Talvez seja exagerado colocar Rabiu nesta categoria de posts. Ou talvez não. Quase podemos dizer que o nigeriano foi o nosso primeiro Ryan Gauld, eterna discussão entre quem acha que foi um erro não apostar nele e quem acha que se não se apostou foi porque o gajo era um flop.

Rabiu Ibrahim ganhou o Campeonato Mundial de Futebol de sub-17, em 2007, pela Selecção Nigeriana, vindo a ganhar o Campeonato Africano de sub-17 no mesmo ano. À europa chegava a fama de um puto que não chegava a 1,70, mas que deixava tudo e todos encantados com o perfume do seu futebol e a sua técnica apurada.

O sucessor de Jay Jay Okocha ou o “Príncipe do Futebol Africano” foram apenas alguns dos cognomes atribuídos a Rabiu, um desequilibrador nato, capaz de correr tanto como Dominguez, mas sabendo o que fazer à bola.

E foi com a concorrência de diversos clubes, nomeadamente ingleses, que este número dez que também podia jogar a partir da ala canhota deixou o Gateway para ingressar no Sporting. Diz-se que chegou a estar duas semanas à experiência na Academia, longe do conhecimento de tudo e de todos, não demorando a convencer os responsáveis leoninos que desembolsaram menos de 900 euros para segurar esta pérola africana. Parece pouco, mas Rabiu Ibrahim tornou-se na quarta mais cara contratação da época e a mais cara de todos os tempos para um jogador ainda em idade juvenil!

O seu certificado internacional demorou semanas e semanas e semanas a chegar à Federação Portuguesa de Futebol, mas nem isso entristecia o pequeno craque, que, em declarações ao jornal Sporting, atirava “O Sporting é o melhor clube da Europa para jovens. No Mundial de sub-17 quis jogar bem para os dirigentes não desistirem de mim. Quando surgiu o interesse do Arsenal, disse logo: ou vou para o Sporting ou fico na Nigéria! Estou num excelente programa de desenvolvimento de jovens. Sou fã de Zidane mas é grande orgulho chamarem-me o novo Okocha. Necessito de um colega que defenda mais por mim porque sou um número 10 e gosto de criar. Ponto fracos? Sem dúvida, o remate. Não consigo chutar bem a bola fora da área e, por isso, prefiro desmarcar os companheiros”

Nem uma coisa, nem outra. Rabiu nunca chegou a ter oportunidade de mostrar-se na equipa principal, ficando-se pela conquista de dois campeonatos de juniores antes de ser emprestado ao Real Massamá, da 2ª Divisão, ao mesmo tempo que jogava pelo Sporting na Liga Intercalar. o resultado? O contrato chegou ao fim e, com o passe na mão, Rabiu assinou pelo PSV Eindhoven. Também não foi na Holanda que o nigeriano brilhou, muito menos na Escócia, onde as passagens por Celtic e por Kilmarnock para pouco mais deram do que para experimentar um kilt.

Foi no frio aconchego da Eslováquia que Rabiu conseguiu brilhar. Ao serviço do Trencin, o médio fantasista conseguiu duas épocas em bom plano, antes de voltar a aquecer o banco e decidir rumar à Bélgica. Não, o Gent também não foi uma boa aposta e, farto de chocolate, o nosso pequeno diamante regressou à Eslováquia, agora para vestir a camisola do Slovan Bratislava.

Não sabemos se, ao fim de todos estes anos, Rabiu já sabe chutar de fora da área. Também não sabemos se merece integrar este “dos mancos também reza a história”, mas foi a melhor forma que encontrámos para lhe desejar os parabéns pelo seu 29º aniversário.

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