Não consigo precisar, mas creio que já não postava na Tasca desde poucos dias que precederam a AG de destituíção.
Preferi calar a minha tristeza, colocar a mordaça no circo eleitoral, e nem sequer me atrever a opinar nestas duas últimas AG’s. Nunca fui de largar. Mas a pancada foi demasiada.

Mantive a Tasca como reduto de boa informação, só possivel devido à grande militância que aqui se vive. Mas para quem viveu o Cacifo e passou pelas grandes reformas que o Cherba lhe imprimiu (lembro-me, entre outras, do que lhe fodi a cabeça quando apareceu com a ideia peregrina do “Comando C”) não deixo de ficar algo admirado com o tom da discussão e os contornos que ela assume. Demasiado hiperbólicos.

Há gentes novas, por aqui. Como tal novas opiniões. Pezzonovantes, sempre os houve. Mas outros há, de sempre (Max excluído – sempre pronto a dar a outra face que até irrita, hehehe) que parece que esqueceram esta fantástica Casa, e as respectivas marcas de água com que nos brindavam diáriamente. Ai que saudades do Superleão… Mas também eu evitei a escrita para não me perder. A cabeça, ainda que ausente, fervilha de emoções que desaconselham a demanda. Sempre acreditei que o tempo seria o companheiro ideal para me ajudar a esta travessia de descrença. Mas não foi. Continua mais forte do que eu. É pele. Não consigo.

Fui apoiante de BdC desde o primeiro debate quando Godinho (que viria a ganhar…?) se socorria de um IPad e o Baltazar possuía notas antecipadas de notícias do CM. Nessas bolandas andava o Bruno a caminho da Rússia porque era importante atestar a sua credibilidade, para depois ir receber o Van Basten. Os resultados, apurados às tantas, derrotaram sondagens, estudos de opinião e qualquer vaticínio mais avisado. Curiosamente, Eduardo Barroso, é eleito para PMAG com uma larga maioria sobre Rogério Alves. Este mesmo, o que nunca se engana, e que por volta da 1 da manhã endereçou as mais calorosas felicitações a BdC por uma vitória inequívoca. Mas afinal não. Falou-se muito de churrasco.

6 anos volvidos e as dúvidas nunca nos abandonam. Será que o paradigma psicológico do sócio do Sporting é tão fiável que um colectivo deliberativo não varie… 3 ou 4 pontos percentuais?

BdC o que me deu, tirou. Implacavelmente. Colocou toda a sua força baseada numa mole imensa de associados do SCP, à disposição de uma loucura que só alguma alteração do seu estado emocional poderia justificar. Os tiques sempre lá estiveram. Ecografias no Estádio, elegia à sua própria família na Inauguração do Pavilhão, alteração da data da Gala em função do seu casamento, evento esse cedido em exclusivo à CM. Depois a intervenção em directo via telefone para um programa no mesmo canal. Escuso referir a inépcia que sempre demonstrou em estratégia comunicacional como é bem própria, o inenarrável desempenho na Sporting TV por via do Arouca Gate.

Depois veio o Jogo de Madrid e o post, que quanto a mim, nem sequer foi parecido com o empolamento que mereceu. Já estava em marcha, a fundo, todo o manancial que o viria a derrubar. Do País político, aos Spin Doctors da desinformação, à falta de palcos onde pudesse existir contraditório, passou a valer tudo. Aí estava o Golpe no seu máximo esplendor. E este foi como nunca se viu igual. Um assassinato de carácter, um plantar de fake news que depois de o serem não há desmentidos que valham, um ataque que nem Murphy conheceria quando elaborou a sua lei. E aqui entramos nós.

Como referi na minha já distante intervenção de Junho de 2018, tudo o que não passasse pelos sócios, era Golpe. E o facto é que por mais que se escudem em qualquer percentagem, não passou. J. Marta Soares à sua boa maneira assumiu-se como o pantomineiro no qual toda a sua vida assentou. Dos bombeiros à chanfana, tudo tem contornos herécticos para o bem estar da sua própria coluna. A palavra deste energúmeno vale zero. Aos poucos, por sua via, o sporting começou a tomar conta do Sporting. Ainda que houvesse nos contestários gente que nunca perdoaria as diatribes de BdC, por motivos que julgaram razoáveis e assentes nos meandros da consciência, outros houve que sentiram a presa rapidamente a transformar-se em carcaça.

Opera-se a demanda maniqueísta, com sedes várias, algumas nas redações de pasquins e outras nas próprias Instituições da Republica. De tal maneira que para cada situação putativamente incriminatória do bom nome do SCP apenas baseadas em “bocas”, haveria pelo menos 6 do benfica alicerçadas em processos com comunicações dos seus responsáveis que se relativizavam por força das primeiras. Como? Pelo assunto do momento. BdC. Suas vida Institucional e pessoal. Sem limites. As nomeações para servir o banquete não carecem de qualquer anuimento por parte dos associados que passam a ser meros voyers de uma estória para a qual nem convidados foram.

Portugal inteiro, une-se no pedido da cabeça de BdC. Será? Errado. Pediu-se a cabeça do Presidente do Sporting, que tantas e tantas vezes foi factor de destabilização do establishment do desporto e de anos a repartir a dois. E, como não podia deixar de ser, reaparece a alma mansa do Sportinguista, a estender a passadeira em busca do primado de uma pretensa essência que se deseja trôpega mas distinta. Nobless Oblige. Mate-se o Demo.

O resto, e aqui chegados, já todos conhecemos. As extraordinárias conquistas do CD de BdC não mereciam ter sido sufragadas deste modo.

Para mim, que vivi este fantástico período de perto em contraponto a outro que nos deixou anos em subserviência é impossível voltar. Não voltarei atrás. Já não tenho idade nem força para isso. Não sinto uma centelha de entusiasmo. Dou por mim a não tolerar qualquer tomada de posição por parte desta gente, não lhes aturo um sorriso. Não há empatia. E estes são o sporting. Nunca serei um deles. Ainda creio que mais dia menos dia, cairão de maduros. Os atropelos à democracia sempre acabaram mal. Mas como estará então o Sporting?

Interrompo hoje 44 anos de associado do Sporting Clube de Portugal. Às 13 horas em ponto, seguiu o meu cartão em direcção aos serviços do sporting. Serei cliente da Tasca. Bebo sempre do mesmo. Escusam de perguntar. Não haverá respostas. É mesmo para rever amigos digitais que nunca conheci, mas que me fazem falta.

Um grande abraço na pessoa do Cherba.
Lusatenas

*«eu ouvi o teu comentário» é servido sempre que o homem do balcão consiga distinguir uma boa posta por entre o barulho dos pratos