Caros leões, hoje escreve-vos um jovem com 19 anos, que tal como não ouviu Camões proferir esta frase, também não viu o seu clube campeão. É certo que já era nascido quando de como um pai para um filho, João Vieira Pinto e Mário Jardel nos entregavam o campeonato 2001/2002. No entanto, a minha tenra idade não me permitiu ter sequer consciência do momento que estava a presenciar. Levo anos e anos a ser “vitima” da pergunta em tom de gozo “Nunca viste o teu clube campeão pois não?”. À qual respondo dizendo que já era nascido, mas aqui na Tasca estamos entre família, podemos ser sinceros. O que os olhos não veem, o coração não sente. Confesso que não é fácil ter vivido nos anos mais tristes da história deste clube.

Mas em 2013 tudo mudou, senti orgulho em dizer que sou Sporting, comecei a ver o clube renascer. Finalmente o Sporting de que o meu pai me falava estava a ser exposto à minha frente. As modalidades regressaram em força, o futebol passou a ser competitivo, construímos um pavilhão. O vulcão de alvalade entrava em erupção constantemente, com pelo menos quarenta mil nas bancadas, lotação essa que hoje temos dificuldade em alcançar em dias de dérbi.

Foi a partir daí que passei a adquirir gamebox na curva sul. Tal como o meu pai acompanhava o meu avô, era a minha vez de carregar o legado e acompanhar o meu pai. Desde então como que num tom de romaria ou procissão nos dirigimos religiosamente a Alvalade sempre que é dia de jogo. Já vi Alvalade no seu dia de record de lotação, percorri o país de norte a sul, posso dizer que conheço as gentes do Sporting, conheço o Sporting.

Muito me questiono porque é que não conseguimos ser campeões de futebol masculino sénior se temos um massa associativa tão forte. A verdade é que o nosso maior inimigo somos nós mesmo. Quando as coisas começam a correr mal, rapidamente os abutres e esqueletos que orbitam em ronda do Sporting aparecem à procura de algo que sobre para eles. E assim se fragmenta de novo o Sporting como que de um ciclo vicioso se tratasse. Só um Sporting unido será capaz de vencer e para tal é preciso um líder forte, profissional, carismático, destemido e sem medo de enfrentar os lobbies instalados não só no futebol como na própria sociedade.

Olhando para a atual direção confesso ver o exato oposto. Vejo um “líder” incapaz de unir o que quer que seja. Recorde-se que quando Bruno de Carvalho juntou as claques todas na curva sul em duas épocas, perdemos duas vezes em casa (Chelsea, Estoril Praia). Quando Frederico Varandas decidiu comprar uma guerra com as mesmas, em meia época já perdemos cinco vezes. Progressivamente os senhores que lideram este clube vão fragmentando, e afastando os sportinguistas do clube. Hoje em dia os nossos adversários já não têm medo de vir jogar a Alvalade. Os nossos rivais têm o privilégio de parecer que estão a jogar em casa. Bruno de Carvalho caiu quando comprou uma guerra com as centrais. Frederico Varandas decide então seguir o bom exemplo e comprar uma guerra com a curva sul. Nestas guerras não há vencedores, há apenas um perdedor e é o Sporting Clube de Portugal.

Hoje Sporting vejo-te sofrer às mãos de uma incompetente direção, e como fui ensinado em defender quem amo penso que urge mudar de rumo. Quanto mais demorar mais vais sofrer Sporting. Somos das gentes mais fortes do mundo mas como disse Camões : “ O fraco rei faz fraca as fortes gentes”.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Martim Geraldes
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]