António Variação, ainda nos anos 80, descobriu no meio das suas histerias criativas a resposta à pergunta que faz título. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga. Quando os responsáveis da seção de voleibol não têm juízo, as equipas é que pagam.

Este fim de semana tivemos 4 jogos e 3 derrotas. Todas com significados muito diferentes, mas falarei delas mais tarde. Por agora, importa, sim, fazer apenas perguntas. Eu gosto muito de perguntas. O grande problema delas é que precisam de respostas. A não ser que sejam dogmas ou mistérios da humanidade: O que há depois da morte? Há vida fora do planeta Terra? Porque é que as cadeiras de Alvalade são às cores? Tudo perguntas que a nossa limitação humana não atinge.

Há, no entanto, questões que se podem trabalhar. Não as vou tentar responder porque estou muito longe da seção de voleibol para saber as respostas (mas estou demasiado perto para conseguir perguntar). Vamos a elas?
1. Em Maio foi apresentado o responsável pela seção de voleibol – Miguel Pombeiro. Onde anda ele? Ainda pertence ao Sporting?
2. Assumindo, conscientemente, um não à pergunta anterior, quem é o/a atual responsável pela seção e quais as suas competências para a gerir?
3. Numa equipa de voleibol, para se considerar completa, deve ter 2 distribuidores, 4 centrais, 4 atacantes de zona 4, 2 opostos e 2 líberos. A equipa masculina tem 3 distribuidores, 3 centrais, 3 atacantes de zona 4, 2 opostos e 2 líberos. O orçamento de 800k€ não chega para ter um plantel equilibrado?
4. Na equipa feminina, temos, diria eu, as duas melhores atacantes e recebedoras do campeonato com experiência e campeonatos vencidos. No entanto, as nossas centrais apresentam uma média de idade inferior a 20 anos. Como a homogeneidade é um critério para a constituição de equipa, posso deduzir que a equipa femininas teve um orçamento limitado e não pudemos espraiar experiência na posição de central?
5. Porque é que a equipa de voleibol masculino, depois do jogo de sábado, foi fazer a viagem para o Porto de madrugada? É perfeitamente comum, em todas as modalidades, as equipas saírem de manhã para um jogo à tarde. Conheço o discurso do “para se acordar já no sítio”. Neste caso, o que diz o bom senso? Irem dormir cedo, nas suas casas, acordar às 8h e ir almoçar ao Porto ou fazer 3h de autocarro de madrugada, acordar depois da viagem, ir para um hotel e dormir mais 4 horas?

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Seniores Masculinos
No seguimento das questões anteriores, e que interessam à equipa masculina, vou abordar o fim de semana com 3 nomes: Miguel Maia, João Fidalgo e Gersinho. Dos dois primeiros já não existem mais adjetivos para os elogiar. O Maia não sabe jogar mal e é, sem questões, o nosso melhor distribuidor. O João Fidalgo foi um senhor na recepção aos serviços do SL Benfica, ajudando a nivelar o resultado. Desculpem, o Thiago Sens também esteve muitíssimo bem.

Por último, palavras para o mister Gersinho. Vai-se lendo que tem estado muito bem e esteve-o com o SL Benfica. Porquê destes elogios? Vou dar-vos 3 exemplos de como um treinador tem uma influência importante:

1. A primeira opção do treinador foi jogar apenas com um líbero (camisola de outra cor). É normal termos dois, mas o Gil Meireles estava como jogador de campo. O Gersinho percebeu que a nossa receção nos podia trazer problemas, principalmente pelo Renan ou Lourenço (o que jogasse). Como não podem estar 2 líberos em campo e colocando o Gil como jogador “normal”, o mister ofereceu-se uma substituição para os momentos decisivos. Uma analogia futebolística: Sabem quando um treinador guarda uma substituição para o final do jogo quando o mesmo vai ser decidido a penaltis, e a usa para substituir os guarda redes? Foi isto, mas em voleibol;

2. Pelas limitações de recepção do Renan, estrategicamente, algumas vezes recebíamos apenas com dois jogadores e não 3 como habitual. Quando alguns jogadores do SL Benfica iam servir, o Gersinho assumia apenas o Thiago e o João Fidalgo na recepção, dando espaço para o Renan se preocupar mais com o ataque;

3. Em algumas situações o José Pedro Monteiro e o Rodrigo entravam em campo. Habitualmente, e quase em jeito de solidariedade dos atletas, o distribuidor coloca bolas no companheiro recém-entrado. Desta vez, a meu ver por indicação do Gersinho, a bola devia entrar na pipe, entrada de rede e meio. O José Pedro Monteiro distribuiu, e bem, como estava estabelecido taticamente, nunca focando no oposto.

Este foi um jogo de superação, onde estivemos perto de bater o pé aos rivais. Parabéns pelo trabalho Gersinho. Se lhe derem mais, ele dá-nos mais. Sem dúvida.

Seniores Femininas
Os alarmes estão a tocar porque estamos aquém do esperado. Depois das derrotas do fim-de-semana, viam-se algumas meninas a chorar. Uns acharão que é demais, outros que está muito bem. Eu não gosto de tristezas em Novembro. É muito cedo! Quem ia perceber bem a situação era a Amália Rodrigues. Dizia ela “que culpa tem o destino/Deste destino que eu tenho/Se o desgosto é pequenino/Eu aumento-lhe o tamanho/É meu destino/Se o desgosto é pequenino/Eu aumento-lhe o tamanho”. A situação não é um gigante, não lhe aumentemos o tamanho.

Eu sou dos otimistas e leio números porque estes contam-nos histórias. Cabe-nos, pois, a nós interpretá-las.
1. Faltam jogar 13 jogos, correspondendo a 39 pontos em disputa. Como temos 13, podemos atingir os 52;
2. A última equipa apurada (CG Vilacondense) para a fase de campeã (4º lugar) no ano passado apurou-se com 39 pontos. A equipa 5ª (AJ Moreira/FCPorto) e 6ª (Castelo da Maia GC) classificada também fizeram 39 pontos;
3. À 9ª jornada da época anterior, estas equipas apresentavam: CG Vilacondense tinha 17 pontos, AJ Moreira tinha 14 pontos e o Castelo da Maia GC 15 pontos. Nós temos 13 pontos;
4. Este ano, dos 9 jogos disputador, 5 (!) foram a 3-2. Isto mostra intensidade, entrega, combatividade e, umas vezes sorte, outras azar.

Claro que não estamos com sorte, mas também é evidente que é necessário um bocadinho mais. Jamais poderia sugerir um grande jantar com muito vinho (bom) e um prato de encher o olho porque não fica bem. Jamais poderia sugerir libertar este momento negativo com shots numa noite que não influenciasse os treinos porque era inapropriado. No entanto é preciso vir novamente à superfície da água para não nos afogarmos de vez. Curioso que na mesma música que citei há pouco, tem, também, uma passagem em que a Amália canta que “Sinto que cheguei ao fim/Das ilusões que não tive/Mas se alguém gosta de mim/Algo de mim sobrevive”. Eu estou por aqui.

Esta equipa está naquele limbo (como se diz pelo Porto) do “ó ‘pra cima” ou do “ó ‘pra baixo”. Para onde vamos, é a incógnita. Se acham que custa jogar no Sporting, experimentem ter a ideia de cantar no Sporting160. Isso sim é duro!

Vamos virar isto?

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)