Há precisamente 63 anos, no dia 10 de Junho de 1956, era inaugurado o Estádio José Alvalade.

O Estádio foi construído com grande rapidez, tendo as obras, executadas por um número de trabalhadores que chegou a atingir 1.400, durando pouco mais de um ano. Talvez tenha sido tanta rapidez que levou o futuro presidente da FPF Silva Resende, então jornalista da Bola, a escrever, no dia da inauguração, “vê-se e mal se acredita”.

O projecto foi assinado pelos Arquitectos António Augusto Sá da Costa e Anselmo Fernandez, este um dos maiores sportinguistas de todos os tempos. Basta recordar que foi atleta do clube durante dezassete anos, que não cobrou honorários pelo seu trabalho na elaboração do projecto e que foi o treinador da equipa que conquistou a Taça das Taças em 1964, cargo que também exerceu gratuitamente. A parte de engenharia foi projectada por Ruy José Gomes e a construção esteve a cargo da empresa Alves Ribeiro sob a direcção de obras de Mário Themudo Barata.

Curiosamente, o projecto inicial nunca foi concretizado. Estava previsto um estádio simétrico, com a bancada central poente a encontrar uma réplica exacta a nascente – duas centrais, com uma pala cada uma. No entanto, a bancada nascente nunca viria a ser construída, sendo a parte do Estádio que lhe estava destinada ocupada pelo peão e, a partir de 1983, pela Bancada Nova, que não era fiel aos planos originais.

A construção do estádio implicou um grande esforço financeiro. Um grupo de 43 sócios constituiu-se como garante do primeiro pagamento, no valor de oito milhões de escudos, à Alves Ribeiro, bem como de um empréstimo no mesmo valor ao Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. Muito do dinheiro necessário ao pagamento da construção do Estádio foi doado pelos sócios. Em 30 de Maio de 1954, meses antes do início dos trabalhos, já se estimava que os sportinguistas tivessem contribuído com cerca de oito milhões de escudos, quantia assinalável para a época. Sob a liderança do Presidente Góis Mota, e da Comissão Central do Estádio liderada pelo Dr. Manuel Carvalho Brito das Vinhas, os sócios e adeptos mobilizaram-se e ficaram célebres as sessões de “picaretada”, nas quais os leões pagavam às vezes até vinte escudos pelo direito de ajudar na demolição do campo antecessor do Estádio José Alvalade.

Este estádio que foi a casa do Sporting durante quase 50 anos, tinha na Porta 10-A uma espécie de ex-libiris, onde se juntavam os adeptos e passavam todos os profissionais do Clube.

A festa da inauguração foi memorável e grandiosa, à maneira da época. Estiveram presentes cerca de 60.780 espectadores, numa festa que envolveu um desfile de 1500 atletas do Clube, e que contou com a presença de representantes de 31 Federações e Associações Desportivas, 200 Clubes e 71 Filiais do Sporting Clube de Portugal, contemplando também um jogo em que o Sporting reforçado com elementos de outros clubes, perdeu por 2-3 com o Vasco da Gama.

Nesse jogo histórico, alinhámos da seguinte maneira: Carlos Gomes, Caldeira e Joaquim Pacheco; Fernando Cabrita (do Sporting da Covilhã), Falé (do Lusitano de Évora) e Juca; Hugo, Vasques, Miltinho, Mário Imbelloni (sem clube) e João Martins (o tal Martins que, em 1955, marcou o golo que tirou o título ao Belenenses para o dar ao Benfica, numa grande prova do desportivismo e lealdade que devem ser sempre a marca do Sporting). O primeiro golo foi marcado por Juca, na própria baliza, o primeiro golo do Sporting por Miltinho, que fez o 1-2.

Outro momento alto da festa foi a aparição de uma frota de Vespas, numa das quais se transportava terra vinda de Olímpia, de certa forma a pátria do desporto, terra que foi simbolicamente incorporada no Estádio, que, dotado de pista de Ciclismo, fora idealizado para acolher vários desportos, o que lhe dava um cariz verdadeiramente “olímpico”.

inauguracao-estadio-alvalade

in Wiki Sporting