15 de Março de 2012. O Sporting deslocava-se ao Etihad, em Machester, para defrontar o poderosíssimo City na segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa, levando na bagagem o surpreendente 1-0 da primeira mão, por obra e graça do calcanhar de Xandão.

À sua espera, a armada treinada por Roberto Mancini onde cabiam nomes como Kun Agüero, Mario Balotelli, David Silva, Yaya Touré, Džeko, Nasri, entre vários outros nomes sonantes que na ronda anterior tinham despachado o futebol clube do Porto com uma vitória por 2-1 no dragão e um esclarecedor 4-0 em inglaterra. Ora, frente a um Sporting que dividia o quatro lugar da Liga portuguesa com o Marítimo, os ingleses mantinham toda a confiança apesar da derrota em Lisboa.

Sá Pinto, que havia deixado os juniores para substituir Domingos à frente da equipa principal, não se encolheu na defesa da magra vantagem e apresentou-se com uma equipa subida. Rui Patrício na baliza, uma defesa com Bruno Pereirinha, Anderson Polga, Xandão e Insúa; Daniel Carriço a varrer entre a defesa e o meio-campo, Stijn Schaars e Matías Fernández à sua frente, no miolo, Marat Izmailov e Diego Capel a voarem pelas alas de olhos postos em Ricky van Wolfswinkel.

Quando, aos 33 minutos, Matigol atirou um livre directo para o fundo da baliza de Joe Hart, o mundo do futebol levantou o sobrolho. E quando, sete minutos volvidos, o lobo mandou uma segunda dentada após cruzamento de Izmailov, a surpresa ganhou contornos de escândalo.

No recomeço tudo parecia bem encaminhado, até que Kun Agüero reduziu para 1-2. Faltava meia hora, Maldini tinha metido o Dzeko, Sá Pinto trocava Matías Fernandez e Capel por Renato Neto e Jeffren e a partir daí o sonho ficou em risco. O Sporting deixou de ter bola e foi enfiado lá atrás, tentando defender-se como podia. Agüero deixou-se cair, o árbitro marcou penalty e Balotelli empatou.

Faltavam 15 minutos e pouco tardou a que surgisse o 3-2, na sequência de um canto, novamente por Aguero. Com Carrillo no lugar de Wolfswinkel, em mais uma substituição que não resultou pois o Sporting era incapaz de fazer transições, avançámos para dez minutos de autêntico sofrimento, onde apenas tentávamos evitar o KO e Pereirinha já jogava com o ombro deslocado.

No último suspiro, para lá dos 90, falta contra o Sporting. O cruzamento sai largo e encontra sozinho Joe Hart, que havia subido no tudo ou nada e que atira de cabeça com a direcção certa. O relógio pára, a respiração pára e ficaram ali alguns anos de vida dos adeptos leoninos. Quase por instinto, Rui Patrício desvia com a ponta da luva e a bola passa tão perto do poste que quase nos fez pensar que, caraças, não podia ser o Sporting a estar ali e a sorrir contra todas as probabilidades.

Mas sorriu, muito, de orelha a orelha mesmo que fosse na cabeça de um tal Ribeiro Cristóvão que tinha afirmado que, se calhar, o melhor era o Sporting nem disputar a eliminatória para evitar uma humilhação.

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