O Sporting Clube de Portugal chegou a acordo com Susana Cova para que esta seja a nova treinadora da sua equipa principal sénior de futebol feminino.

Susana Cova, de 44 anos e que estava, atualmente, sem clube, assina por uma época e traz para Alvalade uma longa experiência na Seleção Nacional, tanto ao nível das camadas jovens como como treinadora-adjunta da seleção feminina principal.

Face a esta contratação (ou confirmação, pois há pelo menos dez dias que já se falava neste nome), faz sentido recordar aqui que afirmou Nuno Cristóvão, na entrevista que assinalou a sua despedida: «Como disse anteriormente, há muito tempo que defendo que as jogadoras de futebol devem procurar continuar ligadas à modalidade, pois podem ser uma mais- valia. O género é pouco importante, importante é competência, ninguém tenha dúvidas. A Maria João Xavier [nova diretora] exigi que fosse diretora do futebol feminino do 1.º Dezembro quando era treinador. A professora Susana [nova treinadora] é habilitada para a tarefa que foi contratada, embora nunca tenha estado num contexto destes, pois esteve sempre ligada a seleções distritais e nacionais. Faz parte do percurso e sobre a Patrícia já falei

Em relação a Susana Cova, deixo-vos esta declarações e notas de 2013, ano em que foi protagonista da qualificação histórica da Seleção Nacional Sub-17 feminina para a Ronda de Elite de apuramento para o Europeu da categoria.

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Depois de ter sido o braço-direito de Mónica Jorge e António Violante nas AA, Susana Cova orientou uma das mais recentes Seleções criadas pela FPF e demonstrou que a modalidade tem opções também no que diz respeito ao comando técnico.

O seu desempenho não foi surpresa para quem a conhece e acompanha o seu trabalho como treinadora, que foi sempre conciliado com o ensino e resultou de uma paixão de miúda. O que começou por ser uma brincadeira partilhada com o irmão acabou por revelar um talento escondido, e aos 12 anos a então jovem estudante recém-entrada no ensino secundário foi convidada para integrar a seleção escolar de futebol de 5.

Depois desta experiência no Desporto Escolar não voltou a parar. Durante alguns anos acumulou a prática do futebol com a do futsal, mas o desporto rei levou a melhor. Integrou o plantel do Sporting na direção de Sousa Cintra, equipa que acabou por ser extinta. Nos leões teve a primeira experiência no banco, ao ensinar jovens nas academias de verão do emblema leonino. Com o fim da modalidade em Alvalade, a médio mudou-se para o Futebol Benfica.

A impossibilidade de ser profissional de futebol feminino levou Susana Cova a interromper a prática durante ano e meio. “Fui lecionar para a Guarda, na EB 2,3 da Meda, e aí formei o núcleo de desporto escolar, no qual tinha mais de 30 miúdas. Descobri que havia equipas de valor no Desporto Escolar”, explicou a Record, sublinhando o trabalho feito como selecionadora na AF Guarda.

De regresso a Lisboa terminou a carreira como campeã pelo 1.º Dezembro, assumindo depois o cargo de coordenadora na Escola de Desportos Coletivos (Estádio Universitário). Seguiu-se o convite da FPF para ir assistir Mónica Jorge.

Marcante
Susana Cova começa a ver o seu nome ligado a alguns dos momentos históricos do futebol feminino português. A treinadora também integrou a equipa técnica das Sub-19, comandadas por José Paisana, que em 2012 alcançaram a meia-final do Europeu da categoria logo na estreia em provas oficiais.

“Foi um momento fantástico e duro. Fiz o 1.º apuramento dessa equipa. Depois houve mudanças com a nova direção da FPF e passei a estar com António Violante. Na fase final voltei a trabalhar com a formação e foi fabuloso”, recordou.

Futebol masculino não é objetivo
Apaixonada pela área do treino, Susana Cova não fecha as portas a orientar uma formação que não seja feminina. “Não é minha ambição treinar uma equipa masculina, mas isto também não era, surgiu. Enquanto as coisas me derem prazer e me sentir útil, continuarei a abraçar os projetos”, explicou. Para já está focada na Ronda de Elite, agendada para outubro no nosso país, com Dinamarca, Itália e Rep. Checa.

Carla Couto e Edite Fernandes são referências
Apesar de Portugal não ter grandes tradições no futebol feminino, há jogadoras cujo talento já foi notado além-fronteiras. São os casos de Carla Couto e Edite Fernandes, que se evidenciaram num período de menor reconhecimento da modalidade. “Elas são duas referências. Ambas são muito boas na perceção de jogo e ações técnicas. A probabilidade de surgirem mais talentos aumenta”, defendeu Susana Cova, salientando a evolução desta prática no nosso país.

A formação dos técnicos também tem sido essencial. “As jogadoras não dominavam os princípios de jogo. A forma como Mónica Jorge veio trabalhar não tinha nada a ver com o que se fazia anteriormente e as jogadoras também começaram a atuar em campeonatos internacionalmente, isso deu-lhes uma outra visão”, explicou, acrescentando: “Há muito para fazer. Temos de ter mais gente com competência e vontade.”

NOTA DA TASCA: Sou-vos sincero: para mim, o mais natural seria Mariana Cabral subir um degrau na hierarquia e ficar no lugar do professor. Também não faço ideia se esse convite terá sido feito e a Mariana terá preferido continuar o importantíssimo trabalho de bases que tem vindo a fazer. E, assim sendo, resta-me deixar um sincero, boa sorte, Susana!