Os tempos que vivemos são muito dados a reflecções. E esquecendo as pequenas quizilas do dia a dia, olhar para as coisas de forma mais ampla.

Que Sporting é que eu quero? Que mentalidade é que eu quero no Sporting? Eu quero um Sporting orgulhoso de si próprio, um Sporting de proximidade aos seus adeptos, um Sporting eclético e um Sporting para todos mas que nunca se deixa rebaixar ou baixar o nível. “Ohh….está bem…isso todos queremos!” já estou a ler nas vossas cabeças. Mas como?!

Um Sporting orgulhoso de si próprio é um Sporting que não se esconde de uma luta. Um Sporting que apela a que todos os Sportinguistas se juntem para uma luta, que venerem os seus ídolos e que venerem a sua história.

Podridão do futebol tuga (quer arbitragem quer organização), títulos conquistados e empresários. E em que é que isto se materializa?! Materializa em propostas para alterações profundas no futebol português. Um programa bem estruturado mas simples de propostas de alterações. Alterações como avaliação dos árbitros, como sorteio de árbitros, como transparência nas decisões do VAR, maior transparência e controlo das contas dos clubes, auditoria ás contas dos clubes trimestrais, especialmente a contratos e tesouraria para garantir que não há irregularidades como salários em atraso ou contratos fictícios e TPO’s camuflados, de calendarização e de reforma das penalizações que existem quer no campo quer fora dele. Mais do que fazer muito barulho e ser muito sensacionalista, é ser constante e ponderado na apresentação das mesmas. Chamar os adeptos a essa discussão e a essa luta. Chamar adeptos do Sporting nos vários fóruns que existem a esta discussão, participar e depois recolher o que de melhor se apresenta e chamá-los a essa apresentação.

Venerar ídolos. Campanhas constantes de relembrar velhas e novas glórias. Campanhas que chamem os adeptos, que se espalhem pelo país, que incluam redes sociais, núcleos, blogues e estádios. Relembrar jogos antigos da modalidade dos ídolos, fazer diversas homenagens por diversos pontos. Não é preciso fazer 1 por semana. É ir fazendo e estar sempre a preparar a próxima quando uma é lançada.

Um Sporting que não se resigne com derrotas, que nunca vire a cara a uma derrota e que assuma claramente o falhanço que representa toda e qualquer derrota. Um Sporting que compreenda que todos os jogos são para ganhar e que não ganhar é sempre contranatura. Não é preciso fazer um grande banzé e muito menos andar a distribuir culpas. É todos, enquanto clube, assumir. Todos darem a cara. E começa nos jogos de pré-época. “Ganhar ou perder é desporto” e “isto é assim” são palavras que não deviam nunca entrar no léxico do Sporting. E pegando numa equipa muito jovem e nova, eles estão no ponto para serem trabalhados para isso. Não é preciso andar a berrar para isso. É preciso mostrar a desilusão, é preciso puxar os jogadores que sentem isto para a frente e serem eles os lideres do grupo, é preciso ter um treinador que pense assim e que o mostre.

Proximidade com adeptos. Bom isto é transversal. Já o disse nos pontos anteriores. Mas vamos mais longe. A proximidade com adeptos significa tirar o futebol da sua “bolha” e aproximar a equipa principal aos adeptos. Por via de núcleos, por via de iniciativas pontuais de convívio entre plantel e adeptos, por via de campanhas que incluam convívio, é por redes sociais usando as dos jogadores mesmo, quer divulgando diversas iniciativas de conversas dos jogadores com os adeptos. Mais do que os não convocados aparecerem nas diversas bancadas nos jogos, é os lesionados irem aos núcleos, é o Sporting ajudar a organizar festas pelos diversos núcleos do Sporting com diversas personalidades e que seja uma festa da “região” e não apenas do núcleo e que não inclua apenas um jantar com 1 ou 2 personalidades e tal que servem mais para cimentar o dirigente na região do que o Sporting. É também o Sporting apostar nos “nossos meninos”, ter uma equipa que os adeptos queiram acarinhar e queiram apoiar apesar de tropeções, é ter uma equipa que no final do jogo faça SEMPRE uma volta olímpica a agradecer aos adeptos e que tenham esta mentalidade de saberem baixar a cabeça nas derrotas, que tenham dentro deles enraizado que acima de tudo não querem perder para não passar por aquilo.

Sporting eclético e para todos é simples. É divulgar e dar “palco” a todos os desportos (incluindo para-olímpicos) e quer a homens, quer a mulheres e nas mais diversas plataformas e direcionadas para todas as idades. O mesmo. E constante.

É nunca….mas NUNCA…atirar para dentro em publico. Por mais vontade que tenham…nunca denegrir o Sporting de que forma for. Seja por criticas a anteriores direções, seja em lutas contra “croquetes”, seja a tentar expor quem se quer meter no Sporting….NUNCA atirar para dentro. Para dentro só amor. Lutas é para fora.

Tudo o que eu disse dá trabalho. Mas na verdade, em dinheiro praticamente não custa nada. Acima de tudo custa ter de mudar mentalidades no futebol e custa um departamento de comunicação maior que permita que a comunicação seja mais continua, especialmente ter uma comunicação da mesma dimensão para futebol e modalidades, em ambos os sexos. É poupar na comunicação de trauliteiro e apostar na comunicação de proximidade aos adeptos.

Enquanto o Sporting for um clube fechado sobre si mesmo, que mantem uma “distancia de segurança” para os adeptos, que snobmente acha que os que representam o clube estão lá em cima e os adeptos cá em baixo, que a procurar proximidade é com dirigentes e presidentes e não com o clube como um todo….não vamos a lado nenhum. Colando isto a ter uma equipa muito reformulada e com muitos putos que podem ser “moldados” para isso. E na academia é começar cedo a criar esta mentalidade. Isto já se faz muito nas modalidades. Não é nada complicado. É ter o clube como um todo a pensar e a agir dentro destes objetivos. Eu sei que hoje em dia no futebol se acha que é preciso ter os meninos numa bolha….mas eu não concordo.

Isto para além de tudo o resto. Uma reestruturação profunda da SAD e o objetivo de resolver definitivamente o problema financeiro do Sporting. Uma reestruturação profunda do plantel e uma aposta a sério na academia. Não falar de Scouting porque a aposta é academia e não há dinheiro para tudo. Os jovens de valor para apostar são os nossos. O objetivo seria deixar de depender do crédito para viver todos os meses mas sim ter necessidades de fundo de maneio negativas no inicio do ano e vivermos com o que temos. Reduzir o passivo para metade e reestruturar essa divida que reste num só empréstimo de longo prazo. Meter nos estatutos obrigatoriedade de ter um resultado positivo no mandato (incluindo mandatos que terminem antes do tempo), proibir um passivo superior a 50% do ativo sem ser por aprovação dos sócios, etc…uma total reestruturação da SAD.

Isto são ideias…são a ponta do iceberg que depois obrigaria a trabalhar a sério num programa para aprofundar estas questões, rodear de pessoas que pensam o Sporting desta maneira e que querem uma transformação profunda no Sporting para conseguir ter, no dia 1 de uma campanha, tudo completamente estruturado e ter linhas orientadoras muito profundas para um mandato. Claro tudo muda quando se entra e a realidade faz com que o plano seja sempre um esboço mas é uma linha orientadora para todas as decisões que têm de ser tomadas.

Quem me conseguir apresentar algo que vá ao encontro de tudo isto que eu disse e que seja bem estruturado, seja qual for o seu nome….se me fizer acreditar que ele acredita profundamente nisto…terá o meu voto. Um Sporting feito de, por e para Sportinguistas e que sabe o quer, como quer e para onde vai.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Tiago Coração de Leão
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