João Pedro Morais nasceu no dia 6 de Março de Março de 1935, perto do pelado do Sporting de Alcabideche, e aos 14 anos já jogava na equipa principal daquele pequeno clube, passando pouco depois para os juvenis do Estoril, onde confirmou o seu jeito para o futebol, chegando à primeira categoria dos “canarinhos”.
Em 1954 assinou um duplo contrato, primeiro com o Caldas seduzido por uns quantos contos de reis, e depois com o Benfica pressionado pelo Estoril, que já tinha acertado tudo com os encarnados para a sua transferência.
Foi então suspenso por um ano, mas viu a sua pena reduzida a metade por uma amnistia e ficou com o passe na mão, acabando por ir para o Torreense que na altura estava na 1ª Divisão, onde se destacou de tal forma que foi contratado pelo Sporting em 1958.
Sob o comando do uruguaio Enrique Fernandez estreou-se fazendo uma boa época como extremo esquerdo, a sua posição preferida, embora jogasse também do lado direito, mas nas duas temporadas seguintes jogou menos e teve as suas primeiras experiências em lugares mais recuados, mas não gostava e consta que uma vez inventou uma desculpa para não jogar na defesa e à conta disso acabou por ficar de fora de uma digressão do Clube.
Na temporada de 1961/62 sob o comando de Juca ganhou o lugar no lado esquerdo do ataque leonino e foi o jogador mais utilizado da época e um dos melhores marcadores da equipa que se sagrou Campeã Nacional nessa altura, era o seu primeiro título.
A época seguinte ainda foi melhor, marcou 24 golos contribuindo decisivamente para a conquista da Taça de Portugal de 1963, que permitiu ao Sporting estar presente na Taça das Taças da temporada seguinte, onde ele asseguraria um lugar na história do Sporting Clube de Portugal.
Apesar de continuar a ser regularmente titular, a época de 1963/64 não lhe estava a correr tão bem como as anteriores, pois atravessava uma fase de transição da sua posição original de extremo para lateral, de tal forma que nem era para jogar na Final da Taça das Taças.
Foi então que Hilário se lesionou gravemente num jogo do campeonato disputado na véspera da partida para a Bélgica e Morais que estava no camarote a assistir ao jogo, foi chamado à última da hora pelos altifalantes do Estádio José Alvalade, para substituir o seu infortunado companheiro.
Jogou a Final a defesa esquerdo com a missão de marcar o perigoso Sandor. O jogo terminou empatado, e devido à lesão do brasileiro Bé, Morais voltou a ser extremo esquerdo na Finalissíma. No entanto quando foi informado dessa decisão por Anselmo Fernandez, teimou em ser ele a marcar os cantos para tentar um golo directo com que tinha sonhado, e aos 19 minutos teve a sua oportunidade. Agarrou a bola dirigiu-lhe umas palavras amigas, deu-lhe um beijo e cumpriu o seu sonho, materializado no célebre Cantinho do Morais que Maria José Valério eternizou numa popular cantiga.
Na época de 1965/66 voltou a ser Campeão pelo Sporting, mas já como defesa direito, e foi nessa posição que chegou à Selecção Nacional que representou por dez vezes, com destaque para os três jogos realizados na fase final do Mundial de 1966, onde Portugal ficou em 3º lugar e Morais saiu com a fama de ter lesionado Pelé, num jogo em que o anulou completamente. No entanto mais tarde o próprio avançado brasileiro reconheceu que já tinha ido “tocado” para esse jogo.
Em 1966 foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria Atleta Profissional.
Em 1969 já com 34 anos abandonou o Sporting, jogando ainda um ano na África do Sul e duas épocas no Rio Ave, clube onde também foi treinador das equipas jovens. Radicou-se então em Vila do Conde, onde arranjou um emprego como funcionário da Câmara Municipal. Viria a falecer a 27 de Abril de 2010, vítima de doença prolongada, quando tinha 75 anos de idade.
6 Março, 2020 at 11:49
Parabéns, campeão.
R.I.P.
6 Março, 2020 at 12:27
«A terra estremeceu
e verde se tornou
o sonho aconteceu
um golo só bastou
Um golo do Morais
que não esquece mais.»
Porra que um gajo até fica com um nó na garganta…
Uma emoção tremenda e contraditória feita da glória passada, do orgulho eterno e do presente tenebroso…
Porra que arrepia e inspira pensar pertencer a um clube grande… tão grande como os maiores da europa!
6 Março, 2020 at 13:09
É o beber deste Sportinguismo antigo que ainda me dá esperança!
6 Março, 2020 at 13:10
+1
6 Março, 2020 at 19:22
+1
6 Março, 2020 at 13:23
Extraordinário! Que contraponto brutal com o que estamos a viver por estes dias!
6 Março, 2020 at 13:52
No Sporting atual era vendido antes de chegar à final.
Seria muito caro para a estrutura
6 Março, 2020 at 14:40
Não sem antes ser ofendido pelo fivelas em todos os jornais “ah e tal, o Morais é que pediu para sair e anda a causar danos dentro do balneário”.
6 Março, 2020 at 15:18
Levava “guia de marcha” como Nani e Montero. Todos aqueles que aludem ao amor ao Sporting, mesmo depois de saírem, foram excomungados da Igreja Universal do Reino de Bagangs. Já os ratos, foram promovidos a heróis e, alguns, nomeados capitães. É isto o Sporting actual…
SL
6 Março, 2020 at 14:38
Cantinho eterno na alma sportinguista!
Hoje em dia era escorraçado por tremoços para aumentar o salário do Fivelas.
6 Março, 2020 at 14:58
Grande Morais.
Belos tempos, em que ainda existia Sporting.
Descansa em paz Leão
6 Março, 2020 at 15:16
Um dos ídolos da minha infância/adolescência, com Osvaldo Silva, Géo, Carvalho, Figueiredo, Hilário, Alexandre Batista, José Carlos…
6 Março, 2020 at 20:19
O Morais, foi responsável por uma grande alegria que eu e muitos outros sportinguistas tivemos…
Vou transcrever aqui um pequeno capítulo, retirado do meu Livro de Memórias…
“… O Sporting vencedor da Taça das Taças
Ainda antes de contar alguma coisa do meu tempo de militar, vou contar uma situação que se passou em 1963. Nesse ano o Sporting ganhou a Final da Taça dos Vencedores das Taças. Eu sou sportinguista desde pequenino, foi herança do meu pai, herança que tentei deixar aos meus filhos e consegui e vou tentar estender o mesmo gosto aos netos, o que talvez possa ser mais difícil.
Nessa noite em A da Gorda, no Café do Petronilho também ele sportinguista, foi dia de festa rija para todos nós sportinguistas, e festejámos com vinho verde (só podia ser…) essa vitória.
Recordo que a meio da festa, parou um casal residente em Peniche, cuja senhora era também da nossa cor clubística – era verde e por isso festejou connosco, bebendo também alegremente.
…”
É sempre bom…lembrar “as coisas boas”…
Sporting Sempre…!!
SL
7 Março, 2020 at 1:43
fantastica memoria… obg Sr. Max!
7 Março, 2020 at 5:13
Eu tinha 6 anos, lembro – me vagamente de o meu pai que tinha um café em Campolide e mais alguns amigos estarem agarrados à /telefonia/, lembra-me do sofrimento que foi, das alegrias do golo e da vitória. É vago, mas sinto-o..
7 Março, 2020 at 22:47
O mais incrível é que a rtp não transmitiu a finalíssima…
Um suspense incrível a ouvir a rádio…
Há alguns anos estive naquela baliza, com o Figueiredo, o Carvalho, o José Carlos, o Pedro Gomes, o Mário Lino, o Hilário e os sobreviventes, entre os quais o guarda-redes, do MTK, numa bela iniciativa da direc{ão de BdC, infelizmente pouco concorrida. Uma grande emoção.