Caros Leões
Hoje 14 de Outubro de 2019 a vida do nosso clube continua fervilhando, umas vezes em lume brando outras em brasa, sendo que pouco ou nada se altera nesta dança que já nos estonteia com os seus contínuos episódios de desrespeito mútuo entre adeptos e direções com atletas metidos ao barulho. As consequências da última AG estão neste momento a cair sobre o colo dos contestários, os spin doctors vieram todos a poleiro defender arduamente a actual direcção colando a contestação a brunistas e claques. Não seria problema nenhum se isso fosse verdade, mas a realidade é que neste momento qualquer tipo de contestação provoca imediatamente o acto de rotulagem que nasceu no reinado de BdC e que agora serve de arma de arremesso do actual CD e dos seus apoiantes. Temo que todo o esforço para o qual muitos dos sportinguistas mais atentos e inconformados com actual estado da nação, que discordam e denunciam o rumo e o comportamento da actual direcção, tenha caído em saco roto e não tenha atingido o seu objectivo de consciencializar os seus consócios, especialmente por estes se confundirem entre os rostos da contestação acérrima e ruidosa que outros pretendem aplicar. É um problema difícil de endereçar porque lidamos com o ramo das emoções que muitas vezes nos levam a melhor e toldam o raciocínio. A verdade é que na ultima AG, o R&C esteve bem perto de ser chumbado num claro cartão vermelho ao CD e seu presidente, algo que em qualquer outra circunstância implicaria uma tomada de posição do presidente e eventualmente uma clarificação da sua capacidade como responsável máximo deste gigantesco clube. Mas o estilo truculento com que a reunião magna decorreu acabou por dar as armas necessárias a esta direcção para desviar as atenções do real problema e coloca-lo sobre os sócios e adeptos presentes na assembleia, disseminando uma narrativa de ser os elementos brunistas ou das claques os responsáveis por todo o mal que ocorre no clube. Pior ainda são os sinais que saem esta semana de tentativas de perseguição dos sócios contestários com a entrada em campo do CFeD com a desfaçatez de uma gestapo. Sinais evidentes de um conflito que permanece alimentado por duas facções irredutíveis.
O actual CD é o máximo responsável por tudo o que está a acontecer, Varandas é o rosto do autismo militante nas decisões do mesmo. A verdade é que nada fez para cumprir o lema da sua campanha, muito pelo contrário, tem sido inclusive o elemento que mais tem contribuído para a guerra que se vive no seio da família leonina.
O Sporting vive um momento decisivo da sua vida mas não pelos motivos fúteis da bola na barra ou da bola que entra, o Sporting tem a sua alma em jogo e está á beira da estocada final.
Custa-me muito afirmar isto, no entanto esta situação é da responsabilidade de todos, ainda que uns directa ou indirectamente tenham mais que outros. O Sporting Clube de Portugal está chocar de frente com a intransigência dos seus próprios adeptos nesta luta fratricida e sem quartel. Enquanto o CD e a CS lutam “side by side” a favor da corrente Varandas que é no fundo a que mais convém ao sistema e ao nacional-benfiquismo premente na actuação do estado, do outro lado da barricada no bom estilho de guerrilha, a ala que quiseram rotular de brunista acicata ânimos com missões suicidas em prol de uma espécie de messias ou manifesto do “ou eu ou morte”. Após mais uma batalha, Varandas sai vitorioso porque aqui a vitima é sempre a mesma, o Sporting, mas o que conta é a percepção e essa o senhor doutor já venceu, pois tal como ele disse é o clube de “malucos”, ingovernável para qual apenas o militar do Afeganistão tem pulso para dirigir, vejam lá que até as claques ele teve a coragem de retirar regalias, viva o rei!
Mas há um fenómeno interessante, que colhe oposição das duas forças em disputa, há um sentimento que já é temido pelo CD que a própria AG revelou, os números já não andam a rondar os 70%, os números já são perigosamente ténues para a estratégia da direcção, pelos vistos o dividir para reinar tem alguns efeitos colaterais. Enquanto uns perseguem a sua política de terra queimada, emerge em cada vez maior número os sportinguistas com a noção exacta de para onde o clube está a dirigir e que não se revê nem no rumo escolhido nem no ideal de que só há “O” messias. O Sporting ainda vai ter que cumprir muito do seu destino que parece ser traçado pela lei de Murphy, ainda vai sofrer muito do seu karma cósmico antes da sua expiação, mas reside na força daqueles que nunca desistem, aqueles cuja devoção é inequívoca e inquebrável, que sabem que do seu esforço e da sua dedicação virá sempre a luz que iluminará a nossa glória. De todas estas cicatrizes e “near death experiences” a que este clube sobrevive, esta será certamente a mais difícil de ultrapassar mas será também a que nos tornará mais fortes, mas para isso acontecer este grande amor que propalamos aos sete ventos necessita de algo de todos nós: sacrifício. O sacrifício que nos é exigido não é de ideais ou de valores, mas sim de altruísmo, de desapego do nosso próprio ego, de procurar na nossa coletividade a nossa causa comum sem cair no beco sem fundo da argumentação da visão individualista do que é o Sporting Clube de Portugal para cada um de nós.
Os perigos estão à vista, todos sabemos quais são, algumas teorias têm fundo de verdade outras não, os caminhos são diferentes, convicções também mas o objetivo tem de ser o mesmo: a glória do Sporting Clube de Portugal.
Saudações Leoninas

Este assunto merece ser debatido noutra altura. Vou juntar o link ao meu arquivo.