Além de ter sido um dos melhores avançados portugueses de sempre, Rui Jordão, para alguns conhecidos pela “Gazela” pelo estilo elegante com que espalhava magia em velocidade no ataque, era descrito por companheiros e amigos como alguém educado, culto e amigo. Alguém que se diferenciava com a discrição de quem não o faz para ser diferente. E o exemplo supracitado de como arrumou o futebol no final da carreira com aparições pontuais em jogos ou uma campanha eleitoral valorizaram ainda mais esse saber estar que não passava ao lado.
Nascido em Benguela, Jordão começou por destacar-se no Sporting local já como avançado e despertou a cobiça dos rivais lisboetas pela sua contratação apesar de ter sofrido uma lesão com alguma gravidade numa prova de atletismo quando não tinha ainda idade sénior (também aí se destacava, tendo sido vice-campeão dos 80 metros). Em 1970, estreou-se nos juniores do Benfica, um ano depois saltou para o plantel principal e justificou em pleno a aposta num período áureo pelos encarnados onde ganhou quatro Campeonatos e uma Taça em cinco temporadas até 1976 ao lado de nomes como Simões, Toni, Vítor Batista, Nené, Humberto Coelho, Diamantino, Shéu, Bento ou o inevitável Eusébio, de quem ganhou a alcunha de “sucessor”.
Em 1976, depois de uma época com Mário Wilson no comando em que as águias se sagraram campeãs nacionais e foram aos quartos da Taça dos Clubes Campeões Europeus, Jordão sagrou-se o melhor marcador nacional com 30 golos em 28 jogos no Campeonato (mais um do que Nené, com quem formou uma dupla temível) e fez com que os espanhóis do Saragoça investissem 9.000 contos na sua contratação. A ideia era boa, as expetativas eram grandes mas os 14 golos em 33 encontros não foram suficientes para assegurar uma melhor adaptação, decidindo voltar a Portugal logo no ano seguinte mas desta vez para o outro lado da Segunda Circular.
Ao longo de quase uma década, Jordão formou alguns dos ataques mais temíveis do Sporting depois da era dos Cinco Violinos, ao lado de Keita, do eterno amigo Manuel Fernandes e de António Oliveira, os dois últimos com quem formou o trio que conquistou o Campeonato de 1982, o último dos leões antes de um longo jejum que foi apenas interrompido em 2000 e com Inácio, também ele ex-companheiro de equipa, no comando. Barão, Laranjeira, Bastos, Artur Correia, Eurico, Virgílio, Ademar, Mário Jorge, Nogueira, Fraguito ou Carlos Xavier foram outros dos jogadores com quem partilhou mais anos balneário no antigo estádio José Alvalade.
Nos jantares entre amigos, alguns deles companheiros de equipa ou conhecidos durante os nove anos que passou em Alvalade, Jordão até podia falar de futebol se viesse à baila mas preferia discutir arte, o mundo, a política. Ainda assim, num desses encontros, admitiu que Salif Keita, avançado maliano que representou o Sporting três anos no final da década de 70, era uma das suas referências em termos de modelo. E explicou o porquê da ideia, recuando à altura em que o africano foi apresentado pelo então presidente João Rocha – quando estava para assinar, ficou combinado que não iria treinar num determinado dia da semana e que não faria estágios na véspera dos jogos em casa, quis ir ao balneário antes de rubricar o vínculo perguntar a todos os (futuros) companheiros se alguém via algum problema nisso e depois era dos primeiros a chegar e dos últimos a sair em todos os treinos. Jordão, acabado de chegar ao clube, viu naquela atitude um exemplo de comportamento, daqueles que sempre valorizou ao longo de uma vida onde deixou marca por onde passou.
Apesar das lesões graves que sofreu, em especial duas onde teve fratura de tíbia e perónio, Jordão marcou um total de 184 golos em 262 jogos, tendo conquistado dois Campeonatos (o primeiro em 1980, onde foi de novo o melhor marcador da prova com 31 golos), duas Taças de Portugal e uma Supertaça. Entre alguns dos jogos mais marcantes estiveram um dérbi com o Benfica onde apontou um hat-trick ou os cinco golos na receção ao Rio Ave na festa do título, ambos no decorrer da temporada de 1981/82. Deixou Alvalade em 1986, já com 34 anos, para terminar a carreira, algo que sofreu uma reviravolta depois do pedido do amigo Manuel Fernandes.
Depois de não ter feito nenhum jogo em 1986/87, formou ainda dupla com o antigo capitão do Sporting no clube sadino durante duas temporadas, o que lhe valeu o regresso em três jogos à Seleção Nacional onde era presença frequente desde que se começou a destacar no Benfica e que teve como ponto alto o Campeonato da Europa de 1984, quando apontou os dois golos de Portugal na meia-final perdida com a França de Michel Platini no prolongamento por 3-2. Somou um total de 43 internacionalizações com o conjunto das Quinas de 1971 a 1988, apontando um total de 15 golos numa geração marcada pelo pós-era Eusébio.
Arrumou de vez as chuteiras em 1989 e trocou a bola pelo pincel. As obras de arte estavam lá na mesma, mas em vez de serem pintadas no relvado surgiam em quadros – naquela que era a sua grande paixão, a arte. Depois de se ter licenciado em História de Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e de ter feito o curso de Belas Artes em Pintura, Desenho e Modelagem na Sociedade Nacional de Belas Artes, foi fazendo inúmeras exposições em Angola e Portugal, estando hoje representado não só em coleções privadas mas também em galerias e museus, deixando um legado naquela que foi a sua “segunda vida”.
Jordão não foi só um avançado diferente. Foi um jogador diferente. Morreu hoje, aos 67 anos, deixando-nos uma das mais bonitas páginas a verde e branco pintadas.
18 Outubro, 2019 at 13:30
Até sempre Enorme Leão .. Um senhor que descanse em Paz
18 Outubro, 2019 at 17:53
Carlos Xavier contava agora na Sporting TV que mesmo nos momentos difíceis em que o Sporting jogava mal e perdia e os jogadores tinham receio em sair porque os adeptos estavam lá fora à espera, o Jordão nunca tinha medo e dizia: “Eu? A mim?! A mim ninguém me faz mal. Estive a jogar, a correr, a lutar, agora vou para casa”.
O especial em Jordão é que, não ligando puto ao futebol e à fama fora dos relvados, dentro do relvado era inatacável e imaculado. Ninguém lutava como ele.
Um exemplo a seguir para todos os jovens que um dia vão querer chegar aos seus calcanhares.
18 Outubro, 2019 at 13:32
Que dia de merda.
Que mais nos vai acontecer hoje.
SL
18 Outubro, 2019 at 13:33
Dia triste.
18 Outubro, 2019 at 13:37
Era simplesmente o meu jogador favorito de sempre.
Está época devíamos jogar todos os jogos com fumos negros.
Até sempre, Jordão
18 Outubro, 2019 at 13:38
Dia triste. Dia de luto.
Descansa em Paz Jordão, obrigado por tudo.
18 Outubro, 2019 at 13:38
So repetir aqui que faz mais sentido…
“Levou um dos grandes! Que tenhas o descanso dos heróis.
Por respeito e homenagem vou fazer o resto do dia de silêncio.”
18 Outubro, 2019 at 13:48
era o que devíamos fazer todos
18 Outubro, 2019 at 14:37
E porque não o inverso?
Ao vermos partir estas verdadeiras referências de sportinguismo não deveria despertar em nós um desejo de reavivar o Sporting’
Porquê que preferes uma atitude de contemplação e resignação? Não será isso mais desrespeituoso para com a memória de pessoas que sempre lutaram bravamente, mas com fairplay, pelo ideal Sportinguista?
Quem nos governa passa a mensagem do “ah e tal, hoje não é dia de quezílias…” pois. passar a mão no pelo.
Se queremos deixar um legado de grandiosas memórias Sportinguistas da nossa meninice, para os nossos filhos, não há um minuto a perder.
Respeito pelo legado de Rui Jordão, o enorme de Benguela, sim.
Aqui neste post é só isto.
RIP Jordão, sempre foste um craque impar, dentro e fora dos relvados. Mas tranquilo o Sportinguismo que ajudaste e bem a espalhar está vivo.
18 Outubro, 2019 at 14:48
força. Mete mãos à obra
18 Outubro, 2019 at 14:58
Enquanto estás no cantinho com pena de ti próprio há quem efectivamente esteja a trabalhar para salvar o Sporting.
18 Outubro, 2019 at 15:03
como se tu soubesses onde eu estou e o que estou a fazer
18 Outubro, 2019 at 15:27
O mesmo sentimento aqui.
“força. Mete mãos à obra”
como se soubesses ou não se já o fiz.
18 Outubro, 2019 at 15:33
Eu agradeço aos dois tudo aquilo que neste momento possam estar a fazer pelo nosso clube neste momento verdadeiramente dramático!
A vocês e a todos aqueles que tenham a capacidade, a possibilidade e a vontade de tirar o nosso clube da lama, sinceramente!
Obrigado!
18 Outubro, 2019 at 14:51
Isto tudo!!!
É bom saber que há(e ainda há muitos) Sportinguistas que lutam pelo clube, e pelo Sportinguismo.
RIP Rui Jordão
Por cada Leão que cair outro se levantará ”
SL
18 Outubro, 2019 at 15:06
Que tristes dias se vivem no Sporting. Descansa em paz Rui Jordão.
18 Outubro, 2019 at 14:35
Obrigado Tiago, vou fazer minhas atuas palavras e respeitar o silencio que se impoe.
SL
18 Outubro, 2019 at 14:44
Eu juntei is meus cachecóis, Acendi uma vela e rezei por ele há minha maneira. Que descanse em paz e olhe por nós Sporting.
18 Outubro, 2019 at 13:40
RIP Jordão, um dos meus ídolos de infância!!!
🙁
18 Outubro, 2019 at 13:43
Eterno!
Até sempre Rui, não encontro mais palavras para descrever a tristeza que sinto.
18 Outubro, 2019 at 13:43
Enorme !
18 Outubro, 2019 at 13:43
Leão!
18 Outubro, 2019 at 13:46
A ideia com que fiquei das suas (raras) intervenções públicas é de que estava reformado do futebol. Até como adepto.
RIP
18 Outubro, 2019 at 13:48
RIP Jordão!
18 Outubro, 2019 at 13:50
Que dia…
18 Outubro, 2019 at 13:51
Dia de merda.
18 Outubro, 2019 at 13:52
R.I.P., campeão. :'(
18 Outubro, 2019 at 13:59
Não vi jogar, mas como amante desta modalidade que é o futebol e adepto Sportinguista, tenho que agradecer ao Jordão pela qualidade prestada.
Obrigado.
Foi se embora novo, mas com certeza MUITO REALIZADO.
18 Outubro, 2019 at 14:00
O meu pai sempre me disse que O Rui Jordão era o jogador preferido dele,muita histórias me contou,é daí que “conheço” o Jordão…dia triste.descanse em paz.
SL
18 Outubro, 2019 at 14:02
Vi-o marcar muitos golos com a verde e branca.
Requiesce in pace
18 Outubro, 2019 at 14:03
o maior de todos dos que vi jogar.
que bela frase que descreve este ser humano
Alguém que se diferenciava com a discrição de quem não o faz para ser diferente.
estarás sempre na minha mémoria.
18 Outubro, 2019 at 14:05
Até swmpre Rui
18 Outubro, 2019 at 14:06
Não vi jogar o Jordão, mas os testemunhos dizem tudo, é uma lenda.
Descansa em paz.
18 Outubro, 2019 at 14:07
Excelente texto, Cherba.
Descanse em paz, Jordão.
18 Outubro, 2019 at 14:07
Grande Jordão. Para mim o melhor de sempre.
Eterna saudade. Descansa em paz!
18 Outubro, 2019 at 14:13
Se hoje sou doente por este Clube, devo-o a Rui Jordão que, juntamente com Damas,
foi o meu primeiro ídolo do Sporting.
18 Outubro, 2019 at 14:17
Grande Jordão!!
RIP
18 Outubro, 2019 at 14:18
Que noticia triste. Dos primeiros jogadores que me lembro de ver jogar!
Obrigado Jordão!
Z
18 Outubro, 2019 at 14:21
R.I.P. Jordão.
18 Outubro, 2019 at 14:22
Um dos melhores de sempre no Sporting. O que vibrei com os golos que marcava. Não sabia que tinha o Keita por modelo. Ainda o admiro mais.
Descansa em paz. Que bela equipa se está a formar no lado de lá. Cinco violinos, Chirola, Jordão… com João Rocha a presidente, Manuel Marques a massagista e Bobby Robson como mister…
18 Outubro, 2019 at 14:24
O grande Rui Jordão foi o craque que me fez ser do Sporting. A primeira memória que tenho do clube foi o título de 1982, pois tive a sorte de estar no estádio com o meu pai no jogo da festa do título com o Rio Ave, em que o Jordão fez 5 dos 7 golos do Sporting. Depois continuou a ser o melhor jogador do Sporting enquanto esteve em Alvalade, apesar do clube só voltar a ser campeão 17 anos depois.
Ainda bem que pôde fazer uma vida fora de futebol, à vontade dele, mantendo o respeito de todos os sportinguistas.
Obrigado Leão!!
18 Outubro, 2019 at 14:26
Grande equipa que vamos ter aí em cima, com o nosso Damas na baliza, os 5 violinos, tu e o Yazalde a darem baile no campeonato da eternidade. Até sempre, Jordão.