Uma vitória à imagem do golo que permitiu conquistá-la. Sem brilho, sem estilo, sem fluidez. Às três pancadas. Eis o futebol da equipa principal do Sporting que, bolasie bolasá, conquistou três pontos que a deixam bem posicionada para alcançar a fase seguinte da Liga Europa

bolasie-rosen

pro·cras·ti·na·ção
(latim procrastinatio, -onis)
substantivo feminino
Acto ou efeito de procrastinar

pro·cras·ti·nar
(latim procrastino, -are)
verbo transitivo
1. Deixar para depois = adiar

Ganhámos. Três pontos, segunda vitória na Liga Europa, terceira vitória de Silas em quatro jogos, sendo a derrota aquela vergonha em Alverca. Segundo lugar no grupo da Liga Europa, com menos um ponto do que PSV e mais dois do que Lask, abrindo a perspectiva de que conquistado uma vitória na Noruega ficaremos mesmo muito perto da fase seguinte da competição.

E é isto, meus amigos e minhas amigas. São todas as boas notícias que tenho para vos dar no que toca à nossa principal equipa de futebol, depois da recepção a um Rosenborg fraco, fraquinho, fraquíssimo, equipa para a segunda metade da tabela se jogasse cá por Portugal.

E o sentimento de preocupação, que não se afasta nem um milímetro com a vitória alcançada, dá sinais de vida assim que se olha para o onze inicial. É a equipa de Keizer Pontes, com um Rosier (havia um gajo a dizer que custou sete ou oito milhões) no lugar do Ilori (havia um gajo a dizer que custou quatro milhões) e com um Bolasie no lugar de um Diaby. E o 4-3-3 que parece ter virado moda.

O árbitro apita e lá está o Doumbia incapaz de ir buscar jogo e iniciar a construção. O Wendel a olhar para ele, aqui e ali arrancando para a frente, sempre preocupado com o que se passa atrás e em ter que ser ela a iniciar as jogadas. Temos uma ala direita onde o Rosier não vai uma vez à linha, o Bolasie está sempre a fugir dela para dentro e onde ambos usam nomes afrancesados para disfarçar a dificuldade em dominar uma bola. Do outro lado, o Acuña continua a centrar para um Dost imaginário e, aqui e ali, lá apanha a cabeça de um Vietto que, tal como há dois meses, ainda não percebeu onde há-de jogar. O Luiz Phellype sabe, o problema, na maioria dos dias, é fazê-lo. O Bruno Fernandes está cada vez mais cansado e cada vez mais sem brilho e nem os cabrões dos postes ajudam. Lá atrás, os dois centrais que podiam formar a melhor dupla de centrais do campeonato vão alternando nas paragens cerebrais. E o Renan observa tudo isto, com aquele ar de quem achou que a vontade de ir à casa de banho antes de entrar era apenas uma impressão que ia passar.

Depois, quando o tempo está a passar e temos que ir em busca do resultado, trocamos avançado por avançado, que isto de beliscar o 4-3-3 tem muito que se lhe diga. Lá entra o puto, que não foi inscrito por causa do careca com tez mais esbranquiçada e que parece ter mais vontade que os outros de andar atrás da bola e que à conta dessa vontade se envolve na carambola que acaba com a bola dentro da baliza dos noruegueses. Já estamos a ganhar e a tremer que nem varas verdes? Então entra mais um gajo para defender e, depois, entra mais um para refrescar o meio campo. Fácil, fácil.

O jogo chega ao fim, um gajo tem os pés gelados, um sono do caraças e ainda lhe dizem para bater palminhas. Olha, que se lixe, sempre se aquece as mãos, enquanto a alma vai doendo por não perceber porque raio é que os treinos se acumulam e não há um sinal de que isto vai mudar, quando, ora porra, está à vista de todos que tem mesmo que mudar e quando sabemos que até há uma mão cheia de putos com qualidade para estar no lugar dos que jogam sempre.

I think I grew a gray watching you procrastinate…

Ficha de jogo
Sporting-Rosenborg, 1-0
Fase de grupos da Liga Europa

Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Lawrence Visser (Bélgica)

Sporting: Renan, Rosier, Coates, Mathieu, Acuña, Doumbia, Wendel (Eduardo, 88′), Bruno Fernandes, Vietto (Borja, 84′), Luiz Phellype (Pedro Mendes, 64′), Bolasie
Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Ilori, Miguel Luís, Jesé
Treinador: Silas

Rosenborg: Hansen, Hedenstad, Reginiussen, Hovland, Meling, Jensen, Lundemo, Asen (Helland, 81′), Akintola (Konradsen, 76′), Soderlund, Adegbenro (Johnsen, 81′)
Suplentes não utilizados: Ostbo, Trondsen, Valsvik, Ceide
Treinador: Eirik Horneland
Golos: Bolasie (70′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Coates (35′), Vietto (63′), Rosier (76′), Helland (90+2′), Jensen (90+3′)