E antes de explicar-vos o porquê do meu voto, não queria deixar de dizer-vos, antecipadamente, que podem colocar as vossas etiquetagens no real olho traseiro.

Estou cansado, efectivamente cansado desta estupidez assente em dois momentos básicos e desprovidos de qualquer esforço intelectual. Vais votar na expulsão? És um croquete de merda, uma banana frita, um ingrato do caralho, um cabrão da pior espécie e devia-te ser gravado a ferro quente um 71 para ficares marcado para a vida! Ahm?!? Não vais expulsar o gajo?!? És doente! Devias estar internado e preso, mas antes disso vai prá mãe que te pariu e funda um cabrão de um clube que venere um cocainómano!

E estamos nisto. Há meses. Por isso, meus amigos e minhas amigas, eu quero mais é que vocês se fodam quando acharem que toda e qualquer posição em relação ao Sporting tem que resumir-se a isto e que quem não o faz é qualquer cena extra que vos apetece acrescentar ao catálogo de insultos. Ou, melhor, é menos Sportinguista do que os super Sportinguistas que estão em ambos os lados. Ou, se preferirem, estão por vossa conta e risco na vontade de continuar a ler este post.

Porquê? Porque eu não vou colocar-vos em nenhuma destas prateleiras. Porque eu não vou gastar dois parágrafos a dizer a comichão que me faz olhar o Roger com os seus fundos de garrafa. Também não vou gastá-los a dizer o quão estúpido foi Bruno de Carvalho ao, acreditando num culto da personalidade superior à realidade, conseguir abrir todos os flancos e mais alguns a quem esperava pela oportunidade. Deixo igualmente de fora a hipocrisia com que Varandas e o seu ar de pateta aplicam na prática o caralho do unir o Sporting com que convenceram alguns milhares. Não vou falar de Alcochete. Não vou falar do Mendes nem dos chineses. Não vou falar de tanta coisa sobre a qual poderia falar, mas que, para mim… esperem, vou colocar a bold, mas que, para mim, causam tanto ruído que afogam o essencial.

É que, para mim (este gajo deve ter bebido, só pode), esse essencial vai para lá das pessoas. Deixa ver se consigo explicar-te. Eu não queria o Varandas como presidente e continuo a pensar da mesma forma sempre que me oferecem aquele vazio de carisma num exercício de telegenia. Mas eu também não quero o Bruno como presidente, muito menos acho, e as últimas entrevistas comprovam-no, que tenha condições para algum dia voltar a sê-lo, pois o mais certo é voltar a escolher mal as pessoas, ficar rodeado de incompetentes e de traidores e acabar como acabou, dizendo não ter culpa do que quer que seja. Mas, afinal, que merda queres tu, ó Cherba?!? (isto sou eu a ser simpático. Neste momento, existe um verdadeiro palavra puxa palavra entre os dois lados da barricada que quase faz a Vera Roquete exigir o regresso do Agora Escolha).

Todos sabemos o que a direcção de Bruno de Carvalho nos ofereceu. Está gravado. É história. É inapagável, mesmo que existam ordens para a SportingTV editar as celebrações. Mas, mais do que cinco anos de histórias que nos fizeram sorrir, existe um espírito que nos foi oferecido. Um espírito meio louco, muitas vezes agitando a verde e branca em direcção a moinhos de vento, mas, porra, quem não se marimbou nisso e seguiu, em pelotão, rumo à próxima batalha? Um espírito suficientemente louco para entrar a pontapé no saloon onde estavam os maiores bandidos e traficantes de western com décadas a quem chamam futebol português, ainda por cima quando era tudo menos mais rápido do que a própria sombra. Um espírito capaz de nos agitar, de acordar quem já estava adormecido, de nos convidar a a mandar apanhar na peida qualquer um que ousasse, sequer, usar a palavra “lagarto”.

Para mim, tudo se resume a isso. Ao espírito. Esse espírito agora guardado numa garrafa engravatada, engomada, com rótulo onde se lê “não abrir porque é possível fazer tudo de forma mais chique e mais hipócrita”. É esse espírito que, de consciência plenamente tranquila, vou acreditar estar a defender amanhã. Porque mesmo acreditando que, mais cedo ou mais tarde e de uma forma aprimorada, esse espírito voltará a contagiar-nos, me recuso a aceitar a hipótese de expulsá-lo do meu Sporting!