Esta deveria ser a crónica de mais uma derrota do Sporting. A 15ª, que coloca os Leões a mais um desaire da pior época de sempre. Uma derrota frente ao Famalicão, onde o Sporting voltou a ser muito curto ofensivamente, onde falhou inacreditavelmente das duas situações de golo que criou e onde roçou o patético defensivamente, num verdadeiro pânico de cada vez que o adversário se lançava em contra ataque: em cinco desses lances, três deram golo, outro deu golo bem anulado e outro deu enorme defesa de Max. E quando o árbitro e o VAR ignoram dois penaltis a favor dos verde e brancos, está tudo dito.

Só que não, não está tudo dito. Porque face à cobardia de um presidente e de um director de qualquer merda que não se percebe, houve quem desse a cara e mostrasse uma ponta de respeito pelo Sporting e pelos seus adeptos.

Neto foi o primeiro e foi contundente. “Tremendas faltas de atenção…falta de tudo. Falámos muito durante a semana depois da Liga Europa, mas enquanto não passarmos aos atos, não corrermos mais, não metermos mais o pé, enquanto não respeitarmos as outras equipas que também têm qualidade, não é só ir para a frente, também é preciso defender, podemos fazer as mudanças que quisermos, de sistemas de tudo. Há coisas que não se podem negociar ou comprar.”
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“Neste momento está a faltar o que resta aos jogadores quando as coisas vão mal, que é coração. É um momento difícil, sofemos dois golos logo no início. A época vai longa, muitas coisas correram mal e neste momento não estamos a conseguir encontrar o gatilho para nos unirmos e sofrermos como equipa. O futebol não é só bonito quando se tem bola, o futebol também é correr. Temos de pedir desculpas às pessoas que nos acompanham e não nos deixam cair. De alguma maneira temos de sair disto.”
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“Não vou por nada que seja fora de futebol, o que podemos falar é dentro do balneário. As coisas não estão a funcionar. Estamos muito superficiais, muito à espera que as coisas apareçam. A camisola pesa, mas temos de fazer muito mais, é um cliché, mas temos de fazer muito mais.”

Depois, Silas, que por mim teria sido aplaudido de pé se perto dele estivesse e que fez o trabalho que os cobardes que dirigem o Sporting e que trataram com total falta de respeito aquele que ainda era treinador do clube, não fazem.

Enfrentou, falou e até apresentou o novo treinador. Sim, Silas fez o seu discurso de despedida e apresentou Rúben Amorim. Mostrou respeito pelo Clube e pelos adeptos. E merece totalmente o meu respeito.

“Temos de assumir as nossas responsabilidades e quero dizer-vos que este é o meu último jogo à frente do Sporting. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de aprender coisas que se calhar nunca iria aprender. É uma decisão mais do que pensada, que começou a ser pensada logo na Turquia e tomada na sexta-feira, sem volta atrás”, começou por dizer o treinador, que não deixou de mostrar, novamente, que é tão Sportinguista como os adeptos.

“Quero pedir desculpa aos sócios e adeptos do Sporting, porque o Sporting e a sua história exigem muito mais do que isto. A decisão foi tomada por várias razões que não vou enumerar. Foi um orgulho representar o Sporting. Acho que realmente numa ou outra situação poderíamos ter feito mais, acho que todos o podíamos ter feito. Esta decisão baseia-se no pensar no Sporting, pois o clube tem de pensar na próxima temporada, para não voltar a ter os dissabores que teve nesta. O mais natural é sairmos e o Sporting pensar noutro treinador, que comece já a trabalhar com os jogadores e a sua ideia. O soberano aqui é o melhor do Sporting”, atirou Silas, que depois de ser algo vago no tópico do próprio sucessor acabou por confirmar que será Rúben Amorim a assumir o comando técnico dos leões.

“Sobre o Rúben digo o que dizia quando ele estava no Casa Pia: será um grande treinador, tem muito pela frente e para aprender, como eu. Vai precisar de muita ajuda de todos, vem para um desafio enorme para gente de coragem. Mas vem para aqui um grande treinador, sem dúvida nenhuma. Não me lembro de pensar em ficar ou sair antes do jogo na Turquia, não acho que a Direção tenha feito algo de mal. Saio porque entendo que todos temos ideias e eu treino muito pelo prazer de treinar, se não estou bem um sítio entendo que tenho de mudar e se um clube entende que não está bem com um treinador, também muda. A minha relação com o presidente e com o Hugo [Viana] é muito honesta e leal, não nos andamos a enganar e muito menos a prejudicar o Sporting, pelo menos de forma consciente. Às vezes tomamos opções que prejudicam, mas ninguém quer perder. As coisas estavam muito piores quando chegámos do que aquilo que estão agora”, explicou o treinador.

Se as coisas estavam muito piores quando chegaste do que estão agora, nem quero imaginar o que encontraste. Boa sorte, Silas. E obrigado.