No regresso à Europa, o Sporting descalçou-se e trocou o fato cheio de remendos por uma fatiota digna de baptizado e só não resolveu a eliminatória porque desperdiçou a goleada e viu o árbitro e o VAR marcarem um penalty à portuguesa

Basaksehir

Podia ter sido um ritual budista, mas foi apenas uma revista. Seleccionada consoante a porta, convidando centenas de adeptos a mostrarem o estado das meias e o que levavam nos sapatos além delas. Fruto desta medida que, diz-se, teve como objectivo evitar pirotecnia e afins que valeriam ao Sporting um castigo da UEFA, houve quem entrasse em Alvalade já o relógio marcava quase 40 minutos de jogo, contribuindo, ainda assim, para os 27 mil nas bancadas que desmentiram as notícias plantadas de que estavam “vendidos” 39 mil bilhetes.

Ora, assim sendo, neste momento de união que só o seria realmente se todos tivessem que exibir o forro do sapato, dezenas de pessoas que pagaram bilhete ou receberam convite (irónico) não viram o golo de Coates, logo aos dois minutos, dando o mote para um Sporting longe daquela equipa pé descalço que, internamente, se vai arrastando na luta pelo terceiro lugar.

Foi uma bela primeira parte, com os turcos a parecerem surpreendidos pelo ritmo leonino. Jovane Cabral foi titular no lugar de Camacho e fez uma exibição como faz quando é arma secreta. Vietto era o homem que jogava entre linhas e mostrou que sabe fazê-lo. Acuña é capaz de não ter falhado um passe ao longo dos primeiros 45 minutos, enquanto Wendel e Battaglia foram mais do que suficientes para as encomendas no meio-campo que se queria subido.

Sporar, desesperado por se estrear a marcar, teve uma primeira perdida aos sete minutos, depois de belo lance de Jovane. Depois foi o jovem extremo a fazer brilhar o redes, antes de Battaglia e Vietto tentarem a sua sorte. Um golo anulado, e bem, a Jovane, remate de Bolasie, mais um de Vietto. Até que o camisola dez fez de pivot, abriu bem na subida de Ristovsky e o macedónio cruzou para o remate feliz e de primeira de Sporar.

Mesmo em cima do intervalo o Sporting aumentava com justiça o resultado e ganhava ganas extra para o segundo tempo, que abriu com novo golo: belíssima jogada a envolver, Sporar, Jovane, Bolasie e Vietto, com o argentino a marcar com classe na cara do redes. O Sporting relaxou, deu a bola ao adversário e apostou na gestão à espera de um contra ataque para fazer o 4-0.

Os turcos aproveitaram o espaço para respirar, foram lá uma vez com defesa de Max e acabaram por marcar na sequência de um penálti que só existiu para o árbitro e para o VAR e que, a par da bomba de Bolasie à barra, evitou que a eliminatória ficasse fechada em Alvalade.

Ainda deu para Pedro Mendes ter minutos e para Plata mostrar que está pronto para ter muitos mais do que vai tendo, num sunset pé descalço e sem rooftop, mas com sorrisos partilhados entre jogadores e equipa, na única prova onde ainda lhes é permitido sonhar.