugalhos nunca se pode afirmar que o resultado está certo.
A historia foi assim: um rabolho qql um dia enviou um email para a FPF a perguntar se podiam considerar as ligas experimentais como campeonatos nacionais, mas foi tudo sem grande expectativa.
Mas aqueles fdp da FPF decidiram que era boa ideia e passaram a somar tudo. A pergunta que fica é o porquê de fazerem isso com as experimentais e não com os outros…. é que nos outros o carnide fica com 3 na mesma, ao passo que o porco ficava com mais um e o Sporting com mais três…. e isso faz toda a diferenca.
Um caso semelhante no Brasil que gerou polémica:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2010/12/cbf-oficializa-titulos-nacionais-em-cerimonia-com-presenca-de-pele.html
1 Abril, 2019 at 13:35
Desculpa, mas não há aqui dúvidas nenhumas, nem têm que ser considerados como Taças de Portugal só porque era por eliminatórias. Essa retórica dos lamps só demonstra desonestidade e nem isso consigo entender, porque a única coisa que mudava na lenga-lenga deles era já não poderem dizer que têm o dobro dos campeonatos que nós temos, que no fundo é o que lhes interessa. E eu para isso nem dou importância por eles até podia ter 100 campeonatos e nós apenas 1, eu gosto do Sporting e só me interessa o Sporting, estou-me a cagar para eles.
“São Campeões de Portugal todos os clubes que ganharam esta prova de 1921/1922 a 1937/1938 e serão Campeões Nacionais os clubes que vierem a ganhar a competição, organizada em novos moldes, a partir de 1938/1939”, é o que está escrito, não fui eu ou tu que escrevemos.
Mais, então faz mais sentido atribuir o título de Campeão Nacional a uma prova experimental e que só incluía clubes de Setúbal até ao Porto por ter melhores estradas e acessos, ou atribuir esses Títulos a uma prova que, apesar de ser disputada por eliminatórias, era verdadeiramente Nacional, com clubes do Algarve até ao Minho e também das Ilhas? A mim parece-me simples, daí não entender as dúvidas.
SL
1 Abril, 2019 at 15:10
Obviamente!
Para além de ser a competição mais importante da época, os Clubes para participar no Campeonato de Portugal (eliminatórias) tinham de se apurar vencendo o respetivo campeonato regional (todos contra todos).
1 Abril, 2019 at 15:22
Eu concordo contigo, porém o argumento deles é esse, e se vires o trofeu da Taca de Portugal, estamos lá como vencedores nesses anos:
https://hugogil.pt/antigo-jornal-revela-que-nao-houve-diferencas-entre-a-liga-experimental-e-a-i-liga/
A não ser que os fotografias tenham sido adulteradas (vindo do carnide não me admirava nada).
Mas nem vou comentar a argumentacão desses otários, pois não estamos a falar da denominacão de uma prova, mas sim da essencia. Se eu fizer um jogo amigavel e depois de o ganhar o quiser passar a considerar como jogo oficial, esse jogo não passa a oficial apenas porque sim.
1 Abril, 2019 at 13:52
Excelente posta, grande trabalho de pesquisa e síntese. Obrigado.
1 Abril, 2019 at 14:18
“Contrariamente ao que as pessoas pensam, é importante reforçar que esta não é uma luta pelos quatro Campeonatos de Portugal que o Sporting CP venceu no campo, com as regras da altura e com o aplauso dos adversários. Esta é uma luta pela reposição da verdade histórica das 17 edições do Campeonato de Portugal que tiveram sete clubes vencedores: FC Porto e Sporting CP (quatro cada) SL Benfica e CF Os Belenenses (três cada) e SC Olhanense, CS Marítimo e o Carcavelinhos FC (um cada). ”
Contra isto há o interesse do SL Benfic@!
E é bom que se perceba que o SL Benfic@ é muito maior que o SL Benfica! O SL Benfica é um comum clube como qualquer outro, apesar de ter uma grandeza maior que quase todos eles. O SL Benfic@ confunde-se com Portugal e até há quem o ache maior que o próprio país!
Isto atrapalha bastante quando o que se pede é… A VERDADE!
Deste excelente texto e trabalho, retiro também esta passagem…
“A 22 de Maio de 2005, o SL Benfica sagrou-se campeão no Estádio do Bessa sendo que os três jornais desportivos apresentaram três visões distintas com um silêncio total da FPF liderada, na época, por Gilberto Madaíl: ‘O Jogo’ referia 31 títulos mas contava com os três Campeonatos de Portugal (1930, 1931 e 1935). ‘A Bola’ atribuía os mesmos 31 títulos, mas numerava as três ligas ‘experimentais’ (1936, 1937 e 1938). Por último, o ‘Record’ contabilizava 28 títulos pois fazia a contagem somente a partir de 1938/1939.”
Como não podia deixar de ser, a A BOLHA tinha de estar metida até ao tutano nesta mentira e defender a posição mentirosa do SL Benfic@. Este Orgão de Comunicação Social é a escória do Jornalismo – e há várias provas disso como, por exemplo, as facciosas entrevistas ao canalha do LFV – a que só o CM dá alguma luta.
Isto DEVIA SER UM NÃO ASSUNTO, de tão claro que está, de tão evidente que é para qualquer pessoa que utilize o senso comum. Mas não! Neste país do FAZ DE CONTA tinham de se inventar títulos faz de conta para que o Benfic@ não fosse ultrapassado pelo Porto em numero total de títulos conquistados, nem que para isso muitos outros clubes, e inúmeros atletas, fossem prejudicados no seu palmarés!
Este assunto é a cereja no topo de bolo desta merda de país, onde alguns, poucos, fazem o que querem com total impunidade e outros, muitos, são obrigados a fazerem o que não querem em beneficio dos primeiros!
Quem é honesto e lida mal com a trafulhice não pode deixar de sentir asco por esta gente! Hoje, a FPF está tão metida nesta mentira que não tem face para admitir A VERDADE. Esta gente, se não todos, pelo menos grande parte, deviam era estar presos e não a viver bem e à portuguesa…
1 Abril, 2019 at 14:24
…
Num país onde os clubes adulteram a sua data de fundação, que é o primeiro grande marco histórico de qualquer entidade, individual ou colectiva, com a permissividade da CS e da FPF, isto de adulterar títulos é completamente secundário…
É o país que temos porque somos o povo que somos!
1 Abril, 2019 at 14:50
Esta luta não foi iniciada por BdC…
“No livro de Ouro do Sporting publicado pelo Diário de Notícias no ano 2000, o então presidente do Sporting, José Roquette deixou um texto de abertura nesse livro onde considerava os “20 títulos nacionais”, como se pode ler logo no primeiro parágrafo do texto anterior. Importa dizer que o livro foi publicado no inicio do ano e que em Maio desse mesmo ano o Sporting conquistou o seu 21º título nacional com Augusto Inácio como técnico principal. Em 2002 o Sporting viria a conquistar novo título nacional com Laszlo Boloni.”
1 Abril, 2019 at 15:27
Sim, mas lutar e escrever um prefácio são coisas bem diferentes.
O Roquette escreveu e bem, porque é uma verdade, mas o BdC foi quem lutou para repor a verdade. A verdade não é o numero de titulos em si, mas o não se poder considerar titulos experimentais como titulos oficiais.
E já agora, nessa altura não existia polémica, porque todos os titulos estavam separados, e bem.
Se ainda estivesse tudo separado ninguem andava agora a falar nisto, o clube tem de facto esse numero de titulos, uns com o nome de campeonato nacional e outros com outro nome, mas não se pode somar alhos com bugalhos e depois afirmar que tudo está bem.
1 Abril, 2019 at 15:31
De acordo!
1 Abril, 2019 at 15:22
Excelente posta! Belo trabalho.
1 Abril, 2019 at 18:37
Grande trabalho!
A História, por muito que se tente, nunca se consegue apagar!
100 anos = 100 campeões!
Simples.. para quem é sério!
1 Abril, 2019 at 19:18
terminas com uma frase lapidar… ”para quem é sério”… aqui em portugal ser-se sério, transparente e digno é meio caminho andado para se ser gozado, humilhado e ostracizado… Pode ser que com a notoriedade e visibilidade internacional que está a ter o ”caso Rui Pinto” ganhem vergonha na cara…
1 Abril, 2019 at 20:07
Sou dos Açores e
Tenho 76 anos e sempre me lembro de nas eliminatórias Acores/Madeira para o campeonato de Portugal dizerem que o Marítimo era campeão de Portugal.
Grandes jogadores tinha o Marítimo com uma linha avançada Chino-Checa e Raul.
SL
1 Abril, 2019 at 22:32
Muito bom texto.
1 Abril, 2019 at 23:18
Excelente Post. A verdade da historia do o futebol portugues deve ser preservada e os campeoes clubes e jogadores devem manter-se tal como foi a luz da epoca decididos pelos regulamentos e actas da UFP mais tarde FPF.
Tirar o que foi conquistado por merito de muitos jogadores e uma atroz maneira e tentativa de alterar a historia por beneficio de alguns, prejudicando outros entre eles o nosso SCP.
O seu a seu dono e que a historia justamente pelos regulamentos aplicados seja novamente a justa realidade oficial, alias apenas nao oficial para por ma fe ou outra razao muitos nao a quererem assumidamente assumir como oficial entre eles agentes das ligas e federacao, jornalistas e outros opinadores.
Relembro que ja aqui na tasca coloquei um balanco dos nossos 4 titulos do campeonato de Portugal bem como as restantes participacoes.
Para mim para milhares temos 22 titulos nacionais conquistados so quem nao quer e que nao ve.
2 Abril, 2019 at 8:13
O problema aqui foi o terem considerado titulos experimentais como titulos nacionais.
No andebol tivemos durante uns anos duas ligas em paralelo, e cada um conta os titulos nacionais que quer, não temos um orgão a ditar que uns titulos são nacionais e outros são Taca de Portugal…. é ridiculo.
A solucão passaria por separar tudo novamente e acabar com esta polémica.
Mas o carnide não só fez a merda, como anda a lutar para colocar os titulos reais (os tais que o Sporting luta para considerar como titulo nacional) como sendo parte da taca de portugal, para poderem eles adicionar mais uns titulos…
Qualquer dia estão eles a lutar para colocarem a eusébio cup como parte da supertaca, joga-se na pré-epoca e são duas equipas….. logo são os mesmos moldes da supertaca.
2 Abril, 2019 at 17:29
Um comentário. Reconheço os méritos de todos os que se têm batido pelo respeito da verdade histórica. Mas, por favor, evitem guerras internas. Isto não nasceu durante a anterior direcção, como já vi alguns (uns valorizando por isso, outros desvalorizando pela mesma razão) afirmarem.
Já desde jovem que me lembro que o jornal do Sporting apelidava a Bola de “o jornal dos campeonatos em poule”, porque pretendiam contabilizar a Liga experimental com o Campeonato Nacional e ignorar o Campeonato de Portugal, porque era a eliminar. A guerra vem, pelo menos (que me lembre, antes era muito jovem) da altura do campeonato de 1969/70. Há provas evidentes, basta consultar o jornal do Sporting da época.
Seja qual for a posição de cada um sobre a anterior direcção, ela fez muito bem em se bater por esta causa, mas não foi ela que lhe deu origem. É uma guerra muito antiga.
2 Abril, 2019 at 17:35
Isto nada tem a ver com 1960/70.
Foi em 2005 que a FPF decidiu atribuir + 3 títulos ao Bein-fic@ e +1 ao FC Porto, títulos esses referentes às 4 Ligas experimentais.
Mas… Por curiosidade… Onde está a documentação sobre essa “guerra antiga”?
O que fizeram as direcções anteriores a 2005 para travar essa “guerra antiga”?
O que fizeram as direcções posteriores a 2005 para travar esta “guerra moderna”?
…
2 Abril, 2019 at 17:49
Não precisa de vir com essse tom agressivo, porque a minha intenção era exactamente a oposta. Assim, acaba por reagir como a FPF ao dizer que isto nada tem a ver uma com a outra.
Essa documentação está nos arquivos do jornal do Sporting. E a reaçõa foi moitivada porque a Bola tinha a táctica, que depois a Federação terá adoptado, de contabilizar já as tais ligas experimentais nas suas apresentações.
Digo isto aqui, como já o disse no “Camarote”, quando pretendiam desvalorizar a posição da direcção anterior nesta matéria como uma invenção do Bruno. Factos são factos, ele bateu-se , e muito bem, por isso, outros bateram-se antes, em relação ao “inimigo” da altura. A coisa já vem de muito longe, táctica típica dos lampiões, mentem sobre a data da criação, mentem sobre o palmarés…
Se quiser dar-se ao trabalho…houve muitos artigos sobre a matéria no jornal (não posso jurar, mas creio que Xara Brasil era um dos mais activos plumistas em defesa do palmarés do Sporting). A Bola sempre foi assim, até inventaram um golo para darem a Bola de Prata ao Eusébio quando o melhor marcador era o Figueiredo. Mas essa, nem a FPF engoliu completamente, continuando a consider Figueiredo e Eursébio ex acquo como os melhores marcadores desse ano…
2 Abril, 2019 at 17:59
Mais acima está um comentário de outro leitor que lembra que também José Roquette em 2000 referiu o problema. Naturalmente, como a coisa estava mais ao nível de um jornal, e só em 2005 é que houve o reconhecimento oficial da mentira desse jornal pela FPF, a questão não tinha a dimensão que BdC lhe deu, e muito bem, depois. Mas é mais uma prova de que o problema já vinha de longe. E, de facto, eu lembro-me do assunto ainda muito antes de 2000. Cada vez que éramos campeões (infelizmente, não tantas como desejaria), lá estava o jornal dos campeonatos em poule a gamar-nos nas contas…e só o jornal do Sporting e alguns dirigentes em entrevistas é que lhe fazia frente.
Nada de novo: há alguns anos atreás, as quatro torres de iluminação da Luz antiga tinham uns cartazes dizendo que o Benfica era campeão nacional de 19xx a 19yy (já não me recordo os números exactos). Mas, entretanto, havia um campeonato pelo meio que não era deles…que importa, mentira mil vezes repetida…