Esta é uma pergunta que se calhar todos fazemos nestes dias, com perspetivas diferentes de sócio para sócio, de adepto para adepto, embora provavelmente numa coisa estarão quase todos de acordo, esta não é uma situação boa, este Leão está muito doente.

Não me interessa vir para aqui em busca de culpas, na procura de bodes expiatórios ou de teorias mais ou menos conspiratórias que quase sempre tentam encontrar dentro do clube em inimigos internos, as explicações para todos os males. Interessa-me acima de tudo falar daquilo que pode e deve ser feito para retirar este clube do buraco onde se encontra, com os seus membros divididos entre assobios e apupos, entre indiferenças e atitudes derrotistas entre desejos de quanto pior melhor e de sentimentos de não pertença, tudo isto num grande clube que sempre se orgulhou de ter uma massa associativa diferente, que mesmo sem ganhar nada, nunca deixou de apoiar o seu grande amor.

Será que esse grande amor acabou? É verdade que muitos sócios se sentem enganados e que outros sentem que houve infidelidades aos valores do clube, outros ainda acreditam que houve conspirações, que levaram ao estado a que o clube se encontra, alguns terão razão ou até todos a podem ter, mas o que é que isso interessa para o clube? Vamos continuar com esta degladiação entre Sportinguistas continuando a degradar uma instituição que apesar da sua dimensão se arrisca a transformar num clube irrelevante no futebol?

Chegou a hora de mudar o rumo, de olharmos para nós próprios e perguntarmos se vale a pena destruirmos um clube centenário, que foi fruto de gerações de associados e de gente que com melhor ou pior qualidade sempre deu tudo pelo crescimento desta enorme instituição, só para podermos defender a nossa posição ou a nossa verdade. Parafraseando o velho político da brumosa Albion, com as devidas diferenças.” Não perguntes o que é que o Sporting pode fazer por ti, mas sim o que é que tu podes fazer pelo Sporting”.

Tenho estado calado, no meu canto, tentando não contribuir para esta autentica guerra fratricida que infelizmente está a transformar o meu querido clube, numa espécie de terra queimada que apenas irá trazer vantagens aos nossos adversários, mas a angustia não me permite continuar sem dizer nada quando à minha frente vejo esta grande instituição ser derrubada e afundar-se lentamente como um enorme Titanic, não faltando sequer orquestras provindas de varias fações, a tocar, aquela melodia horrível do quanto pior melhor, enquanto o navio mete agua por todos os lados.

Que dizer daqueles sócios que deixaram de pagar quotas, quando mudou a direção? Sem questionar a sua razão ou as suas motivações, não será lógico perguntar porque motivo põem eles os dirigentes acima do clube? E se amanhã houverem eleições, como é normal num clube democrático, como vão poder mudar para aquilo que querem se não vão poder votar? Que dizer dos sócios que deixaram de ir ao estádio só porque a equipa não ganha como gostaríamos ou porque esta está mal dirigida? Somos nós os apoiantes do Sporting Clube de Portugal ou é a equipa de futebol que tem de motivar os adeptos?

Não quero pôr nesta equação, alguns, que com certeza serão muito poucos, que nalguns sítios têm humilhado e insultado o próprio clube, como se o Sporting fosse hoje uma coisa diferente, um clube dos outros, onde a maioria dos seus sócios não pensam nem sabem pensar, só porque houveram mudanças que não são do seu agrado. Uma coisa é a crítica, mais ou menos construtiva, sempre saudável num organismo coletivo onde a pluralidade de ideias pode e deve existir numa dialética constante, outra é o Niilismo destrutivo que poderá servirá alguns interesses, que não os do Sporting. Quem moverá estas pessoas? Que interesses estarão por detrás destas cartilhas? Num cada vez mais competitivo panorama futebolístico nacional e
europeu onde o dinheiro assume cada vez mais o poder, a quem interessa um Sporting dividido e fraco, cada vez mais longe do topo?

A incompetência, o amadorismo, numa grande instituição como é o Sporting e numa grande empresa como é a SAD é um cancro que tende a alastrar a toda a estrutura, que irá matar o clube se não for rapidamente tratado. Mas não é com “tratamentos” errados que o enfermo pode ser curado, não é com substituições apressadas de administradores ou presidentes que se resolvem problemas que se arrastam há anos neste clube. Quem pode garantir que após uma eventual destituição não venha a ser eleita outra administração igualmente contestada?

Só com uma mudança de comportamento dos sócios, com uma união pelo denominador comum apesar das diferenças, pode alterar este status quo. As necessidades de profissionalização da gestão, económica, financeira, de comunicação e acima de tudo a desportiva só pode ser alcançada pela discussão e pelo engajamento dos sócios e adeptos, naquilo que deve ser a motivação de todos os sportinguistas, o amor pelo clube.

É tempo de deixarmos de pensar em salvadores e em homens providenciais que apesar da sua boa vontade ou das suas boas intenções, apenas continuam a perpetuar a deprimente falta de estruturas profissionais em muitos setores do clube ou em quase todas. Cada vez estamos mais afastados dos outros clubes grandes e cada vez mais vemos aproximar outros que apesar de não terem a dimensão do Sporting, pela sua organização começam cada vez mais a ocupar espaços que estamos a perder. Esta perda que se deve acima de tudo à nossa culpa, por desperdiçarmos meios e valores em politicas erradas não são apenas desta direção, nenhuma das anteriores esteve isenta dessa culpa. Desde que fomos campeões pela última vez as sucessivas direções tomaram opções que levaram, uns à perda de património importantíssimo do clube, outros ao endividamento incontrolável, outros ainda à perda da qualidade e do domínio da formação, outros à perda de passes de jogadores e de valor da instituição.

P.S. Há dias houve um congresso, promovido por alguns sócios do Sporting, ao qual embora inscrito não me foi possível estar presente, li no entanto todas as comunicações e parece haver ali muita coisa importante para discutir e ter em conta para o futuro do clube. Era bom que a direção do clube olhasse para os lados, ouvisse mais o clube e soubesse tirar algumas
conclusões.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Leorodri
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]